O mel de Manuka, proveniente da Nova Zelândia, é um dos produtos naturais mais caros do mundo, com preços que podem atingir os 80 euros por 250 gramas, avança o Handelsblatt, o jornal económico de maior destaque na Alemanha. A popularidade global deste mel e os alegados benefícios para a saúde ajudam a justificar este preço elevado.
Produzido por abelhas que recolhem néctar exclusivamente da planta de Manuka, nativa da Nova Zelândia, este mel destaca-se por propriedades únicas. Estudos científicos atribuíram-lhe capacidades antibacterianas, graças à presença de metilglioxal (MGO), um composto químico natural. Este fator tem sido associado ao alívio de doenças respiratórias, cicatrização de feridas e reforço do bem-estar geral, especialmente durante os meses de inverno, quando gripes e constipações são mais comuns.
O mercado global de mel de Manuka reflete esta procura. Estima-se que em 2022 o setor tenha movimentado 381 milhões de dólares e que até 2030 atinja 528 milhões de dólares. A combinação de escassez, elevada procura e perceção de benefícios medicinais faz com que o preço seja cerca de dez vezes superior ao de outros tipos de mel disponíveis no mercado.
Contudo, o elevado custo também levanta questões. Especialistas debatem se os benefícios do mel de Manuka são superiores aos de outros méis com propriedades semelhantes. Além disso, a popularidade global tem levado a um aumento de produtos falsificados, obrigando os produtores a implementar medidas rigorosas de certificação para garantir a autenticidade do mel.
O modelo de negócios do mel de Manuka baseia-se numa mistura de marketing eficaz e procura genuína por produtos naturais que promovam a saúde. A Nova Zelândia protege este recurso, garantindo que apenas o mel produzido localmente, de acordo com padrões rigorosos, pode ser rotulado como “Manuka”.
A situação do mel no Algarve
No Algarve, a produção de mel é uma atividade tradicional com grande relevância económica e cultural. As abelhas da região produzem méis de alta qualidade, incluindo o mel de flor de laranjeira e o mel de rosmaninho, dois dos mais procurados pela sua pureza e sabor característico.
Contudo, os apicultores enfrentam desafios crescentes devido às alterações climáticas e à escassez de flores disponíveis para polinização, especialmente nos meses mais secos. Estas condições têm impacto direto na produção e qualidade do mel algarvio, forçando muitos produtores a adaptarem as suas práticas para manterem a sustentabilidade da apicultura.
A certificação e a valorização do mel algarvio têm sido estratégias adotadas por cooperativas e associações locais para garantir que os méis da região sejam reconhecidos no mercado nacional e internacional. O selo de Denominação de Origem Protegida (DOP) para alguns méis da região tem sido um fator crucial para conquistar consumidores que procuram produtos genuínos e de alta qualidade.
Além disso, o Algarve tem apostado em eventos e feiras para promover a apicultura local, como a Feira do Mel e da Apicultura, realizada anualmente em diversas localidades. Estes eventos não só destacam a importância do setor, como também educam o público sobre os benefícios do consumo de mel natural e os desafios enfrentados pelos apicultores.
Apesar da concorrência de produtos internacionais como o mel de Manuka, o mel do Algarve continua a ser um símbolo da tradição e da riqueza natural da região. A aposta na sustentabilidade e na qualidade pode ajudar os apicultores algarvios a destacarem-se num mercado cada vez mais competitivo.
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