A Associação de Discotecas Nacional (ADN) “tem vindo a alertar o poder central e o poder local (Câmara Municipal de Lisboa) para a ausência de estratégia de segurança” com vista a um “policiamento da zona” de diversão noturna, afirmou este sábado, o presidente desta associação, José Gouveia.
Em declarações à Lusa, o empresário referiu que as agressões violentas ocorreram cerca das 6h30, numa altura em que as discotecas encerram e existe maior fluxo de pessoas sob o efeito do álcool na via pública, neste caso na 24 de Julho, em Lisboa.
Embora os agredidos tenham sido polícias, José Gouveia notou que não estavam fardados e que possivelmente os agressores não se aperceberam disso, insistindo que é necessário a noite de Lisboa ter um policiamento com polícias fardados, armados e em serviço, por forma a dissuadir eventuais atos de agressão à saída das discotecas.
Não havendo policiamento nestes locais de diversão noturna, o presidente da ADN entende que essa situação permite a ocorrência com maior frequência de atos violentos como os que ocorreram hoje diante da discoteca MOME.
José Gouveia lamentou que persista a ausência de policiamento em locais nevrálgicos da noite, nomeadamente de discotecas entre o Cais do Sodré e as Docas de Santo Amaro, mas que depois existam efetivos da polícia para fazer operações [de trânsito] auto-stop a um ou dois quilómetros dos locais onde a violência ocorre.
O presidente da ADN afirmou que já seria positivo que a polícia colocasse um carro patrulha a circular entre o Cais do Sodré e as Docas de Santo Amaro para dissuadir e acudir a eventuais situações de violência, reconhecendo contudo que progressivamente se nota um crescente “desrespeito pela autoridade policial”, observando que há que contrariar esta “cultura” portuguesa de não respeitar os polícias.
Quanto às agressões verificadas na madrugada de hoje, José Gouveia classificou-as como “gratuitas” e de uma “violência extrema”, fazendo votos para que o estado de saúde do polícia que está em coma possa ter uma evolução positiva, que lhe permita recuperar.
O presidente da ADN disse à Lusa que a Proteção de Dados só permite que as câmaras de videovigilância das discotecas filmem um metro quadrado junto à porta, apanhando unicamente quem entra e quem sai da discoteca.
Adiantou contudo à Lusa que possui a informação de que “toda a agressão aos polícias”, num perímetro mais alargado, foi filmada, pelo que a Polícia Judiciária (PJ) já deverá estar na posse de uma cópia das imagens de videovigilância, para identificação dos agressores.
Ressalvou desconhecer porém quais os trâmites processuais ou judiciários necessários para que a PJ tenha acesso a essas imagens vitais para deslindar o caso.
José Gouveia aludiu ainda ao facto de os jogos de futebol, por comportarem risco de haver cenas de agressão, terem obrigatoriamente que ter polícia presente, mas no caso das discotecas e nos locais de diversão noturna isso não acontecer, com graves consequências como aquela que hoje sucedeu.
O presidente do ADN referiu que no último ano já houve duas mortes na noite em circunstâncias semelhantes, uma delas no norte do país, dizendo que tal número é “excessivo” e exige uma resposta para uma “situação que é tão fácil de resolver” através de um policiamento adequado dos locais noturnos.