O fim do crescimento ininterrupto do número de assinantes do Netflix está a provocar uma fuga massiva dos investidores das ações da plataforma de streaming. Tudo depois de ter perdido 35% do seu valor de mercado na quarta-feira após reportar uma queda de 200 mil assinantes no primeiro trimestre deste ano, a primeira dos últimos 10 anos, e antecipar perdas que poderão alcançar os 2 milhões de subscritores.
A principal razão deste recuo é o aumento dos preços da assinatura mensal num modelo que não depende da publicidade para tirar rendimentos.
Perante isto, os acionistas estão a limitar perdas. E quando investidores de peso o fazem, as perspetivas futuras parecem ainda mais negras. Segundo o “Financial Times” desta quinta-feira, 21 de abril, o milionário norte-americano Bill Ackman vendeu com perdas de perto de 430 milhões de dólares (cerca de 397 milhões de euros ao câmbio atual) a participação que tinha comprado em janeiro, avaliada então em 1,1 mil milhões de dólares (mil milhões de euros).
A entidade gestora de ativos Pershing Square, detida pelo milionário, comprou 3,2 milhões de ações por cerca de 360 dólares (332 euros) cada, tornando-se assim num dos 20 maiores acionistas da plataforma de streaming. Na quarta-feira, as ações da Netflix encerraram nos 226,19 dólares (209 euros).
O “Financial Times” cita uma carta aos investidores de Ackman, alegando que a Pershing Square “perdeu a confiança de prever as perspetivas futuras da empresa com suficiente grau de certeza”, um investimento falhado que terá um impacto negativo de 4 pontos percentuais na rendibilidade de 2022 do veículo. Mas ressalva que “com base no historial da equipa de gestão, não ficaríamos surpreendidos se a Netflix continuasse a ser uma empresa altamente bem-sucedida e um investimento excelente face ao seu atual valor de mercado.”
A Netflix encontra-se a lidar com saturações de alguns mercados, já no limite de crescimento, e com a inadequação do seu modelo de negócio, com base em assinaturas mensais e sem publicidade, numa altura de grande concorrência de outras plataformas com estruturas de custos mais ligeiras.
A Netflix, para combater esta tendência, e depois do aumento dos preços, pretende enveredar pela aposta nas receitas publicitárias e no combate à partilha de contas.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL