O preenchimento da declaração de IRS pode ser um verdadeiro desafio para muitos contribuintes, sobretudo para quem opta pela entrega do Modelo 3. Pequenos erros podem traduzir-se em atrasos no reembolso do IRS, coimas aplicadas pela Autoridade Tributária (AT) ou até em pagamentos desnecessários ao Estado.
Neste artigo, conheça os erros mais frequentes no IRS de acordo com o portal Doutor Finanças e saiba como evitá-los para não perder dinheiro.
1. Não confirmar os dados do agregado familiar
A cada ano, os contribuintes devem validar ou atualizar os dados do seu agregado familiar no Portal das Finanças. Se não o fizeram até à data limite (em 2025, até 17 de fevereiro), o IRS Automático será preenchido com dados desatualizados.
Se houve nascimento de um filho ou alteração no estado civil, por exemplo, pode perder deduções ou cair num escalão menos vantajoso. Neste caso, opte pela entrega do Modelo 3 e preencha os dados manualmente, com atenção redobrada.
2. Escolher o regime de tributação menos vantajoso
Casados ou unidos de facto podem optar entre tributação conjunta ou separada. A escolha não é automática e pode impactar significativamente o valor do imposto.
Antes de submeter, simule ambos os regimes no Portal das Finanças e escolha o que permite maior reembolso ou menor pagamento.
3. Declarar incorretamente os rendimentos
Erros são frequentes na declaração de rendimentos de trabalho independente, rendimentos prediais ou valores obtidos no estrangeiro.
Verifique se os anexos certos estão preenchidos corretamente: Anexo B ou C para recibos verdes, Anexo F para rendas, e Anexo J para rendimentos do estrangeiro.
4. Perder deduções por falhas no e-fatura
Ao entregar o IRS Automático sem validar previamente as despesas no e-fatura, corre o risco de perder deduções.
Caso tenha falhado esta validação, deve optar pela entrega do Modelo 3 e preencher o Anexo H com as despesas manuais — desde que tenha as faturas comprovativas.
5. Erros na guarda partilhada de dependentes
No caso de guarda partilhada, muitos progenitores cometem erros ao declarar 100% das despesas ou ao indicar ambos o dependente como residente fiscal.
Este tipo de erro pode gerar divergências, atrasos ou penalizações. Verifique a percentagem acordada no acordo parental e siga as regras da AT.
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6. Ignorar benefícios fiscais
Muitos esquecem-se de declarar donativos, regimes como o IRS Jovem ou deduções com PPR. Se reside no interior, pode ainda ter isenção parcial de IRS.
Consulte o Estatuto dos Benefícios Fiscais e confirme se está a aproveitar todas as vantagens a que tem direito.
7. Declarar mal as despesas de habitação
A dedução de encargos com rendas ou juros de crédito habitação pode ser feita, mas exige atenção. Erros nos valores, omissão de contratos antigos ou inserção em campos errados continuam a ser comuns. Verifique as regras para rendas, juros, reabilitação urbana e reforce a precisão.
8. Omissão das mais-valias
Quem vendeu imóveis ou ações deve declarar corretamente as mais-valias no Anexo G. É comum esquecer-se de incluir as despesas associadas à compra e venda ou errar na data de aquisição, o que pode levar a impostos superiores ao devido.
9. Entregar o IRS no último dia
Deixar a entrega do IRS para o último dia aumenta a probabilidade de erros e impede a correção atempada de dados. Além disso, o sistema da AT pode ficar congestionado. Evite a pressa e planeie com antecedência.
10. Submeter sem rever nem simular
Confiar no pré-preenchimento pode ser um erro. Verifique se as faturas foram corretamente associadas ao seu NIF e faça várias simulações antes de entregar.
O uso da ferramenta de simulação do Portal das Finanças pode fazer a diferença entre pagar mais ou receber menos.
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