A greve dos trabalhadores da empresa de assistência em terra Portway não está a afetar a operação nos aeroportos de Faro e da Madeira, mas o sindicato do setor refere que tal decorre da requisição de serviços mínimos e subcontratação de funcionários.
“É muito cedo, ainda não tenho dados sobre a adesão à greve”, disse à agência Lusa Sérvio Araújo, dirigente regional do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC), que convocou a paralisação nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Funchal, com início às 00:00 de hoje e fim às 24:00 de domingo.
O sindicalista referiu que os serviços mínimos estão garantidos e disse ter indicações de que a empresa está a recorrer a trabalhadores subcontratados, remetendo para “mais tarde” a apresentação de números concretos sobre a adesão à greve.
Até às 11:00 não tinha sido cancelado qualquer voo com destino ou origem no aeroporto de Faro, estando a operação a decorrer com normalidade e sem atrasos significativos, tanto nos voos de partida, como de chegada.
Na zona das partidas eram visíveis algumas filas de passageiros para fazer o ‘check-in’, mas o ambiente no aeroporto de Faro era o habitual numa sexta-feira do mês de agosto, quando o turismo atinge o seu pico na região.
De acordo com informação disponibilizada no ‘site’ da ANA – Aeroportos de Portugal, entre as 07:00 e as 11:00 tinha partido do aeroporto de Faro um total de 26 voos e chegado um total de 31 voos, na sua maioria com destino ou origem no Reino Unido.
Dos cerca de 120 trabalhadores do quadro da Portway na Madeira, metade são associados do SINTAC, conforme indicou Sérgio Araújo, adiantando que a empresa dispõe também de cerca de 130 funcionários subcontratados.
De acordo com a informação disponível no ‘site’ da ANA – Aeroportos de Portugal, todos os voos programados para o Aeroporto Internacional da Madeira até às 10:00 – oito chegadas e cinco partidas – foram efetuados.
Greve cancela 83 voos em Lisboa e no Porto
O pré-aviso de greve prevê a paralisação geral dos trabalhadores da empresa de assistência em terra e levou ao cancelamento de 83 voos nos aeroportos de Lisboa e Porto, segundo contas da Lusa a partir da informação do site da ANA – Aeroportos de Portugal.
De acordo com os dados consultados pela Lusa, foram canceladas 30 partidas e 23 chegadas em Lisboa e 15 partidas e 15 chegadas no Porto.
A maioria dos voos cancelados são da EasyJet, que na quinta-feira avisou que decidiu cancelar previamente alguns voos em Lisboa e Porto devido à greve, informando os seus passageiros.
A paralisação, marcada para esta sexta-feira, sábado e domingo, contesta “a política de RH [recursos humanos] assumida ao longo dos últimos anos pela Portway, empresa detida pelo grupo Vinci, de confronto e desvalorização dos trabalhadores por via de consecutivos incumprimentos do Acordo de Empresa, confrontação disciplinar, ausência de atualizações salariais, deturpação das avaliações de desempenho que evitam as progressões salariais e má-fé nas negociações”, indicou o sindicato.
A ANA gestora dos aeroportos nacionais, detida pela Vinci, e a empresa de assistência em terra, do mesmo grupo, publicaram uma lista de “companhias aéreas cujos voos poderão ser afetados pela greve convocada por um sindicato” na empresa de assistência em terra.
Dessa lista fazem parte a Aegean, Air Canada, Air Transat, American Airlines, Blue Air, Brussels, Cabo Verde Airlines, Easyjet, Euroatlantic, European Air Transport, Eurowings, Finnair, Flyone, Latam, Luxair, Swiftair, Transavia, Transavia France, Tunisair, Turkish Airlines, Volotea e Wizzair – companhias que recorrem aos serviços da Portway, sendo que existe outra empresa de ‘handling’ em Portugal, a Groundforce.
Portway aconselha viajantes a confirmarem os respetivos voos
A Portway lamentou, também em comunicado, na quinta-feira, “os incómodos que esta situação venha a causar aos passageiros”.
Tendo em conta o impacto que a greve pode ter nas operações aeroportuárias, a empresa aconselha ainda os viajantes a confirmarem os respetivos voos junto das companhias aéreas, antes de se dirigirem para os aeroportos.
“A Portway considera que a convocatória desta greve é um ato irresponsável, pois os motivos para a convocar não correspondem à realidade, compromete a recuperação do setor e da economia nacional num período de intensa atividade da aviação e do turismo e afeta, seguramente, a capacidade de a empresa traduzir a tão esperada recuperação financeira em melhores condições para os trabalhadores”, considerou a empresa.
Sobre os motivos apresentados pelo sindicato para convocar a greve, a empresa sublinhou que “cumpre com toda a legislação e regulamentação aplicáveis, incluindo os Acordos de Empresa em vigor e os direitos laborais dos seus trabalhadores, que incluem o direito à greve e o direito a trabalhar em plena liberdade e consciência”, e lembrou que “foram feitas atualizações remuneratórias desde o exercício de 2019 até à presente data que representam um aumento de 11% nas remunerações dos trabalhadores”.