O Governo português vai propor um aumento do salário mínimo nacional a partir do próximo ano, num crescimento de cerca de 4,9%. Esta proposta será apresentada na reunião de Concertação Social, marcada para quarta-feira, dia 11 de setembro, e tem como objetivo continuar o esforço de valorização dos rendimentos, uma das prioridades da atual legislatura.
O jornal ECO avançou a notícia, indicando que o aumento supera ligeiramente a previsão de crescimento nominal da economia, que o Governo estima em torno dos 4,5%. Este incremento, que se traduz em mais 40 euros mensais para os trabalhadores remunerados pelo mínimo (de 820 euros para 860 euros) representa uma medida que ultrapassa as metas estabelecidas no acordo de rendimentos celebrado em 2022 entre o Governo de António Costa, as confederações patronais e a UGT.
Acordo de rendimentos e metas para 2025
Em 2022, o Governo comprometeu-se com as confederações patronais e com a UGT a aumentar o salário mínimo nacional para 855 euros até 2025. A proposta atual de 860 euros já excede essa meta, refletindo uma maior ambição face às circunstâncias económicas do país.
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, que presidirá a reunião de quarta-feira, estará acompanhada pelo Ministro de Estado e das Finanças, numa sessão que será crucial para discutir não apenas o aumento do salário mínimo, mas também a política de rendimentos para os próximos anos, em diálogo com os parceiros sociais. As confederações patronais e as centrais sindicais deverão apresentar as suas posições face à proposta governamental.
Salário mínimo nacional e as metas de longo prazo
Atualmente, o salário mínimo nacional situa-se nos 820 euros brutos mensais, e o objetivo do Governo é que este valor alcance os 1.000 euros até 2028, tal como foi apresentado no programa governamental em abril deste ano. Paralelamente, o executivo propôs uma subida do salário médio para 1.750 euros até 2030, numa tentativa de reduzir a desigualdade salarial e aumentar o poder de compra das famílias.
Esta medida insere-se numa estratégia mais ampla de valorização do trabalho e de promoção da coesão social, alinhada com a recuperação económica que o país tem vindo a registar, apesar dos desafios globais, como a inflação e o aumento dos custos energéticos.
Desafios para as empresas e a resposta dos parceiros sociais
O aumento do salário mínimo poderá, no entanto, ser alvo de contestação por parte das confederações patronais, que têm manifestado preocupações sobre o impacto desta medida nos custos das empresas, particularmente para as pequenas e médias empresas (PME). A capacidade de absorção destes aumentos poderá ser tema de debate, já que os patrões alertam para a necessidade de haver compensações e apoios para que este aumento não prejudique a competitividade das empresas.
Por outro lado, as centrais sindicais, como a CGTP e a UGT, têm vindo a pressionar para que o salário mínimo nacional aumente de forma significativa, sublinhando que o atual nível de rendimentos mínimos é insuficiente para fazer face ao custo de vida, que tem vindo a aumentar, nomeadamente com o agravamento dos preços da habitação e da energia.
Expectativas para a reunião de Concertação Social
A reunião de Concertação Social, que será presidida pela ministra Ana Mendes Godinho, será crucial para o desfecho destas negociações, uma vez que os parceiros sociais terão a oportunidade de apresentar as suas exigências e preocupações relativamente ao impacto económico e social desta proposta. O aumento do salário mínimo será um dos temas centrais da agenda, mas a reunião deverá igualmente abordar outras medidas de apoio ao rendimento e de promoção da qualidade do emprego.
Este aumento de 4,9% vem reforçar o compromisso do Governo em garantir uma maior justiça social e melhorar as condições de vida dos trabalhadores mais vulneráveis, sem descurar o diálogo com os parceiros sociais e a sustentabilidade das empresas. A proposta do executivo será certamente alvo de debate intenso, num contexto em que o país tenta equilibrar crescimento económico e coesão social.
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