O Governo aprovou, recentemente, em Conselho de Ministros, um conjunto de medidas que promete trazer alívio para os utilizadores de serviços bancários. A decisão incide sobre as comissões cobradas nas transferências imediatas, um tipo de transação cada vez mais popular entre os portugueses, sobretudo através de plataformas como o MB Way e as apps dos bancos. A medida surge em linha com as recomendações do Banco de Portugal e da DECO, que, em agosto, alertaram para a escalada de preços nas comissões associadas a este serviço.
Com esta alteração, os bancos ficam proibidos de cobrar comissões mais elevadas nas transferências imediatas do que nas transferências normais. António Leitão Amaro, ministro da Presidência, sublinhou que o principal objetivo desta medida é “proteger os clientes bancários e consumidores”. Assim, os utilizadores podem continuar a beneficiar da rapidez das transferências sem serem penalizados por custos adicionais desproporcionados.
Transferências gratuitas mantêm-se até 30 euros
Uma das grandes preocupações da DECO era a possibilidade de as transferências imediatas gratuitas, atualmente até 30 euros, passarem a ser taxadas. No entanto, o Governo decidiu manter a isenção de comissões para montantes até 30 euros, com um limite mensal de 150 euros ou 25 operações. Desta forma, os utilizadores podem continuar a realizar um número razoável de transações sem incorrer em qualquer custo.
Para valores acima deste limite, o Governo determinou que as comissões serão aplicadas de forma progressiva. As transferências imediatas superiores a 30 euros passarão a ter uma comissão entre 0,2% e 0,3% do valor, consoante se trate de um cartão de débito ou de crédito. Esta medida visa encontrar um equilíbrio entre a rapidez do serviço e o custo associado, sem onerar excessivamente os consumidores.
Um passo em direção à equidade nas comissões
O problema das comissões bancárias tem vindo a ganhar destaque nos últimos anos, com a crescente digitalização dos serviços financeiros e a consequente adoção de soluções como as transferências imediatas. Apesar da conveniência oferecida por estas ferramentas, o aumento das comissões tem gerado contestação entre os utilizadores. A DECO chegou a referir que, caso o Governo não interviesse, as comissões poderiam aumentar entre 10 e 80 cêntimos, dependendo do montante envolvido.
Com a intervenção do Executivo, espera-se que os bancos ajustem as suas políticas tarifárias de forma mais transparente e equitativa. A limitação das comissões pretende ainda evitar que as instituições bancárias utilizem o argumento da rapidez do serviço para justificar custos mais elevados, especialmente em operações de pequeno valor.
A importância da proteção dos consumidores
Durante a conferência de imprensa que se seguiu à reunião do Conselho de Ministros, António Leitão Amaro frisou que esta decisão visa essencialmente a proteção dos consumidores, muitos dos quais recorrem às transferências imediatas para gerir o seu dia-a-dia financeiro. “Queremos garantir que os clientes bancários têm acesso a serviços eficientes sem custos exagerados”, afirmou o ministro, sublinhando que o Governo continuará atento à evolução das práticas no setor bancário.
Além de proteger os utilizadores, a medida também promove um maior equilíbrio entre as várias formas de pagamento, evitando que os bancos aproveitem a tecnologia das transferências imediatas para impor comissões desproporcionadas. A expectativa é que a publicação em Diário da República aconteça em breve, tornando estas novas regras efetivas.
O que está em jogo para os consumidores?
Para os consumidores, esta mudança traz várias implicações práticas. Por um lado, há a garantia de que as transferências imediatas até 30 euros continuarão a ser gratuitas, dentro dos limites mensais estipulados. Por outro lado, as transferências de valores superiores passam a ter uma comissão mais justa e controlada, sem variações excessivas que possam surpreender negativamente os utilizadores.
Com esta medida, o Governo pretende não só reduzir os custos associados às transferências bancárias, mas também promover uma maior confiança no sistema financeiro digital, incentivando a utilização de serviços rápidos e seguros, sem que isso implique um aumento desnecessário nos encargos dos consumidores.
Este é mais um passo importante no caminho para uma maior equidade nas comissões bancárias, protegendo os direitos dos consumidores e garantindo que a inovação tecnológica no setor financeiro beneficia todos, de forma justa e equilibrada.
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