“Não acho que seja bom [limitar as margens]. Temos um ambiente aberto e concorrencial, competimos de forma transparente. Oferecemos aos clientes fidelizados bons descontos”, disse o CEO da empresa, num encontro com jornalistas, na sede da Galp, em Lisboa.
Andy Brown realçou que o cálculo da margem é “muito complexo” e deu o exemplo de comunidades rurais que dependem de um único posto de abastecimento, onde a quantidade de combustível vendido é menor e, por isso, “o preço tem de ser um pouco mais alto”.
“Quando se intervém no processo, criam-se deslocações que podem não ser do maior interesse dos consumidores. Recomendo que se pense bem nisto antes de se implementar, pela proteção dos consumidores”, disse o responsável.
A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) pôs em consulta pública, até 23 de maio, a metodologia para a supervisão do sistema petrolífero que vai operacionalizar a lei do Governo que cria a possibilidade de fixação de margens máximas nos combustíveis.
Na prática, trata-se de uma proposta de metodologia para determinar os custos de referência de cada uma das etapas da cadeia de valor dos combustíveis simples e do GPL engarrafado – atividade de refinação, logística primária, incorporação de biocombustíveis e de comercialização – para poder determinar margens máximas nas várias componentes.
Questionado sobre os ganhos com o aumento dos preços dos combustíveis rodoviários, Andy Brown garantiu que a maior parte fica para os produtores de petróleo.
“Os refinadores estão a fazer cinco a seis cêntimos por litro”, afirmou o CEO da Galp, acrescentando que, descontando os impostos, que, frisou, continuam elevados, “são os produtores de petróleo que estão a fazer a maior parte dos ganhos, não são os refinadores nem os retalhistas”.
Também questionado sobre um eventual aumento de impostos sobre lucros inesperados a empresas, para apoiar as empresas mais afetadas pela crise causada pela guerra na Ucrânia, Andy Brown considerou “construtivo” que o ministro da Economia tenha descartado a hipótese, em declarações aos jornalistas, na terça-feira.
“Os impostos aplicam-se às empresas no local onde elas fazem dinheiro e a maioria do dinheiro que a Galp faz não é em Portugal”, rematou.