O grupo Vila Galé lançou uma campanha de contratação para atraír jovens licenciados à procura do primeiro emprego, e assim conseguir suprir o problema da falta de mão-de-obra que se faz sentir de forma generalizada no turismo em Portugal.
A prioridade é “reter os trabalhadores que temos, ir buscar recém-licenciados e tentar contratá-los, dando-lhes formação”, refere Jorge Rebelo de Almeida, presidente do grupo Vila Galé.
“Só depois de esgotada esta situação, é que vamos avaliar a entrada de estrangeiros para os nossos 27 hotéis em Portugal”, salienta o líder do grupo hoteleiro. Recorde-se que contratar imigrantes de países dos PALOP e de outros países, como Brasil e Índia, têm sido um recurso defendido pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), que no final do ano alegou faltarem mais de 15 mil trabalhadores no sector.
“Também estamos a preparar este plano (de contratar mão-de-obra no exterior), e relativamente a outros grupos temos a vantagem de termos uma presença forte no Brasil”, refere Jorge Rebelo de Almeida, para quem a contratação de imigrantes para suprir falta de mão-de-obra no turismo é “uma questão delicada”, e “temos de criar condições para recebermos essas pessoas”.
Mesmo tendo de recorrer à imigração, o presidente da Vila Galé frisa que “no Brasil não vamos abrir portas a que venham todos os que quiserem, vamos recrutá-los criteriosamente, avaliá-los e dar-lhes formação, não podemos tratar disto ‘à balda’, pois não é só carregar gente nos aviões. E também precisamos da ajuda do Governo para facilitar a entrada dessas pessoas, a nível de vistos, etc.”.
Para já, o foco da Vila Galé a nível de vagas nos hotéis é “preenchê-las com portugueses”, e “a nossa aposta é a de querermos manter alguma autenticidade em Portugal”, tendo o grupo um programa de fidelização com vista a manter o seu pessoal.
Com a atual campanha de contratação dirigida a jovens à procura do primeiro emprego, é possível fazer candidaturas no site do grupo em diversas modalidades, como o programa ‘Try’, de estágios virados para estudantes de cursos de hotelaria e turismo, com duração de um a três meses, e “ideal para quem está a começar e pretende ter um primeiro contacto com operação hoteleira”, segundo a Vila Galé.
Há também a possibilidade de optar pelo programa ‘Grow’, que permite experimentar diferentes funções, e foi pensado “para quem ambiciona evoluir”. No ano inicial o estágio terá “uma vertente mais operacional num hotel”, mas nos anos seguintes poderá optar-se outras áreas, como marketing, recursos humanos ou tecnologias de informação. A duração dos estágios é cerca três meses, sendo os destinatários estudantes do primeiro ano de licenciaturas de turismo ou hotelaria, com lugar a uma “bolsa e prémio final progressivos”. Já o programa “Advance” dirige-se a estudantes do último ano de mestrado que “gostem de desafios”, com opções entre três e nove meses. Para quem procura conciliar os estudos com a vida profissional, a Vila Galé tem também o programa ‘Lança-te’, em que os estudantes podem trabalhar durante 12 meses, com horários flexíveis e beneficiando de uma bolsa de estágio.
A Vila Galé tem ainda o ‘Programa 365’ dirigido a recém-licenciados que “ambicionem uma posição de liderança e desejem ter uma visão a 360º da hotelaria”. Neste caso, é oferecida formação durante um ano em todas as vertentes operacionais em pelo menos três unidades hoteleiras do grupo, com a garantia de haver “um estreito contacto com as lideranças de cada área”.
O perfil de trabalhadores mais em falta nos hotéis são para limpeza, cozinha, copa, restaurantes e bares. “Aí é que a falta de mão-de-obra é grande”, frisa Rebelo de Almeida, lembrando que a pandemia “afetou particularmente os trabalhadores sazonais, deixou de haver espaço para contratar esses precários, e por exemplo a Uber ou a Glovo absorveram muita gente desempregada, e que costumava trabalhar no turismo”.
“Se não tivesse havido pandemia, estes problemas já se colocavam”, recorda Jorge Rebelo de Almeida, frisando que a política de recursos humanos “depende de cada uma das empresas”, e no caso da Vila Galé “praticamente não temos gente a ganhar salário mínimo, pois não recorremos excessivamente a trabalho temporário”, e “uma das coisas por que somos elogiados é pelo pessoal”.
Trata-se de um problema estrutural, que o país terá de olhar seriamente, defende o hoteleiro – apesar da falta de pessoal no turismo se sentir de forma generalizada em toda a Europa.
“Isto não é uma situação temporária, Portugal precisa sobretudo de gente para trabalhar no interior, e não há perspetivas de aumentar o número de pessoas nesse sentido”, conclui Jorge Rebelo de Almeida.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL