A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) atribuiu a classificação de projeto-piloto à Comunidade de Energia Renovável na Ilha da Culatra, em Faro, No âmbito dos projetos de autoconsumo e de comunidades de energia renovável.
A Universidade do Algarve explica em comunicado que “o projeto tem como objetivo criar uma Comunidade de Energia Renovável (CER) , através da implementação de um modelo de economia participativa, permitindo a distribuição dos custos e dos rendimentos resultantes da geração renovável, apoiando o envolvimento da comunidade”.
As CER permitem que os seus membros partilhem entre si e comercializem a energia renovável produzida coletivamente.
Neste projeto piloto, em que a Cooperativa para a Sustentabilidade da Ilha da Culatra (C-COOP) será a entidade gestora do consumo coletivo, as unidades de produção instaladas no núcleo piscatório passarão a partilhar a energia por várias residências e pequenos negócios, através da rede elétrica de baixa tensão. Para tal, a energia produzida pela comunidade será deduzida ao consumo medido nos contadores dos participantes da CER piloto, que neste caso passarão a ser autoconsumidores.
Como explica a ERSE em comunicado, “a iniciativa envolve cinco Unidades de Produção para Autoconsumo (UPAC,) em autoconsumo individual, com 85 kWp, mais 30 kWp a instalar em breve, um autoconsumo individual com armazenamento de 46 kWh, um barco solar com bateria de 17,5 kWh e um sistema de gestão de energia, em fase de desenvolvimento na Universidade do Algarve. Os consumidores participantes incluem três minimercados, oito restaurantes, escola primária, centro social, posto da Cruz Vermelha Portuguesa e centros de serviços (sede do Clube União Culatrense, sede da Associação de Moradores da Ilha da Culatra, a delegação da União de Freguesias de Faro e o posto de telemedicina)”.
“O envolvimento da população neste projeto, desde o seu início, é uma das forças que diferenciam”
Para Jânio Monteiro, docente do Instituto Superior de Engenharia (ISE) da UAlg e membro da equipa de coordenação da iniciativa Culatra 2030, “esta aprovação por parte da ERSE reflete o trabalho feito até aqui e permitirá que o laboratório vivo da Culatra suporte a definição e teste de novos mecanismos de partilha de energia, entre membros da CER, que procurem elevados níveis de equidade entre participantes”. O objetivo, explica, “passa também pela implementação de sistemas inteligentes de gestão de consumo, que permitam maximizar a utilização da energia que está a ser produzida na ilha, evitando recorrer a grandes unidades de armazenamento”.
Na sua opinião, “o envolvimento da população neste projeto, desde o seu início, é uma das forças que mais o diferenciam. O projeto piloto é, em si mesmo, um exemplo de investigação aplicada, envolvendo uma tese de doutoramento de um aluno da UAlg, Jóni Santos, culatrense e bolseiro pela Fundação para a Ciência e Tecnologia”.
Segundo André Pacheco, investigador do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da UAlg e coordenador da iniciativa, “o objetivo principal é criar na Culatra um Laboratório Vivo para a Sustentabilidade e posicionar a região como centro de excelência em investigação e formação em energias renováveis, estabelecendo pontes efetivas entre a comunidade local, a investigação no setor renovável e as empresas, promovendo a sustentabilidade ambiental, a economia circular e a adaptação da ilha às alterações climáticas”.
A ilha da Culatra é uma das seis ilhas piloto que recebeu apoio do Secretariado Europeu para desenvolver um roteiro estratégico para o processo de transição para energias limpas. A iniciativa Culatra 2030, coordenada pela Universidade do Algarve, em parceria com a Associação de Moradores da Ilha da Culatra, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve) e o Município de Faro, foi selecionada pela Comissão Europeia como exemplo da estratégia de especialização inteligente no Algarve.
Sobre a Universidade do Algarve
A Universidade do Algarve (UAlg) tem atualmente cerca de 9 mil estudantes, 20% dos quais internacionais, oriundos de mais de 84 nacionalidades, onde se destaca o Brasil, país com maior representatividade.
Com 43 anos de existência, aparece pela quinta vez no ranking do Times Higher Education (THE) Young University Rankings 2022, que analisa o desempenho de instituições de ensino superior criadas há 50 anos ou menos, destacando-se no indicador que avalia a projeção internacional. Este ano volta a integrar a lista das melhores do mundo no Shanghai Ranking’s Global Ranking of Academic Subjects 2022, destacando-se novamente na área de Hospitality & Tourism Management, entre os lugares 76-100, seguindo-se a área de Oceanography, entre os lugares 151-200.
Também integra pela terceira vez o Times Higher Education Impact Rankings, que avalia a nível global o desempenho e contributo das universidades para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas. A UAlg ficou posicionada na posição 201-300 na classificação geral do THE Impact Rankings, de entre 1406 Instituições de Ensino Superior (IES) de 106 países.
A UAlg oferece cursos de formação inicial e pós-graduada, nas suas diversas áreas de formação: Artes, Comunicação e Património; Ciências Sociais e da Educação; Ciências e Tecnologias da Saúde; Ciências Exatas e Naturais; Economia, Gestão e Turismo; Engenharias e Tecnologias.
A sua localização privilegiada junto ao Aeroporto Internacional de Faro e o grande número de novas rotas aéreas de ligação às principais cidades portuguesas (Porto e Lisboa) e europeias, bem como as excelentes condições que a UAlg e a região têm para oferecer, fazem com que, cada vez mais, a Academia do Sul do país adquira um estatuto central e internacional.