Com a pressão crescente do aumento das taxas de juro e o impacto da inflação no custo de vida, muitas famílias enfrentam o risco de incumprimento no pagamento de empréstimos. Não pagar um empréstimo acarreta sérias consequências que podem afetar, não só a sua situação financeira, como também a sua vida pessoal e profissional.
Antes de avançar para a solicitação de um crédito, é essencial fazer uma avaliação cuidadosa da sua taxa de esforço e da capacidade real de cumprir com as prestações, como sugere o Ekonomista. A seguir, enumeramos seis das principais consequências de não pagar um empréstimo e o que pode fazer para evitar cair nesta situação.
1. Constar na lista negra do Banco de Portugal
Quando entra em incumprimento no pagamento de um crédito, o seu nome fica automaticamente registado na Central de Responsabilidades de Crédito (CRC) do Banco de Portugal. Este sistema guarda informação detalhada sobre todos os créditos em Portugal, tanto a sua regularidade de pagamento como eventuais dívidas pendentes. Como resultado, estará sujeito a várias restrições, entre as quais a impossibilidade de contrair novos empréstimos até regularizar a situação.
Este registo pode ter um efeito a longo prazo sobre a sua reputação financeira. “Se entrar em incumprimento, o seu nome fica comprometido nesta base de dados”, o que significa que terá mais dificuldades em aceder a qualquer tipo de financiamento no futuro.
2. Dificuldades em arranjar emprego
Outro impacto que pode não ser imediatamente evidente, mas é igualmente grave, é a dificuldade que pode surgir na procura de emprego. Em certas funções, principalmente em áreas que lidam com finanças ou gestão de recursos, o histórico de crédito é um fator considerado pelas empresas durante o processo de recrutamento. Assim, ter o nome na lista negra do Banco de Portugal pode ser um obstáculo adicional na obtenção de um novo emprego, um motivo extra para procurar resolver qualquer situação de incumprimento antes que esta evolua.
3. Problemas legais
Deixar de pagar um empréstimo pode também desencadear ações legais por parte do banco ou instituição de crédito. Se o banco interpretar a falta de pagamento como um sinal de que o cliente não está interessado em resolver a dívida, poderá iniciar um processo judicial para tentar recuperar o montante em falta.
É por isso fundamental agir proativamente. “O aconselhado é tentar logo renegociar a dívida com o banco”, sugerindo alternativas como prazos de pagamento mais longos ou um ajuste nas prestações mensais. Desta forma, pode evitar um conflito jurídico que, além dos custos financeiros, traz também uma carga emocional considerável.
4. Pagar juros de mora
Sempre que há atraso no pagamento de uma prestação, acumulam-se juros de mora. Estes juros correspondem a uma penalização pelo incumprimento e são calculados sobre o valor da prestação em atraso. Além dos juros, pode ser aplicada uma comissão de atraso. No caso de dívidas a instituições financeiras, a taxa de juros de mora é limitada a 3%, mas este acréscimo no valor pode complicar ainda mais a sua capacidade de regularizar o crédito.
5. Penhora do salário
Em situações extremas, quando o incumprimento leva a um processo judicial, o tribunal pode ordenar a penhora do salário do devedor. Isto significa que uma parte do vencimento mensal será diretamente direcionada para o pagamento da dívida, até que esta esteja completamente saldada.
Note que, por lei, não podem ser penhorados salários abaixo do salário mínimo nacional. No entanto, isto não impede que a sua conta bancária possa também ser penhorada, caso seja essa a decisão judicial, uma vez que qualquer valor que ultrapasse o montante considerado essencial poderá ser utilizado para saldar a dívida.
6. Perder a casa
A consequência mais dramática de não pagar um empréstimo, particularmente no caso de um crédito à habitação, é a perda da sua casa. Se não cumprir com as obrigações do seu crédito hipotecário, o banco tem o direito de executar a hipoteca e tomar posse do imóvel, com vista à sua venda para recuperar o valor em dívida.
A perda da habitação representa não só um impacto financeiro devastador, mas também uma disrupção na vida pessoal e familiar. Por isso, é crucial procurar soluções assim que começar a sentir dificuldades no pagamento das prestações.
O que fazer para evitar o incumprimento?
Se antecipar dificuldades no cumprimento do pagamento do seu crédito, a melhor estratégia é contactar o banco o mais cedo possível. Muitas instituições têm programas de renegociação que podem ser ajustados à sua situação financeira, como a consolidação de créditos ou o prolongamento dos prazos de pagamento. Quanto mais cedo apresentar o seu caso e demonstrar que está empenhado em honrar os seus compromissos, maior a probabilidade de encontrar uma solução que evite consequências mais graves.
“Exponha o seu caso, mostre o seu orçamento e, sobretudo, evidencie que quer continuar a cumprir com as suas obrigações financeiras”, sublinha a importância de manter um diálogo aberto com a entidade credora.
Evitar o incumprimento é, acima de tudo, uma questão de planeamento e responsabilidade. Ao tomar medidas atempadas, poderá proteger-se das sérias consequências financeiras e pessoais associadas ao não pagamento de um empréstimo.
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