A aplicação MB Way, amplamente utilizada por mais de cinco milhões de portugueses, está prestes a implementar uma funcionalidade que promete aumentar a sua utilidade. A possibilidade de adicionar contas bancárias, e não apenas cartões de crédito ou débito, vai facilitar o envio e a receção de transferências de valor superior ao atualmente permitido. No entanto, esta mudança, que poderia ser vista como um grande avanço, está a gerar preocupações significativas entre os utilizadores e já levou o Banco de Portugal a intervir com recomendações ao Governo.
O que muda no MB Way?
Atualmente, o MB Way permite realizar transferências até 750 euros por operação e 2.500 euros por mês. A nova funcionalidade, que será lançada em setembro, vai eliminar este limite, ao permitir que os utilizadores associem as suas contas bancárias diretamente à aplicação. Na prática, esta alteração permitirá a realização de transferências de montantes mais elevados, o que, em teoria, traria mais conveniência, tanto para indivíduos como para negócios, como explica o Magazine.HD.
Contudo, este avanço tecnológico tem gerado um clima de incerteza entre os utilizadores, sobretudo devido à questão das comissões associadas às transferências. A Deco, organização de defesa do consumidor, já alertou para o risco de um aumento significativo das comissões, que poderá afetar negativamente os utilizadores desta ferramenta financeira.
O alerta da Deco e o impacto nas comissões
De acordo com a Deco, o problema reside no facto de que, ao permitir associar contas bancárias ao MB Way, as transferências entre utilizadores serão consideradas como transferências imediatas. Este tipo de transação, que tem como característica a rapidez (a transferência ocorre em segundos), poderá, em alguns casos, acarretar comissões elevadas, especialmente para utilizadores que não têm isenção de taxas por parte dos seus bancos.
O cenário mais preocupante é o seguinte: uma transferência de 40 euros pode passar a ter uma comissão de 80 cêntimos, um aumento significativo face aos 10 cêntimos que são cobrados atualmente. Este aumento exponencial das taxas está a gerar receio entre os utilizadores, uma vez que pode inviabilizar o uso regular da aplicação para operações simples e de baixo valor.
O Banco de Portugal reage
Perante o crescente desconforto dos consumidores e as previsões de aumentos significativos nas comissões, o Banco de Portugal sentiu necessidade de intervir. Este organismo, que desde cedo se mostrou atento à situação, já enviou uma recomendação ao Governo, sugerindo uma alteração na legislação para que as comissões cobradas nas transferências feitas através do MB Way sejam limitadas.
Nas palavras do Banco de Portugal, “a associação do MB Way a contas irá significar que as transferências entre utilizadores serão consideradas transferências imediatas”. Por isso, este organismo defende a necessidade de criar medidas legais que protejam os utilizadores de aumentos descontrolados nas taxas de transação. Esta intervenção do Banco de Portugal vem assim reforçar a necessidade de equilibrar a inovação tecnológica com a proteção dos consumidores.
O futuro do MB Way: Conveniência ou custo?
A nova funcionalidade do MB Way representa, sem dúvida, uma melhoria substancial em termos de conveniência, ao permitir transferências de valores mais elevados e maior flexibilidade no uso de contas bancárias. No entanto, o impacto que o aumento das comissões poderá ter sobre os utilizadores não pode ser ignorado. Se o custo das transferências aumentar de forma desproporcional, muitos poderão ser desencorajados a utilizar o MB Way para transações mais simples e regulares, afetando a popularidade e a acessibilidade da aplicação.
Resta agora aguardar pelas decisões que o Governo possa tomar em resposta à recomendação do Banco de Portugal, sendo claro que qualquer mudança que favoreça a transparência e limitação de comissões será benéfica para todos os utilizadores desta ferramenta financeira indispensável.
O futuro do MB Way poderá assim depender do equilíbrio entre inovação e acessibilidade económica, algo que só o tempo e as decisões políticas poderão clarificar.
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