O Algarve, reconhecido como um dos destinos turísticos mais procurados em Portugal, junta-se à crescente lista de municípios que aplicam a taxa turística no país. Esta medida, implementada em sete dos 16 municípios algarvios, reflete a tendência nacional de cobrar aos visitantes uma contribuição que visa apoiar o desenvolvimento local e mitigar os impactos do turismo.
Atualmente, os municípios de Albufeira, Lagoa, Loulé, Portimão, Olhão, Vila Real de Santo António e Faro já aplicam esta taxa, com valores que variam entre um e dois euros por noite, dependendo da época do ano. No entanto, a adoção da medida no Algarve ainda é desigual, com nove concelhos sem previsão de implementação.
A taxa turística no Algarve: como funciona
A taxa turística no Algarve é aplicada por noite e apresenta variações sazonais. Em Albufeira, Lagoa, Loulé, Portimão, Olhão e Vila Real de Santo António, os turistas pagam dois euros por noite na época alta, de abril a outubro, enquanto na época baixa, de novembro a março, o valor é reduzido para um euro. Faro, a capital do distrito, adota uma taxa de 1,5 euros por dormida ao longo de todo o ano.
A aplicação desta taxa é limitada a um número máximo de noites, geralmente entre três e sete, dependendo do município. Os valores recolhidos são direcionados para financiar iniciativas relacionadas ao turismo sustentável, proteção ambiental, manutenção de infraestruturas e promoção cultural.
Loulé: o mais recente município a adotar a taxa
Entre os concelhos algarvios, Loulé destaca-se como o último a implementar a medida, em novembro de 2024. Este município é conhecido por acolher empreendimentos turísticos de prestígio, como a Quinta do Lago, Vale do Lobo e Vilamoura, que atraem visitantes de todo o mundo. A aplicação da taxa é vista como uma forma de garantir o equilíbrio entre o crescimento do turismo e a preservação do território.
A pioneira Vila Real de Santo António
Vila Real de Santo António foi o primeiro município do Algarve a introduzir a taxa turística. No entanto, distingue-se dos restantes ao aplicar valores mais reduzidos nos parques de campismo, caravanismo e áreas de serviço de autocaravanas, onde os visitantes pagam apenas 50 cêntimos por noite.
Impacto nacional e comparação com outras regiões
O Algarve insere-se numa dinâmica nacional onde pelo menos 40 municípios portugueses já aplicam taxas turísticas, de acordo com a mais recente contagem da agência Lusa. Entre estes, Lisboa lidera com o valor mais elevado do país: quatro euros por noite, implementados em setembro de 2024. A capital também introduziu uma taxa adicional para passageiros que desembarcam de navios de cruzeiro, no valor de dois euros.
A nível regional, destaca-se ainda a Madeira, onde sete dos 11 concelhos cobram taxas turísticas. Nos Açores, a medida foi recentemente adotada nos seis municípios da ilha de São Miguel, sendo aplicada uma taxa fixa de dois euros por noite, até ao máximo de três noites.
Por outro lado, o Alentejo permanece como a única região de Portugal sem qualquer município a aplicar a taxa turística. Em Évora, o processo de criação de um regulamento para esta medida encontra-se em fase de auscultação pública desde setembro de 2024.
Isenções e critérios específicos
Embora a taxa turística seja amplamente aplicada, existem exceções e critérios que visam garantir justiça na sua cobrança. Entre os casos mais comuns de isenção estão crianças (geralmente até 12 anos), pessoas com incapacidade igual ou superior a 60% e visitantes hospedados para tratamentos médicos.
Alguns municípios adotaram isenções adicionais. No Porto e em Caminha, por exemplo, peregrinos em rota para Fátima ou Santiago de Compostela estão isentos. Em Viana do Castelo, a isenção também se aplica a refugiados e deslocados por razões de conflito.
Debates e desafios futuros
Embora a implementação da taxa turística seja uma tendência crescente, continua a gerar debate. Alguns setores do turismo, como a Associação do Alojamento Local dos Açores, consideram que a sua aplicação deve ser precedida por uma preparação mais robusta, incluindo a revisão de regulamentos e a adaptação às especificidades locais.
No Algarve, o impacto desta medida continua a ser monitorizado de perto, especialmente em municípios que ainda não adotaram a taxa. A crescente procura turística e a necessidade de equilibrar desenvolvimento económico e sustentabilidade ambiental serão fatores cruciais para a expansão da medida na região.
A taxa turística no Algarve reflete uma abordagem estratégica para gerir os desafios do turismo e assegurar recursos para investimentos locais. Apesar das diferenças entre municípios e regiões, esta prática tem vindo a consolidar-se em Portugal como uma ferramenta importante para apoiar o desenvolvimento sustentável do setor.
Com a crescente adesão a nível nacional, o Algarve poderá ser um exemplo de como equilibrar a preservação ambiental, a promoção cultural e as exigências do turismo global.
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