Um novo supermercado está a gerar curiosidade em Portugal ao apresentar uma proposta pouco comum: vender produtos rejeitados por grandes cadeias a preços tão baixos que muitos clientes garantem conseguir encher um carrinho por cerca de quarenta euros.
A abertura aconteceu em Viseu e tem sido tema de debate nas redes sociais, onde multiplicam-se vídeos e comentários sobre o conceito. De acordo com o jornal espanhol As, que divulgou a novidade, a loja chama-se Sempre Bom e abriu portas no dia 17 de outubro, na Rua Quinta da Manhosa, Pavilhão 11.
A ideia, segundo a mesma fonte, assenta na compra de excedentes logísticos, devoluções ou produtos retirados da venda por motivos estéticos, como embalagens danificadas, etiquetas trocadas ou pequenos defeitos que não comprometem a segurança alimentar.
Não se tratam de artigos caducados ou impróprios, mas sim de produtos que, por diferentes razões, deixaram de ser comercializados nas grandes superfícies.
Um modelo que aposta no desperdício zero
O As explica que a marca tem como objetivo reduzir o desperdício, adquirindo stocks acumulados de marcas conhecidas ou artigos provenientes de lojas que encerraram. A loja organiza a oferta de forma simples e direta: tudo o que chega é vendido a preços muito abaixo do habitual, o que tem levado muitos consumidores a partilhar o que consideram ser “achados” difíceis de encontrar noutros supermercados.
Segundo a publicação espanhola, vários clientes relatam que, com pouco mais de quarenta euros, conseguem levar para casa produtos variados, desde mercearia a higiene pessoal. Para famílias com orçamentos apertados, este modelo tem sido visto como um alívio bem-vindo, sobretudo numa altura em que os preços da alimentação continuam elevados.
O valor social do projeto tem sido destacado por quem acompanha a evolução do setor alimentar em Portugal.
O país mantém níveis significativos de desperdício, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, e iniciativas deste género são frequentemente apontadas como ferramentas complementares para reduzir o impacto ambiental e económico desse fenómeno.
Uma tendência que cresce no país
O aparecimento do Sempre Bom surge num momento em que o mercado português tem assistido ao crescimento de modelos semelhantes, muitos deles inspirados em tendências internacionais.
O As recorda que a chegada de cadeias como a Primaprix reforçou este posicionamento de baixo custo baseado em marcas reconhecidas, mas vendidas a valores reduzidos graças ao aproveitamento de excedentes ou linhas descatalogadas.
No caso de Viseu, a dinâmica tem sido positiva desde a abertura, com grande afluência e curiosidade local. A loja funciona como um espaço onde cada visita é imprevisível, já que o stock muda constantemente e depende dos lotes disponíveis. O efeito surpresa, aliado aos preços baixos, tem sido um dos fatores que mais atrai consumidores.
Embora o conceito não seja totalmente novo a nível internacional, a sua implementação em Portugal está ainda em fase inicial. As reações, no entanto, mostram que existe procura por alternativas que conciliem economia doméstica e sustentabilidade ambiental. Para muitos clientes, a ideia de salvar produtos que de outra forma seriam descartados tornou-se tão apelativa quanto o preço final no recibo.
Se o modelo ganhar escala, pode vir a influenciar outras regiões e até motivar a entrada de mais operadores neste segmento de mercado. Para já, o Sempre Bom torna-se um caso de estudo interessante sobre como o combate ao desperdício pode transformar a forma como se faz compras no dia a dia.
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