O cabaz de 63 bens essenciais monitorizado pela DECO voltou a registar um aumento de preços, refletindo a pressão contínua sobre o custo dos alimentos em Portugal. Na última semana, o preço do conjunto de produtos subiu para 228,60 euros, mais 0,96 euros do que na semana anterior, o que corresponde a uma variação de +0,42%. Embora este valor esteja 7,79 euros abaixo do registado no início de 2024, se olharmos para o período homólogo de 2023, o aumento é significativo: o cabaz está agora 10,38 euros mais caro.
Se recuarmos ainda mais no tempo, para fevereiro de 2022, antes do início da guerra na Ucrânia, o aumento é ainda mais expressivo. Desde então, o preço deste conjunto de bens essenciais subiu 44,62 euros, evidenciando o impacto prolongado do conflito nos custos de produção e distribuição de alimentos.
Produtos com maior aumento na última semana
No período de 18 a 25 de setembro, os aumentos foram particularmente notórios em determinados produtos. O destaque vai para o café torrado moído, cujo preço disparou 28% numa única semana, seguido pelos cereais fibra (+20%) e pela massa espirais (+15%). Outros produtos de consumo diário também registaram subidas significativas, como o queijo curado fatiado embalado (+9%) e o pão de forma sem côdea (+7%).
Entre as carnes e peixes, verificaram-se aumentos de 6% no peito de peru fatiado embalado e na perna de peru, enquanto a pescada fresca e o peixe-espada-preto subiram 5% e 8%, respetivamente. Também nas frutas, a laranja viu o seu preço crescer 6%.
Mercearia e carne com maiores aumentos desde o início da guerra
Desde o início do conflito na Ucrânia, os aumentos mais acentuados foram registados nas categorias de mercearia e carne. A mercearia registou um aumento médio de 33,13%, o que se traduz numa subida de 13,96 euros face ao preço anterior à guerra. Já a carne subiu 25,83%, representando um acréscimo de 8,33 euros no cabaz.
Café e pescada disparam em 2023
A análise dos preços ao longo do último ano revela que o café torrado moído e a pescada fresca foram os produtos que mais encareceram, ambos com uma subida de 35%. Outros produtos também sofreram aumentos significativos, como a massa esparguete (+21%), o atum posta em azeite (+19%), a dourada (+19%) e o bacalhau graúdo (+16%). Entre as frutas, a maçã gala subiu 15%, tal como os cereais fibra, enquanto o peixe-espada-preto e o arroz agulha aumentaram 14% e 13%, respetivamente.
Pescada e azeite entre os maiores aumentos desde a guerra
Se o impacto da guerra na Ucrânia já era sentido no último ano, uma análise mais detalhada dos preços pré-conflito revela aumentos ainda mais expressivos. Desde fevereiro de 2022, a pescada fresca subiu uns impressionantes 118%, tornando-se no produto com o maior aumento. O azeite virgem extra, um dos produtos mais afetados pela crise, viu o seu preço disparar 82% no mesmo período.
Outros alimentos que registaram aumentos expressivos incluem a laranja (+62%), a batata vermelha (+61%), o açúcar branco (+59%) e o café torrado moído (+53%). Produtos básicos como o arroz carolino (+50%), os flocos de cereais (+46%) e as salsichas frankfurt (+46%) também sofreram aumentos significativos, ao lado de um clássico da despensa portuguesa, a bolacha maria, cujo preço subiu 45%.
Perspectivas para o futuro
Com os preços do cabaz de bens essenciais a mostrarem pouca tendência de abrandamento, muitos consumidores continuam a sentir o impacto no seu orçamento familiar. O aumento dos custos de produção, a persistência das dificuldades nas cadeias de abastecimento e a instabilidade política e económica global são fatores que continuam a pressionar o preço dos alimentos. O futuro, ao que tudo indica, será de continuação de preços elevados, exigindo uma gestão mais apertada das finanças pessoais e maior sensibilidade nas escolhas alimentares.
Em conclusão, enquanto alguns produtos podem apresentar variações semanais menos drásticas, a tendência global dos últimos meses reflete uma realidade preocupante para as famílias portuguesas: o aumento contínuo e generalizado do custo dos bens alimentares essenciais.
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