O Algarve e as regiões insulares da Madeira e Açores destacam-se como as áreas com maior risco de pobreza em Portugal, de acordo com dados divulgados pelo Eurostat.
Com quase 20% da população em risco no Algarve, 24,8% na Madeira e 26,1% nos Açores, estes números colocam as regiões portuguesas entre as mais vulneráveis da Península Ibérica, apenas superadas pela região vizinha Andaluzia, onde 30,5% dos habitantes enfrentam esta realidade, além das regiões de Extremadura (27,6%) e Castilla-La Mancha (25,5%).
Apesar de apresentar uma taxa inferior à da Andaluzia, o Algarve surge como a região continental portuguesa mais afetada pela pobreza, ultrapassando ligeiramente a Galiza, que regista um valor de 19,4%. No arquipélago das Canárias, as taxas coincidem com as dos Açores (26,1%), mas continuam acima da Madeira. Estes dados reforçam uma ligação entre a dinâmica turística e a exposição a maiores níveis de risco económico e social.
O contexto europeu
A nível europeu, o Eurostat aponta que cerca de 72 milhões de pessoas, ou 16,2% da população do continente, vivem em risco de pobreza. Regiões no sul de Itália, como a Sicília (38%) e a Calábria (40%), lideram os indicadores de vulnerabilidade. A Campania, que inclui destinos turísticos como Capri e a Costa Amalfitana, também figura entre as mais penalizadas, reforçando a tendência de que o turismo, embora vital para as economias locais, não garante estabilidade social.
Portugal com desafios adicionais
Além do risco de pobreza em determinadas regiões, Portugal enfrenta outros problemas sociais significativos. O país está entre os mais afetados na União Europeia pela incapacidade financeira de manter as casas aquecidas, situação que se agravou nos últimos anos. Adicionalmente, as mulheres em Portugal enfrentam níveis de privação social e material superiores aos dos homens, colocando o país no grupo de nações europeias com maiores disparidades de género.
Dependência do turismo acentua a fragilidade
Os números sublinham a fragilidade social nas regiões portuguesas onde o turismo é um dos principais motores económicos. Embora o setor impulsione o crescimento económico, ele não tem sido suficiente para combater as desigualdades e assegurar melhores condições de vida para os residentes.
A necessidade de políticas públicas mais abrangentes e focadas no desenvolvimento sustentável é evidente, especialmente em regiões como o Algarve, Madeira e Açores. Garantir a diversificação económica e a proteção social são passos essenciais para mitigar o impacto da pobreza nestas áreas vulneráveis.
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