“A Península Ibérica, no seu conjunto, pode, de facto, tornar-se uma plataforma para o GNL [gás natural liquefeito], proveniente de África e das Américas, com destino à UE [União Europeia]. Para explorar todo o potencial de Portugal e Espanha, é necessário melhorar as interligações de gás entre a Península Ibérica e o resto da Europa, que atualmente são limitadas e insuficientes”, afirmou Úrsula Von der Leyen, em entrevista a Diário de Notícias (DN).
Ainda assim, a presidente da Comissão Europeia saudou os esforços dos dois países no desenvolvimento de infraestruturas de GNL, que podem beneficiar a Europa.
Von der Leyen disse ainda ter conhecimento de que Portugal está a trabalhar para aumentar a sua capacidade de transbordo de remessas de GNL, através do Porto de Sines para outros Estados-membros, o que considerou ser “verdadeiramente a solidariedade europeia em ação”.
Conforme apontou, as interligações para o hidrogénio vão permitir que os dois países se tornem exportadores de hidrogénio verde, contribuindo “não só para a segurança do aprovisionamento a nível europeu, como também para os nossos objetivos climáticos comuns”.
Em 26 de julho, os ministros da Energia da UE chegaram a acordo político sobre a meta para reduzir 15% do consumo de gás até à primavera, pelo receio de rutura no fornecimento russo, num “consenso esmagador” após novas exceções.
Em comunicado, a presidência checa do Conselho da UE deu conta de que, “num esforço para aumentar a segurança do aprovisionamento energético da UE, os Estados-membros chegaram a um acordo político sobre uma redução voluntária da procura de gás natural em 15% este inverno”, estando também prevista a “possibilidade de desencadear um ‘alerta da União’ sobre a segurança do aprovisionamento, caso em que a redução da procura de gás se tornaria obrigatória”.
De acordo com o Conselho da iniciativa fazem agora parte “algumas isenções e possibilidades de solicitar uma derrogação ao objetivo obrigatório de redução, a fim de refletir as situações particulares dos Estados-membros e assegurar que as reduções de gás sejam eficazes para aumentar a segurança do aprovisionamento na UE”.
Ursula Von der Leyen afirmou que o acordo hoje alcançado entre os 27 sobre a redução do consumo de gás deixa a União Europeia mais preparada face à “chantagem energética” do Presidente russo, Vladimir Putin.
“Hoje, a UE deu um passo decisivo para enfrentar a ameaça de uma rutura total do gás por Putin. Congratulo-me vivamente com a aprovação, pelo Conselho, do regulamento relativo a medidas coordenadas de redução do consumo de gás”, declarou a presidente do executivo comunitário, pouco após o anúncio do acordo político em 26 de julho.