Os ‘grandes’ da velocidade vão sair da 51.ª Volta ao Algarve sem uma vitória, já que este sábado o ‘desconhecido’ ciclista belga Milan Fretin contrariou os favoritos para se impor em Faro, onde Jan Christen manteve a amarela.
Era a derradeira oportunidade para Arnaud de Lie (Lotto), Biniam Girmay (Intermarché-Wanty) ou Wout van Aert (Visma-Lease a Bike) ganharem, mas o jovem da Cofidis, de 23 anos, foi mais calculista a lançar o seu sprint e ultrapassou-os a todos na ‘empinada’ chegada à ‘capital’ algarvia, cortando a meta em 04:03.31 horas.
“É uma sensação fantástica. Também ganhei na semana passada [a Clássica de Almería], mas vencer aqui é ainda melhor. Aqui estão ciclistas tão bons e consegui ganhar, estou sem palavras”, resumiu Milan Fretin, após ter somado a quinta vitória da ainda curta carreira.
O belga superou o compatriota Jordi Meeus (Red Bull-BORA-hansgrohe), o vencedor da terceira etapa que este sábado foi segundo e praticamente assegurou a conquista da camisola verde, e o italiano Filippo Ganna (INEOS), que ‘ganhou’ a anulada etapa inaugural, com De Lie a ser quarto, Girmay quinto e Van Aert sétimo.
“É uma boa vitória. Bater o Wout, o Arnaud de Lie… penso que todos os corredores que ficaram no top 10 são fabulosos”, destacou.
Esperava-se muito da quarta etapa, nomeadamente ‘cartadas’ estratégicas das equipas dos candidatos da geral, mas ninguém quis arriscar a sua posição no encadeamento de três contagens de montanha nos derradeiros 53 quilómetros e a geral só se alterou porque houve um ‘corte’ de tempo na meta, benéfico para Laurens de Plus (INEOS) e António Morgado (UAE Emirates).
Embora tenham mantido, respetivamente, o terceiro e quarto lugares da classificação individual, o belga e o português recuperaram seis segundos para Jan Christen (UAE Emirates).
Assim, o suíço vai partir para os derradeiros 19,6 quilómetros da 51.ª edição, percorridos num exercício contra o cronómetro entre Salir e o alto do Malhão, com quatro segundos de vantagem sobre o seu colega português João Almeida e sete sobre De Plus, enquanto Morgado está agora a 14 segundos do camisola amarela.
Foi logo ao quilómetro cinco dos 175,2 quilómetros entre Albufeira e Faro que o camisola da montanha Nicólas Tivani (Aviludo-Louletano-Loulé), Warre Vangheluwe (Soudal Quick-Step), Johan Jacobs (Groupama-FDJ) e Gorka Sorarrain (Caja Rural) se lançaram em fuga.
A perspetiva de uma permanente jornada de sobe e desce, com uma passagem no alto do Malhão, a contagem de segunda categoria instalada no ponto mais alto de Loulé, ao quilómetro 41,5, levou o pelotão a conceder uma inesperada margem de mais de sete minutos de vantagem aos fugitivos.
A pouco mais de 100 quilómetros da meta, Afonso Eulálio (Bahrain Victorious), o mais recente português a chegar ao WorldTour, atacou na companhia do colega Vlad Van Mechelen para tentar chegar à frente de corrida, uma missão nunca alcançada.
Já depois de Tivani ter garantido a vitória na classificação da montanha – só precisa de terminar a quinta etapa no domingo -, a Visma-Lease a Bike assomou à frente do pelotão, mais para trabalhar para Van Aert do que para antecipar uma ‘mexida’ de Jonas Vingegaard.
A 17 quilómetros da meta, a fuga, finalmente, acabou, e a corrida seguiu sem sobressaltos até à meta – Vingegaard furou já dentro dos derradeiros três quilómetros e ficou com o mesmo tempo do vencedor, mantendo-se a 20 segundos do líder da geral.
Esta Volta ao Algarve sem o brilho de outras edições decide-se no domingo, com o alto do Malhão a consagrar o sucessor do ausente Remco Evenepoel, com o pódio totalmente em aberto pelas curtas distâncias entre os 10 primeiros, nos quais também estão Primoz Roglic (Red Bull-BORA-hansgrohe) e Tao Geoghegan Hart (Lidl-Trek), ambos a 23 segundos de Jan Christen.
“Não tenho pressão. Ganhei a etapa rainha [na Fóia], por isso já estou super feliz. Não tenho nada a provar”, garantiu o camisola amarela, para quem ficar no pódio final já seria um bom resultado.
Ana Marques Gonçalves, da agência Lusa
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