O neerlandês Fabio Jakobsen (QuickStep-Alpha Vinyl) venceu esta sexta-feira ao ‘sprint’ a terceira etapa da Volta ao Algarve em bicicleta, depois de já ter triunfado no primeiro dia, com o francês David Gaudu (Groupama-FDJ) a seguir na frente da geral.
O líder da classificação por pontos somou a quarta vitória na ‘Algarvia’, a segunda nesta 48.ª edição, ao cumprir os 211,4 quilómetros entre Almodôvar e Faro em 4:54.51 horas, batendo o belga Tim Merlier (Alpecin Fenix), segundo, e o francês Bryan Coquard (Cofidis), terceiro.
O venezuelano Leangel Linarez (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados) foi o melhor de uma equipa portuguesa, no 10.º lugar, com Daniel Freitas (Rádio Popular-Paredes-Boavista) no 13.º, como melhor luso.
As contas da geral mantiveram-se inalteradas nos primeiros postos, com Gaudu a liderar com um segundo de vantagem para vários ciclistas, com o norte-americano Brandon McNulty (UAE Emirates) em segundo e o britânico Ethan Hayter (INEOS) em terceiro.
No sábado, a quarta e penúltima etapa liga Vila Real de Santo António a Tavira em 32,2 quilómetros, um contrarrelógio individual antes do último dia, com o alto do Malhão.
O verde é a cor do imbatível Fabio Jakobsen
O verde é a cor de Fabio Jakobsen (Quick-Step Alpha Vinyl), que hoje ‘bisou’ nesta edição, com um triunfo contundente na chegada à Faro, e deu um passo importante para conquistar a classificação por pontos da 48.ª Volta ao Algarve,
“Adoro a cor verde, é a cor dos ‘sprinters’, na minha opinião. Já a vesti na Volta a Espanha, não me importo nada de usá-la e estou feliz por poder levar para casa a camisola verde, se terminar as etapas amanhã [sábado] e depois de amanhã [domingo]”, declarou, visivelmente feliz, o ‘sprinter’ neerlandês, após conquistar a segunda vitória nesta edição e a quarta na ‘Algarvia’.
O domínio do ‘rei da regularidade’ da última Vuelta na prova portuguesa, na qual também ganhou a classificação por pontos em 2020, é tão grande que o seu triunfo, na empinada chegada a Faro – a capital algarvia não recebia um final de etapa da Volta ao Algarve desde 2008 -, nunca esteve em causa, com Tim Merlier a ter de contentar-se com o segundo lugar, à frente do francês Bryan Coquard (Cofidis), após um grande trabalho dos seus companheiros da Alpecin-Fenix.
Ninguém pára Jakobsen, que, hoje, somou o quarto triunfo da temporada e o 29.º da carreira, ao cumprir, na frente do pelotão onde seguia o camisola amarela David Gaudu (Groupama-FDJ) e os seus mais diretos perseguidores, os 211,4 quilómetros da terceira tirada em 04:54.51 horas.
A mais (demasiado) longa etapa da 48.ª edição começou com chuva miudinha, nevoeiro e frio na cidade alentejana de Almodôvar, mas nem as condições invernais, tão distintas daquelas sentidas por estes dias no Algarve, intimidaram os ‘bravos’ da jornada, que saltaram do pelotão logo ao quilómetro 12.
Três quilómetros mais à frente, Samuel Caldeira (W52-FC Porto), Rafael Lourenço (Atum General-Tavira-AP Maria Nova Hotel), Rafael Silva (Efapel), Afonso Eulálio (Glassdrive-Q8-Anicolor), Afonso Silva (Kelly-Simoldes-UDO), Nicolas Sáenz (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados) e Txomin Juaristi (Euskaltel-Euskadi) já tinham conquistado uma margem superior a três minutos, que haveria mesmo de aproximar-se dos sete.
Com o mais bem colocado dos fugitivos na geral, o basco Txomin Juaristi (Euskaltel-Euskadi), a quase 11 minutos, a Groupama-FDJ impôs um ritmo suave na perseguição, assumida a 45 quilómetros da meta pelas equipas dos ‘sprinters’.
Na aproximação à contagem de quarta categoria de Bengado (km 188,8), Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados, de João Matias, e Rádio Popular-Paredes-Boavista, de Hugo Nunes, assumiram a dianteira do pelotão, na tentativa de anular a fuga e ‘entregar’ os pontos da montanha aos seus homens – a missão foi bem-sucedida, com Matias a recuperar a camisola azul que perdeu no alto da Fóia para Gaudu.
Decidida a luta pela classificação da montanha, a ‘status quo’ voltou à corrida, com a Alpecin-Fenix de Tim Merlier a alinhar o seu ‘comboio’ para lançar o belga, que não teve pernas para aquele que, muito provavelmente, é o melhor ‘sprinter’ da atualidade.
“Lancei o meu ‘sprint’ a 200 metros da meta, juntamente com Coquard – penso que é um ciclista que também pode ganhar numa chegada como esta – e dei o máximo até à linha. Via o Tim Merlier atrás de mim, mas ele não conseguiu passar-me pela esquerda. Estou feliz por ter vencido”, resumiu o neerlandês de 25 anos, que trocou um cumprimento com o seu opositor belga mal cruzaram a meta.
Antes do decisivo contrarrelógio de 32,2 quilómetros de sábado, a ser percorrido entre Vila Real de Santo António e Tavira, a geral não sofreu alterações: Gaudu continua de amarelo, com um mero segundo de vantagem sobre Brandon McNulty (UAE Emirates), Ethan Hayter (INEOS) e Remco Evenepoel (Quick-Step Alpha Vinyl), os homens que estão imediatamente atrás de si na classificação e que são os grandes candidatos a destroná-lo no exercício contra o cronómetro.
Declarações
Declarações após a terceira etapa da 48.ª edição da Volta ao Algarve em bicicleta, ganha pelo neerlandês Fabio Jakobsen (Quick-Step Alpha Vinyl), no final de uma ligação de 211,4 quilómetros, entre Almodôvar e Faro:
Fabio Jakobsen, Hol, Quick-Step Alpha Vinyl (vencedor da etapa e líder da classificação por pontos): “Claro que tentamos sempre ganhar. Há dois dias, perdemos o Tim Declercq, que se sentiu doente durante a noite – qualquer coisa no estômago, ainda não sabemos – e sentimos a falta dele hoje. No entanto, os restantes rapazes fizeram um trabalho perfeito, puseram-me na posição ideal lá em baixo.
Tenho de fazer um agradecimento especial ao Kasper Asgreen, que me protegeu do vento durante todo o dia e ainda trabalhou no final, apesar de ter estado doente [com covid-19] na semana passada.
Foi novamente um trabalho perfeito da equipa e estou feliz por ter tido pernas para concretizá-lo nesta inclinação final.
Lancei o meu ‘sprint’ a 200 metros da meta, juntamente com Coquard – penso que é um ciclista que também pode ganhar numa chegada como esta – e dei o máximo até à linha. Via o Tim Merlier atrás de mim, mas ele não conseguiu passar-me pela esquerda. Estou feliz por ter vencido.
Adoro a cor verde, é a cor dos ‘sprinters’, na minha opinião. Já a vesti na Volta a Espanha, não me importo nada de usá-la e estou feliz por poder levar para casa a camisola verde, se terminar as etapas amanhã [sábado] e depois de amanhã [domingo]”.
David Gaudu, Fra, Groupama-FDJ (líder da geral individual): “Amanhã [sábado], é o contrarrelógio, sei que não vou manter a amarela, porque é apenas um segundo [de diferença para os adversários]. Se a mantivesse, seria uma pequena façanha.
Hoje, pude desfrutar desta jornada [de amarelo] e a Volta ao Algarve ainda não acabou.
Pude trabalhar o contrarrelógio nos últimos meses e vamos ver no que vai dar. Sou incapaz de fazer prognósticos, porque são 32,2 quilómetros, mas vou tentar fazer um ‘crono’ regular, mostrar que progredi no posicionamento [na bicicleta de contrarrelógio]. O tempo será acessório se ficar contente com a minha prestação.
Ainda não reconheci o contrarrelógio, vamos fazê-lo amanhã”.
João Matias, Por, Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados (líder da classificação da montanha): “Grande estratégia e grande coragem [da equipa]. Trouxeram-me para esta equipa e, na altura que me contrataram, disseram-me que queriam que eu tivesse um bocado o papel de ‘capitão’ na estrada e, hoje, não podia estar mais orgulhoso: falei com os meus ‘meninos’, os meus companheiros e eles fizeram um trabalho excecional. Pela atitude deles no fim, eles sentem que esta camisola é deles, é nossa.
Saber que chegámos aqui, e com a pouca força que tínhamos, ainda conseguimos ajudar o Leangel [Linarez] a fazer um ‘top 10’ nesta chegada, é a cereja no topo do bolo. Estamos superfelizes com este início de época.
Chegar, vou chegar [ao Malhão com a camisola azul], se não tiver nenhum percalço. Mas o mais importante é chegar lá e que a classificação seja minha. Vamos lutar por isso até ao fim.
É claro que estou muito satisfeito com o que fiz até agora, se não ganhar a camisola saio muito satisfeito, porque acho que ninguém que vê ciclismo e gosta de ciclismo diria que o João Matias estaria com a camisola da montanha numa supervolta como a Volta ao Algarve. Estão a ser uns dias espetaculares.
Quem me conhece, sabe que sou um pouco irreverente, que, às vezes, gosto de virar um pouco as regras do ciclismo ao contrário, sou muito combativo e gosto de me meter nestas ‘cowboyadas’”.
3.ª etapa – Classificações
Classificações da 48.ª Volta ao Algarve em bicicleta, após a terceira etapa, percorrida hoje entre Almodôvar e Faro, na distância de 211,4 quilómetros:
– Classificação da terceira etapa:
1. Fabio Jakobsen, Hol (Quick-Step Alpha Vinyl), 4:54.51 horas.
(média: 43.018 km/h).
2. Tim Merlier, Bel (Alpecin-Fenix), MT
3. Bryan Coquard, Fra (Cofidis), mt
4. Alexander Kristoff, Nor (Intermarché-Wanty-Gobert Matériaux), mt
5. Hugo Hofstetter, Fra (Arkéa Samsic), mt
6. Clément Russo, Fra (Arkéa Samsic), mt
7. Jordi Meeus, Bel (BORA-hansgrohe),
8. Michele Gazzoli, Itá (Astana),
9. Colin Joyce, EUA (Human Powered Health),
10. Leangel Linarez, Ven (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados)
– Classificação da geral individual:
1. David Gaudu, Fra (Groupama-FDJ), 14:42.11 horas.
2. Brandon McNulty, EUA (Emirados dos Emirados Árabes Unidos), a 01 segundos.
3. Ethan Hayter, GB (INEOS), MT
4. Remco Evenepoel, Bel (Quick-Step Alpha Vinil), mt
5. Erik Sven Bystrom, Nor (Intermarché-Wanty-Gobert), mt
6. Julien Bernard, Fra (Trek-Segafredo), mt
7. Daniel Martínez, Cel (INEOS), mt
8. Tony Gallopin, Fra (Trek-Segafredo), a 08.
9. Thomas Pidcock, GB (INEOS), 17.
10. Samuele Battistella, Ita (Astana), a 29.