A viver no Canadá desde os 11 anos, Jean Paul Melo atravessou o Atlântico para representar Portugal, o país que “guarda no coração”, na qualificação para o campeonato do mundo de equipas de ténis em cadeira de rodas.
O atleta, que ficou paraplégico num acidente de trabalho em 2004, é actualmente o melhor jogador nacional de ténis adaptado e um dos trunfos da selecção portuguesa no torneio europeu de apuramento para o Mundial, que decorre até sábado na Academia de Ténis de Vilamoura.
Por estes dias, a academia recebe 65 atletas de cadeiras de rodas, oriundos de 12 países, que nas horas livres aproveitam os corredores de mobilidade existentes em Vilamoura para passearem, havendo mesmo quem prescinda do transporte nos autocarros para se deslocar entre o hotel e o local do torneio.
“Ao princípio pensamos que o ténis é um bocado duro, porque tem muita técnica”, contou o atleta à Lusa, confessando que praticou arduamente até chegar ao nível em que se encontra agora, depois de se ter apaixonado pela modalidade, que começou a jogar dois anos após o acidente, com um amigo.
Jean Paul, que foi campeão nacional de ténis em cadeira de rodas nos últimos dois anos, considera mesmo que as pessoas com deficiência não devem sentir-se limitadas e lança o apelo para que “não fiquem em casa” e procurem praticar desporto, pela qualidade de vida e para evitar o isolamento.
O juiz-árbitro do encontro, Paulo Oliveira, que já desempenhou iguais funções no Estoril Open, no Porto Open, no Brazil Open e no Vale do Lobo Grand Champions, disse estar “incrédulo” com o nível de qualidade dos jogadores.
“Com as limitações que eles têm e o que eles conseguem fazer no campo transformou completamente a minha visão em relação a este tipo de eventos”, confessou.
Pedro Frazão, organizador do evento, também considera que o torneio, que pela primeira vez se disputa em Portugal, tem sido “uma lição de vida”, apontando a logística como um dos principais desafios para a organização do evento.