O Sporting sofreu este sábado para vencer no reduto do Farense (3-2), em jogo da sétima jornada da I Liga portuguesa de futebol, mas aproveitou o ‘clássico’ de sexta-feira para se isolar na frente do campeonato.
Os ‘leões’ viram um ‘bis’ de um antigo jogador transformar uma noite que tinha tudo para ser tranquila num jogo tenso e com desfecho incerto até final, apesar de ter entrado melhor. Apesar da derrota, o Farense saiu de cabeça erguida.
A mão na bola de Gonçalo Silva levou à sua expulsão, aos 18 minutos, e três minutos depois o sueco Gyökeres abriu o ativo, da marca de grande penalidade, com Pedro Gonçalves, num remate de fora da área, a aumentar para 2-0 um triunfo que, aos 35 minutos, parecia ‘encaminhado’.
Entra em cena o médio brasileiro Mattheus Oliveira, antigo jogador dos ‘verde e brancos’, com um grande golo de livre direto, aos 37, e o empate aos 55, dando aos ‘Leões de Faro’ um 2-2 sofrido após tanto tempo a jogar com menos um.
Novo penálti, sofrido pelo inglês Edwards, daria ainda assim a vitória ao Sporting, no ‘bis’ do avançado sueco, que hoje chegou aos cinco golos na I Liga, e a liderança isolada.
A formação orientada por Rúben Amorim aproveitou da melhor forma a derrota do FC Porto em casa do Benfica (1-0), que tinha assumido a liderança provisória, e isolou-se na frente, com 19 pontos, contra 18 das ‘águias’ e 16 dos ‘dragões’.
Do outro lado, os algarvios somaram a quinta derrota e somam seis pontos, para já afastados da zona de descida.
Quem desperdiçou o clássico foi o Boavista, que hoje empatou em casa com o Famalicão (2-2) e ficou com 14 pontos, em quarto, em vez de igualar os vizinhos e rivais. O Famalicão é sexto, com 12.
Cádiz adiantou os minhotos de grande penalidade, aos 12 minutos, e viria a ser expulso mais tarde, depois de Reizinho empatar, aos 44, e os festejos do golo da reviravolta, de Salvador Agra (69), darem origem a confrontos que levaram à expulsão do avançado venezuelano.
Com Tiago Morais também ‘na rua’, a partir dos 79, os ‘axadrezados’ ficaram menos acutilantes e viram Justin de Haas empatar no terceiro minuto de descontos, quando nova vitória já parecia conquistada.
No primeiro jogo do dia, as coisas agudizaram-se para o Vizela, sem vencer há três encontros e no 14.º posto, com cinco pontos em sete rondas, após perderem na receção ao Portimonense (3-2).
Os algarvios venceram já pelo segundo encontro seguido fora de portas e subiram a nonos, com oito pontos, após hoje marcarem por Carlinhos (de penálti aos 31 e depois aos 87) e Carrillo (45+1), com os golos de Essende (58), já o quarto no campeonato, e Filipe Relvas (85) insuficientes.
No domingo, o Vitória de Guimarães recebe o Estoril Praia em busca de continuar na luta pelos lugares europeus, ante adversário ‘aflito’ e com novo treinador, Vasco Seabra.
Às 20:30, o Rio Ave recebe o Moreirense, depois de o Arouca receber o Desportivo de Chaves, outro emblema com novo treinador, no caso o ex-Vitória Moreno.
Gyökeres bisou dos 11 metros em Faro e entregou liderança isolada ao Sporting
Gyökeres abriu o marcador aos 21 minutos, de grande penalidade, no lance que originou a expulsão do Gonçalo Silva, Pedro Gonçalves aumentou a vantagem aos 35, mas o Farense não se rendeu e anulou a desvantagem com dois golos de Mattheus Oliveira, aos 37 e 55, ambos de livre direto, até que, aos 90 minutos, o sueco marcou o decisivo 3-2, novamente da marca de 11 metros.
À sétima ronda da Liga, o Sporting ocupa agora o primeiro lugar isolado, com 19 pontos, mais um do que o Benfica e mais três do que o FC Porto, enquanto o Farense está no 12.º posto, com seis pontos.
José Mota, treinador dos algarvios – que tinha poupado os titulares na vitória sobre o Tondela (1-0), para a Taça da Liga, a meio da semana –, fez uma alteração face à derrota com o Moreirense (1-0), com Marco Matias a voltar à titularidade, tal como Rúben Amorim, que trocou Paulinho pelo regressado Gyökeres face ao ‘onze’ do triunfo sobre o Rio Ave (2-0).
O Sporting entrou com intenções de mandar no jogo, com algumas incursões pelas alas que não resultaram em grande perigo – Esgaio até tentou de ‘bicicleta’, mas a bola saiu muito ao lado (12) –, e, ainda no primeiro quarto de hora, perdeu o ‘capitão’ Coates por lesão, com Rúben Amorim a lançar Matheus Reis.
Aos 18 minutos, uma perda de bola de Fabrício Isidoro originou lance de contra-ataque dos forasteiros: Gyökeres correu pela esquerda, cruzou para a área e, após um ressalto, Pedro Gonçalves rematou com ‘selo’ de golo, mas Gonçalo Silva cortou a bola com o braço e foi expulso. Na conversão do respetivo penálti, o internacional sueco não desperdiçou (21), assinando o quarto golo no campeonato.
Em inferioridade numérica, o Farense baixou o ‘trinco’ Cláudio Falcão para central e ‘arrumou-se’ em ‘4-4-1’, mas os ‘leões’ mantiveram o ascendente, com Nuno Santos (24) e Marcus Edwards (25) a ameaçarem de forma consecutiva, ambos com remates para fora.
O ascendente do Sporting resultou no 2-0, aos 35 minutos, num remate de Pedro Gonçalves, rasteiro e em jeito, de fora da área, mas os algarvios demoraram dois minutos a reduzir a diferença, num livre direto superiormente executado por Mattheus Oliveira, que contornou a barreira por fora e surpreendeu Adán.
Numa primeira parte emotiva e jogada a um ritmo alto – também porque o Farense não se desmotivou, apesar da desvantagem no marcador e no número de jogadores –, a equipa de Rúben Amorim teve a última oportunidade, num remate de Gyökeres que obrigou Ricardo Velho a uma grande estirada (43).
Para o segundo tempo, o técnico do Sporting abdicou do ‘amarelado’ Hjulmand – tinha arriscado a expulsão ‘à beira’ do intervalo – e apostou em Paulinho, recuando Pedro Gonçalves para o meio-campo.
Nuno Santos esteve perto do 3-1, com Ricardo Velho a impedir o remate do ala com uma grande defesa (50), mas seria o Farense a restabelecer a igualdade, em novo livre direto marcado pelo médio brasileiro Mattheus Oliveira (55).
O Sporting começou a ‘apertar’, empurrando o adversário para o último terço, mas o guardião Ricardo Velho liderava a ‘muralha’ algarvia, evitando o livre direto de Pedro Gonçalves (59) e, dez minutos depois, com um voo sensacional, um cabeceamento de Paulinho.
Mattheus Oliveira ainda tentou surpreender de fora da área (81), mas Adán registou excelente defesa, e aos 87 minutos surgiu nova grande penalidade, por falta de Zé Luís sobre Edwards. Gyökeres voltou à marca dos 11 metros e não falhou, entregando a liderança isolada da Liga aos ‘leões’.
Declarações após o jogo Farense-Sporting (2-3)
– José Mota (treinador do Farense): “Os resultados são sempre justos. Quando neste caso, o adversário fez três golos e nós só fazemos dois. Portanto, ganha justiça exatamente o resultado.
Agora temos de ter uma avaliação muito forte o sobre estes 98 minutos e perceber o porquê de termos sofridos três golos, o porquê de só termos marcado dois golos, o porquê de termos terminado o jogo com 10. E há muitos porquês neste jogo. Nós defrontámos uma grande equipa, que ainda não perdeu esta época, muito bem orientada, com excelentes executantes. Sporting Clube de Portugal, ponto final.
Nos primeiros 15/20 minutos, o Sporting não criou situações de perigo, mas teve muita bola. Dominou o jogo, tentou jogar muito pelo meio, onde estávamos precavidos para esses momentos, onde é forte e tem jogo interior forte.
Conseguimos a partir desse momento ser uma equipa mais equilibrada e organizada. Numa transição, em que poderá existir falta sobre o Fabrício, origina o penálti. Jogar com 11 é difícil, com 10 é quase impossível com o Sporting. Mas calma, que não há impossíveis. E por que não há impossíveis? Porque veio aí a coragem de uma equipa e de jogadores que se sentiram algo injustiçados. Quando o povo se sente injustiçado, quando dói na alma, muitas vezes conseguem superar-se.
A partir daí, há um momento crucial, o golo do Sporting e, posteriormente, uma falta que existe para segundo amarelo para um jogador do Sporting [Hjulmand]. E não sei porquê, ninguém sabe porquê, não é assinalada falta nem é mostrado segundo amarelo. Nós todos percebemos que isto é o nosso futebol. Lamentamos todos os dias que há três ou quatro equipas no nosso campeonato, que no final ficam a 30 pontos do quinto… O nosso campeonato não é fraco. Este jogo não foi um jogo fraco. Eu sei que já esta época tive exatamente este tipo de dualidade de critérios.
Para perceberem [que o segundo amarelo] era merecido, que o Rúben Amorim ia fazer logo uma alteração para tirar o jogador. Gostava que o jogo tivesse 10 para 10, aí era uma questão de justiça. Nem falo das grandes penalidades, aí já se sabe como é. Quanto mais VAR, menos acertamos.
Fizemos o 2-1, sentimos a dor, a dor que o povo sente quando está a ser sacrificado, fomos à procura e conseguimos o 2-2. Não me recordo do Sporting, a vencer por 2-0, a jogar contra 10, e permitir o empate do adversário. Não me recordo. Isto é de realçar o que o Farense fez. Ainda tivemos uma bola de golo do Zé Luís, que podia e merecia ter feito melhor.
Quero dar os parabéns à minha equipa, pela coragem que teve. Os que os meus jogadores fizeram foi mostrar a mística, a alma do que é sentir ser Farense.”
– Rúben Amorim (treinador do Sporting): “[A grande presença dos adeptos] Tem sido normal, temos tido sempre o apoio deles. Foi muito importante hoje nos momentos difíceis e, portanto, quinta-feira temos mais e precisamos da ajuda dos adeptos.
Em relação ao jogo, a chave esteve no terceiro golo, que desbloqueou o jogo. Um jogo que era difícil, que se tornou fácil e depois, com duas bolas paradas, igualou-se o jogo.
Na primeira parte, poderíamos ter feito melhor com bola. Na segunda parte, fomos melhores com a bola, criámos ocasiões, não marcámos. E depois o Farense vai crescendo, ganhou dois livres, duas batidas muito boas de um jogador. Fez toda a diferença e depois foi o tentar ir para o 3-2 e acabámos por conseguir. Portanto, a chave está no terceiro golo.
Obviamente, o Farense superou-se, jogou contra uma equipa grande e, a perder 2-0, ainda conseguiu empatar o jogo. Volto a dizer que na primeira parte não tivemos a imaginação que deveríamos ter tido, não tivemos a calma que deveríamos ter tido.
Mas aí tínhamos o jogo controlado e não posso dizer que foram várias transições, foi uma transição que deu um livre, muito bem batido, que deu o 2-1. Na segunda parte, estivemos mais conscientes do que tínhamos de fazer, criámos mais oportunidades.
Um segundo livre, um golo, e complicou tudo. Fomos tentando, obviamente que o Farense tem muito mérito e nós, com o desenrolar do jogo, fomo-nos tentando adaptar. Temos de olhar para o jogo, que estava perfeitamente controlado e temos de ver onde podíamos ter feito melhor e tornar a noite mais fácil.
Se a justiça for quem criou mais oportunidades e quem esteve mais perto do golo, o Sporting foi claramente um justo vencedor. Se falarmos de uma equipa que foi estoica na forma de defender, que esteve sempre à espreita do contra-ataque, que se juntou, que lutou contra tudo o que aconteceu durante o jogo, o Farense perder os três pontos também é um pouco injusto para eles. Mas o futebol é quem marca mais golos, nós estivemos sempre mais perto de marcar golos e parece-me que a vitória é justa. Digamos que é justa a vitória do Sporting, é muito injusta a derrota do Farense.
[Lesão de Coates?] Aconteça o que acontecer, o Coates não jogará na quinta-feira. Não faço ideia. Ele sentiu, também é um jogador experiente e poderá olhar para aquilo e perceber que, se calhar, ia fazer uma lesão maior, e precaveu-se. Ainda não sei essa avaliação, mas aconteça o que acontecer o Coates não jogará na Liga Europa.”
Jogo disputado no Estádio de São Luís, em Faro
Farense – Sporting, 2-3
Ao intervalo: 1-2
Marcadores:
- 0-1, Gyökeres, 21 minutos (grande penalidade).
- 0-2, Pedro Gonçalves, 35.
- 1-2, Mattheus Oliveira, 37.
- 2-2, Mattheus Oliveira, 55.
- 2-3, Gyökeres, 90 (grande penalidade).
Equipas:
– Farense: Ricardo Velho, Pastor, Gonçalo Silva, Artur Jorge, Talocha, Cláudio Falcão, Fabrício Isidoro (Igor Rossi, 61), Mattheus Oliveira, Belloumi (Rui Costa, 77), Marco Matias (Muscat, 83) e Bruno Duarte (Zé Luís, 61).
(Suplentes: Luiz Felipe, Igor Rossi, Cáseres, Muscat, Elves Baldé, Rafael Barbosa, Rui Costa, Seruca e Zé Luís).
Treinador: José Mota.
– Sporting: Adán, Diomande, Coates (Matheus Reis, 12), Gonçalo Inácio, Ricardo Esgaio (Geny Catamo, 58), Hjulmand (Paulinho, 46), Morita, Nuno Santos (Daniel Bragança, 83), Marcus Edwards, Pedro Gonçalves e Gyökeres.
(Suplentes: Franco Israel, Matheus Reis, Luís Neto, Dário Essugo, Trincão, Paulinho, Geny Catamo, Fresneda e Daniel Bragança).
Treinador: Rúben Amorim.
Árbitro: Luís Godinho (Évora).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Hjulmand (36), Nuno Santos (53), Belloumi (58), Mattheus Oliveira (63), José Mota, treinador do Farense (63), Daniel Bragança (84), Zé Luís (85), Gonçalo Inácio (85), Pedro Gonçalves (88), Ricardo Velho (88), Artur Jorge (90+3), Morita (90+4). Cartão vermelho direto para Gonçalo Silva (18).
Assistência: 6.020 espetadores.
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