Agora que Trevor Reed, um cidadão norte-americano, ex-oficial da marinha que se encontrava detido na Rússia por alegadamente ter colocado em perigo a “vida e saúde” de agentes da polícia do país, regressou a casa, levantaram-se duas questões: Onde está Brittney Griner? E quando é que Brittney Griner regressa aos Estados Unidos?
Reed foi libertado na quarta-feira numa troca de prisioneiros envolvendo o cidadão russo Konstantin Yaroshenko, o ex-piloto que tinha sido condenado por contrabando de droga em 2011 e estava a cumprir uma pena de 20 anos no estado de Connecticut. Mas Griner, uma das principais estrelas da WNBA, continua na Rússia desde fevereiro, quando foi detida no aeroporto por estar na posse de estupefacientes, algo que a pode levar a uma pena de até 10 anos de prisão. “Foi aberto um processo criminal contra uma cidadã americana por contrabando de uma quantidade significativa de drogas”, anunciou a Rússia apenas no mês seguinte.
O regresso a casa de Reed acontece numa altura em que muitos já questionavam o porquê da detenção de Griner estar a passar para segundo plano. Aron Solomon, analista jurídico da “Esquire Digital”, realçou isso mesmo em entrevista à revista “Time”: “Brittney Griner, uma das melhores mulheres de sempre a jogar o jogo de basquetebol, saiu do radar de todos. E se fosse Kyrie Irving? Seria a primeira página de todos os jornais de todos os dias, ‘Kyrie continua detido’. Mas com Brittney Griner não tem sido”. Mas se por um lado a libertação de um cidadão norte-americano trouxe de volta o assunto, por outro, essa mesma libertação pode, segundo Solomon, não significar o melhor para a jogadora.
“Não deve ser visto como uma coisa boa. Penso que é uma coisa muito má para Brittney Griner”, disse ao site “Insider”.
Solomon explicou que tanto Griner como Reed, juntamente com Paul Whelan, também ele ex-oficial da marinha norte-americana, eram os três “presos políticos” de destaque sob custódia russa. E quando se trata da ordem desse trio, Griner encontra-se “no meio do grupo”, uma vez que é provável que o governo russo atribua um valor maior a Whelan, que é também cidadão do Canadá, Reino Unido e Irlanda. O que diferencia Griner de Reed não é o facto de a jogadora ter em sua posse alguma informação importante ou sensível, mas sim o facto de ser uma figura pública tanto nos Estados Unidos como na Rússia e, por isso, uma moeda de troca mais relevante.
“Ela é literalmente a atleta [norte-americana] de maior destaque, masculino ou feminino, na Rússia, por isso é a pessoa perfeita para capturar. E depois, claro, houve muitas outras razões baseadas em quem ela é, como ela é, que a tornaram extra-atrativa para a Rússia. Podes inserir a tua razão de escolha, certo? A sua orientação sexual, as tatuagens, o facto de ela ser negra”, afirmou Solomon.
- Texto: Tribuna do Expresso, jornal parceiro do POSTAL