Ao início da tarde desta terça-feira, o presidente russo Vladimir Putin conduziu uma cerimónia em homenagem aos atletas olímpicos russos, que, ao mesmo tempo que usavam as suas medalhas olímpicas, foram condecorados com mais uma medalha, desta vez por parte do governo do país. Nenhum destes atletas pode competir em representação da bandeira russa, até mesmo antes do início da guerra, e alguns deles são agora confrontados com novos castigos por mostrarem o seu apoio público a Putin e à invasão que este ordenou na Ucrânia.
Uma das atletas homenageadas foi a patinadora artística Kamila Valieva, que completou 16 anos esta terça-feira. A patinadora falhou um teste de doping no campeonato nacional russo em dezembro do ano passado, mas o resultado só foi revelado a 8 de fevereiro, um dia depois de ajudar o Comité Olímpico Russo (CRO) a ganhar o evento de equipas nos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim. Putin acredita que as atuações de Valieva não poderiam ter sido conseguidas com a ajuda de qualquer substância ilícita.
“Através do seu trabalho, ela levou o desporto ao nível de uma verdadeira forma de arte”, disse Putin durante a cerimónia. “Tal perfeição não pode ser alcançada desonestamente com a ajuda de substâncias suplementares ou manipulações. Sabemos muito bem que estas substâncias não são necessárias na patinagem artística”.
Depois de ser anunciado o resultado do teste, a russa foi autorizada a competir no evento individual feminino, em Pequim, pelo Tribunal de Arbitragem do Desporto, mas uma queda empurrou-a para a 4.ª posição. Ainda assim, conseguiu fazer história no evento de equipas, tornando-se a primeira mulher a conseguir um salto quádruplo nos Jogos Olímpicos.
Além de ter que lidar com um escândalo de doping, a patinadora tem ainda que lidar com as sanções aplicadas em consequência da guerra que o seu país ordenou. Várias federações desportivas internacionais, incluindo a União Internacional de Patinagem Artística (ISU), impediram a participação de atletas russos e bielorrussos em competições internacionais.
Evgeny Rylov foi outro dos atletas homenageados por Putin. A Federação Internacional de Natação (FINA) suspendeu por um período de nove meses o nadador. A decisão foi anunciada depois de Rylov ter marcado presença num comício organizado pelo presidente russo a favor da guerra.
Também neste caso Putin expressou a sua opinião, referindo-se à suspensão como “absurda” e realçando que os atletas russos e bielorrussos têm sido discriminados devido às suas nacionalidades.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL