A prova mais longa de ultra trail do país vai voltar em 2018 e a segunda edição do Algarviana Ultra Trail (ALUT) já começou a ser preparada, revelou ao POSTAL um dos responsáveis pelo evento que encara o ALUT como “uma missão para tornar o Algarve numa região maior e mais unida porque o Algarve é mar mas também é serra. É peixe mas também é caça. É calor mas também é frio”.
Depois do sucesso da primeira edição onde participaram atletas reconhecidos a nível regional, nacional e internacional, a Algarve Trail Running (ATR), quer novamente projectar para o mundo todas as potencialidades turísticas do interior algarvio, aliando o desporto à cultura e promovendo as suas culturas e gentes, contribuindo também, de forma activa e efectiva para a dinamização das economias mais desfavorecidas, para o combate da sazonalidade e para coesão territorial.
A Via Algarviana é uma estrutura pública, gerida e mantida pela Associação Almargem, com financiamento de todos os municípios que a atravessam. A ATR acredita que “as estruturas existentes devem ser potenciadas e que a união entre todos deve ser uma realidade. Nesse sentido apesar de não ser coincidente na íntegra com a Via Algarviana, o percurso da ALUT viu nessa estrutura a sua maior distância percorrida e conseguimos unir nove concelhos (Alcoutim, Castro Marim, Tavira, São Brás de Alportel, Loulé, Silves, Monchique, Lagos e Vila do Bispo) em torno de um objectivo comum: a promoção dos territórios de baixa densidade”.
Elevado grau de dificuldade da prova desafia atletas a regressarem nas próximas edições
O sentimento de dever cumprido impõem-se entre os responsáveis pela organização da primeira edição onde a competição “não poderia ter sido mais disputada”. 60 atletas pioneiros e corajosos o suficiente para embarcar nesta aventura, esgotaram as inscrições a três meses do início da prova.
Apenas 17 concluíram os 300 quilómetros de prova que, graças ao seu elevado grau de dificuldade se tornou mais desafiante para os atletas que prometeram voltar nas próximas edições. “De uma forma generalizada, os pontos mais difíceis foram o troço de Alcoutim ao Barranco do Velho (Loulé), passando por Cachopo (Tavira), devido ao seu constante sobe e desce, também conhecido como ‘serrote’ ou ‘parte pernas’. Com elevado grau de dificuldade surge ainda o troço entre o concelho de Silves e Marmelete, já no concelho de Monchique, devido às intermináveis subidas conjugadas ao vento e frio que se fez sentir”, refere ao POSTAL a organização.
Participação do público e envolvimento das populações locai foram surpreendentes
“Ver os cruzamentos de estradas não só com amigos e familiares mas também com público, que esperava para bater palmas à passagem dos atletas, foi algo que nos surpreendeu”, refere a organização. Mas ao POSTAL, um dos responsáveis pela ATR revelou que “o mais surpreendente foi o envolvimento das populações locais. Em muitos dos casos, a alimentação das bases de vida servida aos atletas foi confeccionada pelas próprias populações e, em aldeias isoladas do interior, os habitantes mantiveram-se acordados toda a noite, à porta de casa, para ver os atletas passarem. Alguns até deixaram nos muros de casa alguns garrafões de água e petiscos para os atletas”.
A equipa da ATR é reconhecida pela organização de outros eventos de trail running, entre os quais o UTRP – Ultra Trilhos Rocha da Pena e o Trail Ossonoba, e o sucesso desta primeira edição da ALUT vem comprovar, de acordo com os responsáveis, “a capacidade de planeamento, conhecimento e experiência da organização”.
(Cátia Marcelino / Henrique Dias Freire)