A portuguesa Carina Paim fez o que gostava que lhe fizessem, quando amparou a exausta Aimi Toyama depois de ambas terem terminado os 400 metros T20 dos Jogos Paralímpicos Tóquio 2020, num gesto reconhecido pelo fair play.
“Ela estava rebentada, no final da prova vi a forma como ela caiu, percebi que não conseguia mais. Sei o que custa, e fiz o que gostava que me fizessem a mim: ajudei”, conta a atleta paralímpica à agência Lusa.
A fotografia de Carina Paim a amparar e ajudar a japonesa a caminhar foi muito partilhada nas redes sociais e acabou por surpreender uma das protagonistas, com muitas mensagens de felicitações pelo gesto e um prémio de fair play, atribuído recentemente pelo Panathlon Clube de Lisboa, uma instituição que tem por finalidade a afirmação do ideal desportivo e dos seus valores morais e culturais.
“Não estava nada à espera que isto acontecesse, mas comecei a ver a fotografia a circular nas redes sociais e a correr mundo”, refere Carina Paim, admitindo que não falou com a japonesa sobre o episódio, até porque “na altura nem conseguia falar”, mas suspeitando que uma das mensagens de felicitação pelo gesto “veio da treinadora” de Aimi Toyama.
No dia 31 de agosto, no Estádio Olímpico de Tóquio, Carina Paim, de 22 anos, cedo percebeu a exigência que a nipónica estava a impor a si própria.
“No aquecimento, reparei que ela foi muito, muito rigorosa no treino. Três horas antes da prova ela estava a ‘puxar’ imenso. No fim da prova, não aguentou”, refere a atleta do Sporting, que soma medalhas em Europeus e Mundiais.
Carina Paim admite, com alguma “pena”, que gestos como o seu “não se veem muito” considerando que estes “deviam ser normais” e acrescenta: “A competição não é só correr e ganhar”.
A portuguesa terminou na quarta posição a final dos 400 metros T20, para atletas com deficiência intelectual, na qual a norte-americana Breanna Clark alcançou o ouro com recorde mundial. A japonesa foi sétima, ainda à frente de uma atleta da Malásia.
Carina Paim saiu de Tóquio com a sua melhor classificação em Jogos Paralímpicos, depois de ter sido 12.ª no Rio 2016, e como protagonista de um gesto “simples”, que gostava de “ver repetido sempre que seja preciso”.