Um golo de Bruno Duarte na reta final da partida permitiu este sábado ao Farense empatar 1-1 na receção ao Famalicão, em jogo da 21.ª jornada da I Liga de futebol.
Os famalicenses, que somaram o terceiro jogo sem vencer, embora tenham interrompido uma série de duas derrotas, adiantaram-se aos 19 minutos, com um grande golo do brasileiro Sorriso, em estreia absoluta na equipa minhota, tendo os algarvios, que vinham de uma derrota no campeonato frente ao FC Porto, resgatado o empate já no segundo minuto de descontos, através de Bruno Duarte.
Com este empate, o Farense isola-se, para já, no sétimo lugar, com 26 pontos, enquanto a equipa de Famalicão ocupa o nono posto, com 23 pontos.
Bruno Duarte marca golo nos descontos e impede ‘Sorriso’ do Famalicão
O extremo brasileiro Sorriso, em estreia absoluta pelos minhotos, abriu o marcador com um ‘golão’, aos 19 minutos, mas o seu compatriota igualou, aos 90+2, no seu quarto jogo seguido a marcar, já depois de a partida ter estado interrompida cerca de cinco minutos, quando Chiquinho identificou um adepto algarvio por alegados insultos racistas.
Com o segundo empate consecutivo, o Farense ocupa, à condição, o sétimo lugar, com 26 pontos, mais três do que o Famalicão, nono, que hoje voltou a pontuar depois de duas derrotas consecutivas.
José Mota manteve nos algarvios o mesmo ‘onze’ do empate (1-1) no reduto do Desportivo de Chaves, enquanto, nos minhotos, João Pedro Sousa fez três alterações face à derrota com o Moreirense (1-0), há duas jornadas, promovendo os regressos de Justin de Haas e Chiquinho e a estreia absoluta do extremo brasileiro Sorriso, um dos reforços de inverno.
Os primeiros minutos revelaram um Famalicão com mais bola e o Farense a ameaçar de fora da área, mas o lance de maior perigo no primeiro quarto de hora até aconteceu num atraso de Nathan Santos em direção à sua própria baliza, aos sete minutos, que obrigou o guarda-redes Luiz Júnior a esforçar-se para ceder canto.
Foi o Famalicão que tirou o jogo do marasmo e abriu o marcador, aos 19 minutos, com Sorriso a apresentar-se da melhor forma ao futebol europeu, num remate indefensável de fora da área com o pé esquerdo, na ‘ressaca’ de um corte da defesa local.
O Farense podia ter empatado pouco depois, aos 22 minutos – Mattheus Oliveira, em excelente posição dentro da área, falhou o remate –, mas, até ao intervalo, raramente conseguiu entusiasmar os seus adeptos, com um jogo sem rasgo na organização ofensiva.
Em vantagem, o Famalicão mostrava-se mais tranquilo, controlando a posse de bola, e Chiquinho desperdiçou uma boa ocasião, aos 39 minutos, quando, em vez do remate, preferiu passar a bola para uma zona onde não estava qualquer companheiro de equipa.
No reatamento, já com o extremo argelino Belloumi em campo, os algarvios tentaram impor maior dinâmica, com Luiz Júnior a defender ‘a dois tempos’ um remate de Bruno Duarte (49 minutos) e Mattheus Oliveira a atirar de ‘bicicleta’ junto ao poste (54).
A formação minhota respondeu à altura, com duas ameaças no espaço de um minuto – um ‘tiro’ ao lado de Chiquinho (56 minutos) e uma má finalização de Sorriso (57) –, levando José Mota a mexer novamente na sua equipa, e desta vez também no sistema tático.
Mais pressionante, o Farense esteve perto do empate várias vezes: aos 65 minutos, Luiz Júnior impediu o remate à meia volta de Gonçalo Silva e, na recarga, Mihaj cortou o remate com ‘selo’ de golo de Mattheus Oliveira, com o guarda-redes a ser novamente decisivo pouco depois, impedindo remates perigosos de Bruno Duarte, aos 73, e Rafael Barbosa, aos 77.
O jogo esteve interrompido entre os 80 e os 84 minutos, depois de Chiquinho se ter alegadamente queixado de insultos racistas vindos da bancada, tendo a PSP identificado um adepto afeto aos algarvios, que através do ‘speaker’ apelaram à contenção e sublinharam estar “contra o racismo”.
Nos descontos (90+2 minutos), o Farense chegou à igualdade, na sequência de um cruzamento largo da esquerda de Talocha e de dois toques de cabeça, de Belloumi e de Cristian Ponde, que assistiu Bruno Duarte para o oitavo golo do avançado na Liga.
Cristian Ponde ainda teve nos pés o golo da reviravolta, no sexto minuto de descontos, mas Luiz Júnior fez a ‘mancha’ e voltou a somar nova excelente defesa.
Declarações após o jogo Farense-Famalicão (1-1)
– José Mota (treinador do Farense): “Duas partes completamente diferentes. Não entrámos em jogo. Quem entrou muitíssimo bem no jogo foi o Famalicão. Sabemos que tem excelentes jogadores e se tem projetado com essa qualidade. Sabíamos que gostam de chamar a si o jogo.
Não fomos muito agressivos, os médios jogaram muito livres e o Famalicão, sem criar grandes oportunidades, conseguiu estar a vencer com um grande golo. É justo, a haver uma equipa a vencer [ao intervalo], sem dúvida que era o Famalicão, pelo que fez.
A segunda parte foi completamente diferente, principalmente pela nossa atitude, pela forma como quisemos mudar o jogo, pelos duelos que ganhámos, por obrigarmos o adversário a recuar as suas linhas.
As alterações foram melhorando a equipa, jogámos mais perto da baliza do Famalicão, tivemos várias oportunidades para mudar o marcador, fizemos dois golos, só valeu um e ainda tivemos um lance de grande penalidade que não foi assinalado. Marcámos dois golos que deviam valer, mas afinal só valeu um.
[A situação do insulto racista ao Chiquinho] Não me apercebi absolutamente de nada. Estou longe, sentei-me no banco, estávamos a perder e queria que o jogo fosse rapidamente recomeçado.
Se realmente existiu alguma coisa nesse sentido, tem de ser penalizado, como é óbvio. Mas vocês conhecem o São Luís, as pessoas de Faro são respeitadoras, são boas e gostam de futebol.
Se calhar, amanhã, vocês vão realçar mais um caso, no meu ponto de vista, sem grande significado, do que o caso do nosso golo [anulado]. Isto é que é importante. Fizemos dois golos, merecíamos ter ganhado, porque fizemos dois e acabámos por empatar. Esse caso era importante que vocês frisassem.
Quanto a isso [situação com Chiquinho], não estava presente, disseram-me que era por uma ‘boca’ qualquer que veio da bancada. Não vamos tornar um caso que, sinceramente, para mim, não é caso”.
– João Pedro Sousa (treinador do Famalicão): “Frustração completa. Não só devido ao momento em que sofremos o golo, mas basicamente por aquilo que conseguimos dar ao jogo, aquilo que tentámos fazer para condicionar o adversário.
De uma forma muito geral, criámos o suficiente para chegar ao segundo golo e evitámos muito daquilo que o Farense costuma fazer, com exceção de algumas bolas diretas, alguns duelos e algumas situações de cruzamentos, como aconteceu no 1-1. São situações difíceis de controlar. Pecámos nesse último lance, mas em lances anteriores já podia ter acontecido.
Pelo controlo de jogo que tivemos, sempre a olhar para a baliza do adversário, sempre com intenção de levar a bola para longe da nossa baliza, por vezes chegámos mesmo a dominar o jogo, mas não fomos fortes no ataque à baliza, na finalização. Tivemos muitas situações em que podíamos ter feito melhor. Infelizmente, acabámos por perder dois pontos e empatar o jogo.
[Situação com Chiquinho?] São situações lamentáveis. Nós, Famalicão, vimos de duas semanas que não podem acontecer.
Em Famalicão, estava toda a gente a preparar-se para um espetáculo desportivo [jogo com o Sporting] e um grupo de pessoas, pessoas entre aspas, resolveram andar à pancada. Um colega que trabalha comigo, o Pedro Silva, ficou estendido no chão e foi para o hospital. Foi o Pedro, podia ser outro Pedro qualquer. É incrível como ainda vemos Pedros no chão à porta dos nossos estádios e essas pessoas, entre aspas, estavam preparadas para ir para a bancada de um espetáculo desportivo prontas para fazer aquilo que fazem cá fora.
Hoje, aconteceu outra coisa que também não deve acontecer no futebol. Estas pessoas não podem estar nos estádios, não podem estar nos espetáculos desportivos. Se acontecesse numa sala de cinema, este senhor era expulso. Temos de tomar medidas urgentes, porque vivemos todos do futebol e o espetáculo do futebol é para as pessoas, portanto, vamos dar-lhes coisas positivas e não coisas como o que aconteceu na semana passada e hoje, a todos os níveis lamentáveis”.
Jogo disputado no Estádio de São Luís, em Faro
Farense – Famalicão, 1-1
Ao intervalo: 0-1
Marcadores:
0-1, Sorriso, 19 minutos.
1-1, Bruno Duarte, 90+2.
Equipas:
– Farense: Ricardo Velho, Pastor, Gonçalo Silva, Muscat (Cristian Ponde, 87), Talocha, Cláudio Falcão, Cáseres (Fabrício Isidoro, 59), Elves Baldé (Rafael Barbosa, 59), Mattheus Oliveira, Marco Matias (Belloumi, 46) e Bruno Duarte.
(Suplentes: Luiz Felipe, Fran Delgado, Artur Jorge, Rafael Barbosa, Talys, Fabrício Isidoro, Cristian Ponde, Belloumi e Vítor Gonçalves).
Treinador: José Mota.
– Famalicão: Luiz Júnior, Nathan Santos (Aguirregabiria, 64), Enea Mihaj, Justin de Haas, Francisco Moura, Zaydou Youssouf, Mirko Topic, Chiquinho (Riccieli, 89), Gustavo Sá (Gustavo Assunção, 78), Sorriso (Puma Rodríguez, 64) e Jhonder Cádiz (Florian Danho, 78).
(Suplentes: Zlobin, Puma Rodríguez, Henrique Araújo, Gustavo Assunção, Riccieli, Filipe Soares, Florian Danho, Aguirregabiria e Théo Fonseca).
Treinador: João Pedro Sousa.
Árbitro: Hélder Malheiro (Lisboa).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Nathan Santos (24), Gustavo Sá (50), Enea Mihaj (70), Chiquinho (75), Luiz Júnior (77) e Justin de Haas (79).
Assistência: 4.815 espetadores.
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