O Farense somou este sábado o segundo triunfo na I Liga portuguesa de futebol, juntando a excelente exibição ao aproveitamento dos muitos erros defensivos do Sporting de Braga para vencer (3-1) o encontro da quinta jornada.
No duelo familiar entre o pai Artur Jorge, no banco dos bracarenses, e o filho Artur Jorge, pela primeira vez titular nos algarvios, o mais novo levou a melhor, com os golos dos companheiros de equipa Bruno Duarte (31 minutos), Rui Costa (44) e Belloumi (58), enquanto Banza assinou o tento minhoto (56).
Os algarvios, com o segundo triunfo consecutivo caseiro, subiram, à condição, ao oitavo lugar, com seis pontos, menos um do que o Sporting de Braga, sétimo a seis pontos da liderança, ocupada para já pelo FC Porto.
José Mota fez duas alterações no ‘onze’ algarvio face à derrota (1-0) em Famalicão, com as novidades Artur Jorge e Bruno Duarte, enquanto Artur Jorge operou três mudanças nos bracarenses em relação à vitória sobre o Moreirense (3-2), com os regressos de Al Musrati e Ricardo Horta e a estreia a titular do internacional português João Moutinho.
Os minhotos assumiram a posse de bola na fase inicial, período que culminou aos 11 minutos, com um ‘tiro’ de fora da área de Al Musrati, que obrigou a uma grande estirada de Ricardo Velho para evitar o primeiro golo da partida.
O Farense respondeu aos poucos, aumentou os índices de agressividade e começou a ‘roubar’ mais bolas no seu meio-campo ofensivo, somando vários remates sem perigo no espaço de poucos minutos, perante um Sporting de Braga muito apático e que foi acumulando, ao longo do jogo, demasiados erros defensivos.
Aos 31 minutos, o perigo foi de uma área à outra e resultou no 1-0: João Moutinho acertou ‘em cheio’ na barra e, na resposta, em transição rápida, Fabrício Isidoro conduziu a bola e passou a Bruno Duarte, que, já na área, ‘trocou as voltas’ ao central José Fonte e rematou colocado com o pé esquerdo.
O Farense empolgou-se, com o apoio dos seus adeptos, e assumiu o ascendente. Aos 40 minutos, Rui Costa, isolado, falhou incrivelmente o remate após passe de Fabrício Isidoro, mas o avançado redimiu-se pouco depois.
Aos 44, Belloumi ganhou espaço, em diagonal da direita para o meio, e atirou para defesa incompleta de Matheus, que correu para tentar segurar a bola dentro da área, mas acabou por, de forma infantil, ‘oferecer’ o esférico a Rui Costa, com o dianteiro a aproveitar para concluir facilmente para o 2-0.
Antes do intervalo, Álvaro Djaló podia ter reduzido, mas Ricardo Velho somou mais uma grande defesa (45+2).
Para a segunda parte, Artur Jorge arriscou, apostando em Zalazar e Abel Ruiz para tentar mudar o rumo dos acontecimentos, expondo ainda mais a equipa em termos defensivos.
Num dos primeiros lances após o reatamento, o videoárbitro descortinou uma cotovelada de Abel Ruiz a Artur Jorge na grande área, mas Rui Costa desperdiçou a respetiva grande penalidade, atirando muito por cima (51).
Simon Banza reduziu a diferença, num cabeceamento ao segundo poste, após cruzamento da esquerda de Álvaro Djaló (56), mas o Sporting de Braga não conseguiu ganhar moral, porque o Farense respondeu imediatamente com o 3-1, numa jogada à esquerda entre Rui Costa e Mattheus Oliveira, que desequilibrou a defensiva bracarense, com Belloumi a atirar para a baliza deserta (58).
O terceiro tento ‘matou’ a reação dos minhotos, que caíram em termos anímicos e viram o Farense desperdiçar várias oportunidades, por Pastor (73), Marco Matias (77 e 82) e Rafael Barbosa (83), enquanto, na pressão final dos bracarenses, Pizzi rematou ao poste (88) e desperdiçou outra ocasião clara aos 90+7.
Declarações após o jogo Farense-Sporting de Braga (3-1)
– José Mota (treinador do Farense): “Estou cansado, mas feliz. Todos estamos cansados, porque nos esforçámos muito para ter esta exibição. Os meus jogadores interpretaram muito bem aquilo que nós pretendíamos.
Nos primeiros 10/15 minutos, o Sporting de Braga teve mais posse, sem criar grande perigo. A partir daí, não só assumimos o jogo também, como conseguimos, primeiro, boa organização defensiva, depois recuperámos muitas bolas no meio-campo, saímos para o ataque com grande critério, conseguimos dois golos e tivemos ainda mais uma ou outra oportunidade muito boas. Contra uma equipa como o Sporting de Braga, temos de ter muito mérito pela forma como o fizemos. Os meus jogadores foram excelentes.
Analisámos o adversário e sabemos o que vale, o que têm feito no campeonato. Deram a volta várias vezes, conseguiram anular desvantagens contra Desportivo de Chaves e Moreirense, e sabíamos que iam entrar fortes [na segunda parte], também com as alterações produzidas.
Mas aí é que eu penso que tivemos mesmo muito mérito, não só por anular esses momentos do adversário – aquilo que queria alterar e não conseguiu –, mas pela forma mais convincente ainda como pressionámos, como tivemos bola e soubemos gerir essa posse, construindo várias situações de golo.
É claro que há momentos muito importantes no jogo. Tivemos uma estabilidade mental muito forte e muito boa organização, quando falhámos a grande penalidade e após o golo do Sporting de Braga. Poderia ser um momento negativo nosso, mas reagimos muitíssimo bem, conseguimos um golo de muito belo efeito e ainda construímos mais algumas oportunidades, contra um adversário que tudo fez para não ter este resultado.
Estou feliz, pelo comportamento que a equipa teve, pela estabilidade e, fundamentalmente, porque estamos a dar continuidade ao que temos feito”.
– Artur Jorge (treinador do Sporting de Braga): “[O que não correu bem?] Tudo. Sobretudo aquilo que era o mais importante, a possibilidade de ganhar aqui mais três pontos. Nós hoje não conseguimos ganhar aqui o jogo, como queríamos e como poderíamos ter feito.
Sinto que tivemos alguns momentos do jogo, particularmente na primeira parte e até à reação em que fizemos o 2-1, em que a equipa foi menos agressiva do que o adversário, teve menos capacidade de ganhar os duelos, foi menos capaz de ganhar segundas bolas quando o adversário usou um jogo mais direto. Tivemos dificuldade numa fase inicial também na nossa construção, pela lenta circulação que procurámos imprimir em jogo.
Depois de fazer o 2-1, sofremos imediatamente o terceiro golo e aí, foi a equipa a procurar mais com o coração do que com a cabeça e a não ser capaz de definir melhor quando encontrou espaços e situações em que nos encontrámos mais próximos da baliza adversária.
[Liga dos Campeões na cabeça de alguns jogadores?] Não quero acreditar que isso possa ser possível. Nós, a este nível, temos de ter capacidade de separar muito bem cada um dos momentos. Neste mês vamos ter seis jogos, dois dos quais para a Liga dos Campeões, portanto, tem de haver aqui a separação do que possa ser o estado emocional para abordar um e outro jogo. No entanto, hoje não fomos felizes naquilo que acabámos por fazer em Faro.
[Confronto com o filho, central do Farense?] Foi um jogo especial, de facto. Vi que o Artur fez um grande jogo e ajudou a sua equipa a conseguir o resultado que queria também”.
Jogo disputado no Estádio de São Luís, em Faro
Farense – Sporting de Braga, 3-1
Ao intervalo: 2-0
Marcadores:
1-0, Bruno Duarte, 31 minutos.
2-0, Rui Costa, 44.
2-1, Simon Banza, 56.
3-1, Belloumi, 58.
Equipas:
– Farense: Ricardo Velho, Pastor, Gonçalo Silva, Artur Jorge, Talocha, Cláudio Falcão, Fabrício Isidoro, Mattheus Oliveira (Vítor Gonçalves, 81), Belloumi (Rafael Barbosa, 76), Rui Costa (Marco Matias, 72) e Bruno Duarte (Zé Luís, 76).
(Suplentes: Luiz Felipe, Igor Rossi, Cáseres, Rafael Barbosa, Talys, Cristian Ponde, Marco Matias, Vítor Gonçalves e Zé Luís).
Treinador: José Mota.
– Sporting de Braga: Matheus, Víctor Gómez (Adrián Marín, 66), José Fonte, Paulo Oliveira, Borja (Zalazar, 46), Al Musrati, João Moutinho (Abel Ruiz, 46), Álvaro Djaló (Pizzi, 76), Ricardo Horta, Bruma (Rony Lopes, 76) e Simon Banza.
(Suplentes: Lukas Hornicek, Serdar, Abel Ruiz, André Horta, Zalazar, Vítor Carvalho, Adrián Marín, Rony Lopes e Pizzi).
Treinador: Artur Jorge.
Árbitro: António Nobre (Leiria).
Ação disciplinar: cartão amarelo para João Moutinho (37), Gonçalo Silva (37), Abel Ruiz (50), Talocha (62), Rui Costa (71), Paulo Oliveira (83), Zalazar (86), Artur Jorge (90) e Al Musrati (90+4).
Assistência: 5.006 espetadores.
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