Ana Marques Gonçalves, da agência Lusa
Alejandro Marque gostaria de ver os amigos Delio Fernández e Frederico Figueiredo no pódio da Volta a Portugal, com o campeão de 2013 a considerar que nada está decidido e há “um amplo número de ciclistas que podem ganhar”.
“De fora, estou a acompanhar a Volta de outra maneira, é diferente. Mas desde que a RTP entra em direto, aí estou. Estou a trabalhar e a ver os meus ex-colegas. Tenho algumas saudades, mas também não tenho nostalgia nesse aspeto. Ver este calor e eles a sofrer é o que me dá menos saudades”, contou o amigo de Delio Fernández e de Frederico Figueiredo à agência Lusa.
É na sua loja de bicicletas em A Estrada (Pontevedra) que Alejandro Marque sintoniza a emissão da sua prova preferida, aquela que o celebrizou em 2013 e da qual se despediu no ano passado, com um honroso quinto lugar final. Esse acompanhamento diário, assim como o conhecimento profundo que tem do pelotão nacional, no qual passou toda a sua carreira (2004-2022), permite ao galego de 41 anos opinar com autoridade sobre aquilo que está para vir.
“Neste momento, há um amplo número de ciclistas que podem ganhar. Penso que está tudo muito equilibrado e o que vai ditar [o desfecho] vai ser, nesses ‘arranca, pára’, quem escolhe o melhor momento e o melhor grupo. Creio que nos homens que estão aí [na frente da geral], há um que vai aí quietinho e que penso que na Senhora da Graça vai ser o dia em que ele dê tudo ou nada, se chega com opções lá, [que] é o António Carvalho. Vai aí tapadinho, deixando o resto trabalhar”, apontou.
Terceiro classificado na passada edição da Volta, o ciclista da ABTF-Feirense é sétimo na geral, a 01.30 minutos do camisola amarela, o russo Artem Nych (Glassdrive-Q8-Anicolor), e, segundo Marque, é um sério candidato à vitória final, tal como ainda o é Figueiredo, oitavo a 01.49 do seu colega de equipa.
“No âmbito de amizade, gostava que o Delio e o Fred estivessem no pódio”
“O Fred está com tempo perdido, mas não está de todo arrumado da classificação geral. Creio que a equipa que pode fazer movimentações, porque é mais forte, é a Glassdrive, evidentemente. Tudo pode acontecer. Depende da tática que queiram dar e quem querem que ganhe esta Volta a Portugal. Eu gostaria que trabalhassem para ele, e evidentemente, para mim, no âmbito de amizade, gostava que o Delio [Fernández] e o Fred estivessem lá [no pódio]”, assumiu.
‘Vizinho’ do atual segundo classificado da geral e grande amigo do vice-campeão em título desde que foram companheiros de equipa no Tavira (durante quatro épocas), ‘Alex’ lembra que falta muita Volta, neste regresso da 84.ª edição à estrada, após o dia de descanso.
“Parece-me que a Volta este ano é um bocadito menos dura daqui para a frente do que no resto dos anos. Por exemplo, no ano passado tínhamos o Observatório [de Vila Nova], que era duríssimo, e onde uma pessoa como o Fred pode fazer grandes diferenças. O Larouco depende de como esteja o vento. Irá fazer mais ou menos diferenças, mas poucas. Pode fazer mais a montanha anterior, depende de como planeiem a corrida”, antecipou, referindo-se à sétima etapa, que hoje liga Torre de Moncorvo ao ponto mais alto de Montalegre, no total de 162,6 quilómetros.
O antigo ciclista deixou ainda um ‘aviso’ às equipas nacionais que estão a lutar pela geral da 84.ª edição, que termina no domingo, com um contrarrelógio em Viana do Castelo.
“Cuidado porque há aí muita gente da (Euskaltel) Euskadi com quem ninguém está a contar e isso, no final, pode acontecer de tudo. Evidentemente, agora a corrida vai ser controlada pela Glassdrive e vai ser diferente. Eles têm o poder para controlar a corrida”, estimou o também terceiro classificado em 2015 e 2021 e vencedor de três etapas, uma delas no alto da Torre.
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