Filha de pais angolanos, Cláudia Pedro nasceu em Almada em agosto de 1999. Com Paula Rego e Francisco Goya no seu “speed dial” de inspiração artística, Cláudia tem a certeza de que quer ser pintora desde que se lembra. Andou na emblemática Escola António Arroio e licenciou-se em Artes Plásticas na ESAD CR, em 2020.
Aborda a sua arte com a explosividade e liberdade influenciada pela obra de Paula Rego, contando já com um portfolio com peças de grandes dimensões, como “Once Uppon a Time/Era Uma Vez”, com 5 metros de comprimento e 1,5 de altura.
Ganhou notoriedade com um projeto inserido na BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas, em 2021. Projeto este que iniciou em 2017 e que “começou como um projeto simples de ilustrações em gravura, onde retratei de forma simplificada os animais de quinta que possuía em casa e que tinham comportamentos interessantes. Ao viver durante muitos anos com eles por perto, observei os seus comportamentos e decidi criar uma simbiose entre o ser humano e o ser animal, através de uma narrativa divertida. Foi-me oferecido o livro “A Quinta dos Animais”, de George Orwell, que me ajudou a aprofundar ainda mais esta narrativa, principalmente com uma das frases do livro que diz ‘Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros’. Ao perceber que os animais podem ter comportamentos que se assemelham com o comportamento humano e características que se podem aplicar em ambos os seres, crio histórias que ajudam / fazem o observador refletir naquele ambiente e divertir-se”.
Em maio vai lançar a exposição “Comportamentos iguais aos nossos”, onde encerra o ciclo de gravuras críticas à ligação do ser humano com os animais “de quinta”, e lança uma exposição que diz que “tem sido muito desafiante, pois envolve muita pesquisa, muitas imagens muitos textos e livros. Com certeza que estou no bom caminho para começar esta nova série de pinturas, que será uma nova etapa na minha vida, um novo passo para a minha arte”.
Cláudia Pedro é uma artista que segue um caminho de consistência na qualidade e criatividade dos seus projetos, com maturidade para encarar os desafios das produções dos mesmos com a explosividade que fala, e que se comprova quando assistimos ao produto final.
Se o mundo acabasse amanhã, a artista luso-angolana estaria a descascar camarões em frente a uma pintura da eterna Paula Rego.
- Por João Melo (Glantosz) – Texto e fotografias
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