A observação da natureza é muitas vezes motivo de espanto. Não será por acaso mas antes o resultado dos seres humanos, sendo parte dessa natureza, estarem numa posição de ser também “descobridores” da complexidade da vida e dos fenómenos naturais que nos rodeiam.
Este fascínio pela natureza reflete-se na necessidade de estar rodeado por ela, na praia, na floresta ou na montanha e de poder prolongar esse prazer pela observação de lugares únicos ou momentos significativos.
A pintura e a fotografia têm servido esse propósito ao longo dos últimos séculos. Alguns
autores elevaram esses registos a obras de arte, como as paisagens de John Singer Sargent, William Turner ou de Claude Monet ou a fotografia dos atuais Franz Lanting, Art Wolf ou Jim Brandenburg. Estes e outros conjugaram a sua arte com a aventura de pintar ou fotografar em lugares magníficos ou até a desafiarem-se a pintar a mesma temática e explorar a luz ao longo do dia e das estações, como Monet fez na sua série de pinturas de campos com medas de feno ou a jornada primaveril de Jim Brandenburg, em que realizou uma magnífica série de 90 fotografias de natureza só registando uma imagem por dia.
Estes parágrafos servem para explicar a minha admiração pelos autores citados e pelo interesse que sempre tive na fotografia e na pintura, na maior parte das vezes aplicadas em separado. Desta vez aventuro-me a conjugar as duas; pintar uma mesma paisagem, em algumas sessões ao longo de duas semanas, e que possam resultar num “time-lapse” de pintura que represente a evolução da luz e da paisagem ao longo de um típico dia na Ria Formosa durante a época estival. A aventura terá lugar durante a exposição
“Paisagem Algarve” que estará na Galeria Municipal ARCO e sede da ALFA, em Faro. Do dia 22 de junho até ao dia 15 de julho. Divulgação do “time-lapse” de pintura no dia 6 de julho.