O projeto “Nada se Perde, Tudo se Transforma – Clube de Costura Sustentável”, do Agrupamento de Escolas Rio Arade, em Lagoa, consiste na criação de uma oficina de costura sustentável no espaço escolar que apoie os alunos na criação de peças de roupa com materiais reutilizáveis, permitindo a realização de ações de sensibilização sobre o fast fashion (moda de vestuário rapidamente descartável) e contribua para a criação de uma rede de solidariedade na comunidade através da elaboração de parcerias estratégicas com entidades locais e outros membros da comunidade escolar.
O projeto, que teve início no ano letivo de 2022/2023, abrange cerca de 20 alunos do 2.º e 3.º ciclos.
Este é um projeto empoderador que teve origem na vontade dos alunos e envolve sinergias da comunidade educativa. Acreditamos na capacitação dos jovens e na inspiração para a sua vida futura, contribuindo também para um mundo mais sustentável. É, sem dúvida, um projeto inovador para o jovem do séc. XXI
Segundo disse ao POSTAL a educadora social Filipa Ferreira, responsável pelo projeto, as boas práticas do “Nada se Perde, Tudo se Transforma – Clube de Costura Sustentável” assentam em três pontos. “O 1.º ponto é o facto de o projeto ter surgido de uma ideia dos alunos e considerado uma necessidade, por eles identificada na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, na participação num projeto, ‘MyPolis’, promovido pela autarquia de Lagoa. Apesar de ter sido criado por alunos, para alunos, atualmente envolve todos os membros da comunidade escolar”.
Para Filipa Ferreira, o 2.º ponto interessante de referir é que o conceito do fast fashion foi apresentado aos alunos na sequência de uma formação/mobilidade Erasmus+ em que participaram a educadora social Filipa Ferreira e as professoras Rosário Figueiredo e Cristina de Jesus.
“Esta formação proporcionou o reforço de conhecimentos e metodologias pedagógicos que facilitaram a disseminação de práticas, permitindo que os alunos se inspirassem e considerassem este projeto prioritário. Assim, destaca-se a importância da necessidade permanente de formação de pessoal docente e não docente para que a inovação aconteça no espaço escolar”.
Finalmente, a atribuição de uma Bolsa Social EPIS (Empresários pela Inclusão Social) proporcionou “a aquisição de materiais, conceder uma bolsa de estudo a uma aluna (durante o período de três anos), a valorização e o reconhecimento público do trabalho dos alunos, bem como um maior destaque do projeto na comunidade”.
Realça-se que alguns materiais “foram doados por membros da comunidade educativa, como por exemplo: as máquinas de costura e alguns tecidos. A professora Rosário Figueiredo, que dinamiza o clube, fá-lo de forma voluntária”.
O projeto “Nada se Perde, Tudo se Transforma – Clube de Costura Sustentável” integra-se na tipologia de operação Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP), tendo o apoio do Programa Regional ALGARVE 2030.
A aprendizagem mútua e a partilha de saberes
P – Como é que a comunidade escolar avalia o projeto?
R – As famílias e os alunos destacam a importância da aquisição de competências que promovam a autonomia, criatividade e inovação. Valorizam a aprendizagem de técnicas não abordadas no currículo, mas que se podem constituir como uma ferramenta de trabalho ou facilitar a adoção de um estilo de vida mais sustentável.
P – E o seu projeto no sucesso educativo?
R – Consideramos que todas as atividades que promovem a cidadania ativa, a solidariedade, e que
contribuem para que os alunos alcancem as áreas de competência do PASEO (Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória), têm um impacto positivo no sucesso educativo. A promoção do bem-estar dos alunos e da comunidade é facilitadora do sucesso educativo. Na nossa opinião, o sucesso educativo deve incluir ações e atividades que preparem os jovens para os desafios da sociedade atual e do futuro, gerando um impacto global no desenvolvimento holístico de crianças e jovens.
P – Quais têm sido os resultados conseguidos?
R – O projeto tem concretizado as atividades previstas em plano de ação. Desenvolveu dois workshops de costura e contou também com a colaboração de familiares de alunos. O clube funciona semanalmente com a participação de alunos, professores, técnicos e assistentes operacionais, articulando com outras atividades da escola. Recentemente, colaborou com a Horta Comunitária e o Centro de Apoio à Aprendizagem na criação do “Espantalho da Horta”, apresentando as técnicas da costura a um maior número de estudantes.
P – Os resultados atingidos justificam a continuidade do projeto?
R – Os resultados têm sido alcançados e o projeto irá continuar, pelo menos durante o período da atribuição da Bolsa Social EPIS. Consideramos que esta é uma ideia inovadora que permite que os jovens se apropriem de técnicas de costura enquanto aumentam a sua consciência ambiental e reformulam hábitos de consumo, facilitando também a participação de outros membros da comunidade, como por exemplo pais, avós, pessoal docente e não docente, numa perspetiva de aprendizagem mútua e partilha de saberes.
Melhorar as aprendizagens, promover o sucesso escolar e reduzir o abandono escolar precoce
O investimento na Educação constitui, desde a primeira hora, uma prioridade. O Programa Regional do Algarve, através de financiamento comunitário, apoia as intervenções diretas das escolas, no âmbito dos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP), que visam melhorar as aprendizagens, promover o sucesso escolar e reduzir o abandono escolar precoce.
Com o Programa CRESC Algarve 2020, foram apoiadas iniciativas de 11 escolas TEIP, nos concelhos de Lagoa, Lagos, Loulé, Olhão, Portimão e Vila Real de Santo António, abrangendo mais de 20.600 alunos. O investimento de Fundo Social Europeu alcançou os 6,4M€ ao longo de um período de sete anos, com impacto visível na redução da taxa de retenção e desistência (do ensino básico e do ensino secundário).
No Programa ALGARVE 2030 aumentámos as verbas com Fundo Social Europeu e demos grande prioridade ao sucesso escolar, agora em 15 escolas TEIP, acrescentando escolas de Albufeira, Aljezur e Vila do Bispo.
Reforçamos a prioridade à inclusão social, com projetos específicos em escolas com uma percentagem elevada de alunos migrantes ou que não têm o português como língua materna, exigindo medidas específicas para este público-alvo em prol da melhoria das aprendizagens.
Como metas, espera-se neste início do Programa ALGARVE 2030 abranger inicialmente 17.000 alunos e uma nova redução da taxa de retenção e desistência.
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