O ator britânico Leon Vitali, que foi assistente pessoal do realizador Stanley Kubrick, morreu na sexta-feira, aos 74 anos, em Los Angeles, nos Estados Unidos, avançou esta segunda-feira a agência Associated Press (AP).
De acordo com a família do ator, o Lord Bullingdon de “Barry Lyndon”, filme de Stanley Kubrick estreado em 1975, morreu “em paz rodeado por entes queridos, incluindo os três filhos: Masha, Max e Vera”.
“Leon era um homem especial e adorável, movido pela curiosidade, que espalhava amor e carinho por onde passava. Será lembrado com amor e fará muita falta às pessoas que tocou”, afirmaram os seus filhos, num comunicado enviado à AP por Masha Vitali.
Embora Leon Vitali fosse muitas vezes designado como assistente de Stanley Kubrick, o documentário “Filmworker” (2017), de Tony Zierra, desvendou a enorme contribuição, em grande parte desconhecida, que o ator teve no trabalho de uma das maiores figuras do cinema, de “The Shining” a “De olhos bem fechados”.
Leon Vitali fez de tudo, de ‘castings’ e direção de atores à supervisão de restauros. Uma vez, Vitali chegou a instalar um monitor de vídeo, para que Stanley Kubrick pudesse acompanhar o seu gato moribundo.
Antes de conhecer Kubrick, Leon Vitali era um artista em ascensão no Reino Unido, tendo participado em várias séries de televisão, entre as quais “Softly, softly”, “Follyfoot”, “Z Cars” e “Notorious woman”.
Em 1974, foi selecionado para o papel de Lord Bullingdon em “Barry Lyndon”, o enteado da personagem principal, que deu nome ao filme, interpretado por Ryan O’Neal.
Leon Vitali ficou tão fascinado por Kubrick e os seus processos de trabalho, que acabou por desistir de ser ator e dedicou-se inteiramente ao cineasta por mais de duas décadas.
Na ficha técnica de “The Shining”, Leon Vitali aparecia como “assistente pessoal do realizador”, embora essa fosse apenas uma parte da história. Leon Vitali ajudou a escolher Danny Lloyd, de 4 anos, para o papel de Danny Torrance, e Louise e Lisa Burns para serem as gémeas Grady.
“Fiz uma verdadeira mudança radical na minha vida e foi quando disse ‘estou mais interessado nisto’, do que estava na interpretação. Foi a decisão mais consciente que já tomei. Houve alguns sacrifícios, mas também ganhos”, afirmou Leon Vitali à AP em 2017.
Depois da morte de Stanley Kubrick, em 1999, Leon Vitali dedicou-se a supervisionar o restauro de filmes do realizador, tendo recebido um prémio da Cinema Audio Society pelo seu trabalho.
Mais tarde, trabalhou com o realizador Todd Field em “Pecados Íntimos” (2006) e “Vidas Privadas” (2001).
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL