A segunda edição do Cinema Lençol promete um cartaz empolgante, dedicado à comunidade e à arte. As sessões serão às sextas-feiras do mês de agosto com entrada gratuita pelas 21:00 horas em diferentes locais na aldeia de Querença.
O pontapé de saída será no dia 5 de agosto em plena Escadaria da Fundação Manuel Viegas Guerreiro com o aclamado internacionalmente “O conto do vento”, filme de animação de Cláudio Jordão e Nelson Martins, que nos trás uma fábula com lugar numa aldeia no norte interior, contando a história de uma menina e da sua mãe, e de como vão vivendo no seio de uma sociedade preconceituosa. A curta que arrecadou 23 prémios internacionais foi escolhida para festivais em toda a Europa e Coreia do Sul acabando por integrar um circuito de cinema comercial de qualidade em França, as chamadas “sala de arte e de ensaio” como complemento de longas-metragens.
Ainda no mesmo dia há uma pergunta que se colocará: o que terão em comum uma das mais famosas cineastas dos Anos 50 e um icónico fotógrafo e muralista da atualidade com milhares de seguidores no instagram?
A paixão arrebatadora pelas imagens e pela forma como são criadas, projetadas e partilhadas, mas cada um à sua maneira. Enquanto Agnes Varda explora esta paixão através do cinema e do documentário JR fá-lo através das suas emocionantes instalações fotográficas ao ar livre. “Olhares Lugares” resulta da sinergia de ambas formas de expressão documentando a amizade que se forma durante o processo criativo enquanto atravessam a França Rural.
No dia 12 de agosto o lençol estender-se-á no Largo da Igreja Matriz, abrindo a sessão com a curta metragem premiada “De vez em quando levanto-me e vou à janela” de Paulo Tomé e Eduardo Pinto, seguindo-se o drama biográfico “Camille Claudel 1915” de Bruno Dumont. Corre o inverno de 1915 quando Camille se vê enclausurada num asilo no sul de França pela mão da própria família. O Filme narra o período de reclusão de Camille enquanto aguarda a visita do seu irmão Paul Claudel. O filme retrata o fim da vida da escultora que, muito provavelmente por ser mulher, não terá tido o sucesso do seu amante Auguste Rodin.
No dia 19 na Ermida Nossa Senhora do pé da Cruz, no lençol brilhará a curta metragem “Yoni & Tadeo” de Roméo de Melo Martins seguindo-se o conto burlesco de exploração de identidade, de nacionalidade e de pertença que relata ao longo de 102 minutos da comédia dramática, a saída do realizador da Palestina rumo a uma viagem de descoberta, de Paris a Nova Iorque em busca de uma nova vida e procurando a resposta à pergunta “Onde é que nos podemos sentir em casa?”: “O Paraíso, provavelmente” de Elia Suleiman.
Chegamos ao último fim de semana do evento com dois dias seguidos de cinema. No dia de 26 a sessão ocorrerá no Parque de Jogos da Casa do Povo de Querença sendo o arranque assegurado por Eduardo Pinto com “Quatro Milhões de Quilómetros” seguindo-se a comédia romântica de Caroline Vignal “O meu Burro, o meu amante e eu” que conta a história de Antoinette, uma professora que vê as suas voltas trocadas quando o seu amante e pai de uma aluna sua, decide ir de férias com a mulher e com a sua filha, rumo ao caminho do Parque Nacional de Cévennes descrito por Stevenson em “Travels with a Donkey in the Cévennes”. Ironicamente Antoinette decide percorrer o mesmo caminho com esperança de se cruzar com Vlamidimir…mas ironicamente acabará por fazê-lo com um teimoso burro por companhia.
Dia 27 e para encerrar mais uma Edição de Cinema Lençol, o evento passa ao espaço Be-tween em Faro com a curta “Alte, Canto Mulher” de Eduardo Pinto (Projeto Daqui Sente o que Vês da Associação Figo Lampo). Mostrando um pouco do interior ao litoral.
A sessão será fechada com o filme francês rodado no Algarve: “Até Nunca” de Benoît Jacquot. Rey (Mathieu Amalric) e Laura (Julia Roy) moram numa grande casa isolada em pleno mar. Ele é um cineasta, ela atua em performances que cria. No entanto, um dia Rey morre. Com o choque da perda vêm as dúvidas e questões trazidas pela incerteza da causa da morte (seria acidente ou suicídio?) Sem chegar a conclusão nenhuma, Laura fica sozinha em casa e, aos poucos no seu luto vai se perdendo, chegando a um ponto em que já não se reconhece de tanto que deixou de ser ela própria. Mas será que está mesmo sozinha? Rey, o seu marido falecido continua lá na casa isolada em pleno mar. Por e para ela, como um longo sonho debatendo-se para que a essência desta não se perca e garantindo que Laura sobreviva.
Para além de bom cinema ao ar livre, esta edição contará com a presença de todos os autores das curtas metragens apresentadas que enriqueceram as sessões com detalhes e pormenores do processo criativo das suas criações.
Mais informações aqui.
Programação Cinema Lençol 2022:
Sexta, dia 5 de agosto 22
Escadaria da Fundação Manuel Viegas Guerreiro
Abertura: Curta metragem de animação “Conto do Vento” de Cláudio Jordão e Nelson Martins
Documentário: “OLHARES LUGARES” de Agnès Varda e JR
M/12 | 93’
Sexta, dia 12 de agosto 22
Largo da Igreja Matriz
Abertura: Curta metragem “De vez em quando levanto-me e vou à janela” de Paulo Tomé e Eduardo Pinto
Drama biográfico: “CAMILLE CLAUDEL 1915” de Bruno Dumont
M/12 | 95’
Sexta, dia 19 de agosto 22
Ermida de Nossa Senhora do Pé da Cruz
Abertura: Curta metragem “Yoni & Tadeo” de Roméo De Melo Martins
Comédia dramática: O PARAÍSO, PROVAVELMENTE de Elia Suleiman
M/12 | 102’
Sexta, dia 26 de agosto 22
Parque de Jogos da Casa do Povo de Querença
Abertura: Curta metragem “Quatro milhões de quilómetros” de Eduardo Pinto
Comédia romântica: “O MEU BURRO, O MEU AMANTE E EU” de Caroline Vignal
M/12 | 97’
Sábado, dia 27 de agosto 22
Galeria Be.tween, Faro
Abertura: Curta metragem “Alte, Canto Mulher” de Eduardo Pinto (Projeto Daqui Sente o que Vês)
Drama: “ATÉ NUNCA” de Benoît Jacquot
M/16 | 86’
Tertúlia / debate
Uma iniciativa da Associação Figo Lampo, conta com a coordenação e produção de Eduardo Pinto, Paulo Tomé e Verónica Guerreiro.
Apoio da Câmara Municipal de Loulé, Direção Regional da Cultura do Algarve, União de Freguesias de Querença, Tôr e Benafim, Casa do Povo de Querença e Fundação Manuel Viegas Guerreiro.