Flicts, de Ziraldo, é o volume inaugural da colecção Pererê, publicada pelas Edições Tinta-da-china.
«A língua pode ser uma cor. A língua pode ser uma festa. A língua que cá brinca à apanhada e lá brinca de pega‑pega é a mesma aqui e acolá, e cresce como uma roda gigante sempre que a deixamos girar.»
Está lançado o mote para esta colecção, que abre justamente com um livro dedicado à cor e que nos relembra de como o português é uma língua composta por muitas outras línguas, e que se reveste de muitos outros tons e de muitas outras melodias.
Mas, afinal, o que é Flicts? É uma cor que não é igual a nenhuma outra e só quer encontrar um amigo que a aceite tal como ela é. Com texto e ilustrações de Ziraldo, esta obra publicada originalmente em 1969, revoluciona a literatura e o grafismo, formando um poema que é também e sobretudo um poema visual. Flicts conta a história poética de uma cor diferente que procura o seu espaço no mundo. Um poema gráfico onde conflui a oralidade e a aliteração, mas sobretudo uma obra profundamente visual, em que a cor enche a página e conta as peripécias de Flicts na sua autodescoberta, quase sem precisar de palavras. As ilustrações resultam assim sobretudo do grafismo e da simbologia das cores que, com traços económicos e geométricos, facilmente pintam o mundo, as bandeiras, o arco-íris.
Uma história de inclusão, de autodescoberta, de expressão, e do poder da cor como linguagem.
O livro inclui ainda um texto de Fernando de Castro Ferro da primeira edição e uma recensão de Carlos Drummond de Andrade.
A colecção Pererê, publicada pelas Edições Tinta-da-china, e lançada numa parceria com o jornal Público, traz para Portugal os maiores clássicos da literatura infanto‑juvenil brasileira. A Flicts, seguiram-se Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque, A Bolsa Amarela, de Lygia Bojunga, Bisa Bia, Bisa Bel, de Ana Maria Machado, e As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Ziraldo Alves Pinto dedica-se há décadas à literatura e à ilustração. É artista gráfico, humorista, escritor, ilustrador, cartunista, caricaturista, dramaturgo e jornalista. Nasceu em 24 de Outubro de 1932, em Caratinga, Minas Gerais. Premiado no Brasil e no exterior, recebeu, entre outros, o Prémio Ibero-americano de Humor Gráfico Quevedos. Em 1960, lançou a pioneira revista Pererê, em banda desenhada, uma das suas paixões mais antigas, e alcançou tiragens mensais de 120 mil exemplares. Ainda nos anos 1960, fundou, com outros humoristas, o irreverente jornal O Pasquim e esteve presente em vários jornais do Brasil, construindo uma legião de fãs com as personagens The Supermãe, Jeremias o Bom, e Os Zeróis.
Em 1980, publicou O Menino Maluquinho, considerada a sua maior criação, com quatro milhões de exemplares vendidos só no Brasil.