Sayonara EMO! O restaurante de fine dining que, desde a abertura do hotel em 2009 ocupava parte do primeiro piso e respetiva varanda virada para o golfe deu lugar ao novo Sensai, um restaurante que procura a “fusão de sabores asiáticos com a tradição da cozinha portuguesa”.
Inaugurado como Tivoli Victoria, o resort foi a primeira unidade de alojamento construída de raiz pelo grupo português. Mudaram os proprietários e o resort assumiu, em 2017, a identidade Anantara Vilamoura Algarve Resort, tornando-se o primeiro da marca em território nacional. As ambições do EMO foram sempre grandes, mas o reconhecimento internacional nunca chegou, ainda que tivesse sido galardoado com vários Garfo de Ouro, do guia Boa Cama Boa Mesa, no tempo em que era liderado por Bruno Rocha. Já em novo ciclo, com Bruno Viegas aos comandos da cozinha, o EMO atingiu novo nível de notoriedade ao ser galardoado com um Award of Excelence pela conceituada revista norte-americana Wine Spectator, em resultado do trabalho que tinha sido desenvolvido pelo wine guru António Lopes.
A grande viagem
De forma discreta, o Sensai recebeu os primeiros clientes no final de julho, já em plena época de verão. O segredo estava bem guardado e a razão não era para menos. O Sensai, o novo asiático do Anantara Vilamoura ocupa agora o espaço que, desde a abertura do hotel, pertencia ao restaurante EMO. Antes, Bruno Viegas mergulhou nos segredos e receituário das principais cozinhas asiáticas, que agora estão à prova no novo restaurante, em variações mais puristas e outras, de abordagem mais contemporânea, que mostram o caminho de descoberta do chef executivo e equipa. Os sabores exóticos da China, Japão, Índia e Tailândia fundem-se várias vezes com clássicos da cozinha portuguesa, com o cuidado de privilegiar os produtos algarvios, nomeadamente aqueles que chegam do mar.
De quimono, o chef Bruno Viegas faz as honras da nova casa, também vestida de novas cores e motivos orientais, que apelam a sentidos alerta para esta viagem à mesa que é uma “homenagem à história marítima de Portugal durante os Descobrimentos” e uma alusão ao comércio de especiarias. Com um pequeno menu em formato origami que sugere cocktails e sobremesas, a ementa do Sensai guarda, desde logo, uma pequena surpresa: o poema “Oriente” de Sophia de Mello Breyner Andresen. No geral, a ementa aponta dois caminhos, um mais generalista e outro focado no sushi magistralmente tratado pelo “reforço” Fábio Terada, que dá excelente caminho e algumas variações artísticas aos peixes e mariscos, preparados em nigiri, maki, gunkan e sashimi. Com o “Omakase sushi” é possível escolher o número de peças, que pode variar entre 18 e 54 (desde €40), e deixar o chef preparar uma seleção, garantidamente “especial”. Há também um tentador “Sashimi moriawase”, com 8, 12 ou 16 peças (a partir de €20).
Fusão Ásia Portugal
O couvert dá o primeiro sinal exótico com “Telha de arroz tufado”, “Kokis do Sri Lanka”, “Pappadums”, “Chutney de tomate rosa” e “Raita de pepino”. Seguem-se clássicos das várias cozinhas asiáticas, como tempuras e crepes chineses, mas também sugestões mais eloquentes como o “Tártaro de carabineiro picante, abacate e ovas de tobiko” (€36), as “Vieiras braseadas, molho ponzu e kimchi” (€29/ 3 un.), e a gulosa “Sopa de soja fermentada, amêijoas à ‘Bulhão Pato’ e katsoubushi” (€14).
A primeira ementa do restaurante Sensai é larga e com muito para provar, como que justificando, desde logo, uma segunda e terceira visita, permitindo seguir um caminho de “descobrimento” diferente a cada passagem. Registam-se, desde já, as “Gyozas”, que têm como estrela maior a versão “Gyusuji”, com carne de novilho e molho hoisin, mas também, nos pratos de peixe, o “Maguro” (€38), com tataki de atum e molho de alho e citrinos, e o “Phad Thai Goog” (€28), preparado com camarão, noodles de arroz e amendoim. Elencam-se ainda duas opções de caril, destacando-se uma nova fusão com a tradição portuguesa preparada por Bruno Viegas: bochecha de novilho e batatas, cozinhadas lentamente em caril massaman (€33). Nas carnes, não há voltar que se possa dar. “Kagoshima” (€105), ou seja 150 gramas de bife da vazia japonês “Wagyu” A5, da região japonesa de Kagoshima, é uma experiência imperdível.
A mesma linha de trabalho é também – e bem – visível na dupla de ramen do restaurante Sensai. Elogie-se a versão “Como um cozido à portuguesa” (€28), que revela a criatividade e ousadia do chef, ao casar, sem preconceitos, a clássica sopa de noodles com a potência de sabores de um cozido em que não faltam carnes e enchidos de Monchique. Em alternativa, atreva-se no ramen “de peixe e camarão à algarvia” (€28).
Sobremesa sonora
Com consulta através de uma ementa origami, nas sobremesas, destaca-se “Anantara 5 Senses” (€14) , uma criação do chef de pastelaria João Silva, preparada com maçã, yuzu, caramelo e chocolate gold, que envolve a sugestão da equipa de sala, em percorrer o prato usando os cinco sentidos para apreciar sabores e texturas. Para não estragar a surpresa, fique muito atento aos “sons” desta sobremesa
O restaurante Sensai, localizado no Anantara Vilamoura Algarve Resort (Tel. 289317000) funciona diariamente, mas apenas ao jantar, entre as 19h00 e as 22h00.
Sobre o Anantara Vilamoura Algarve Resort escreve a edição 2022 do guia Boa Cama Boa Mesa: “Quase todos os tratamentos no Spa deste hotel, com 280 quartos e suítes, incluem um foot ritual com café e sal do Algarve. Há esfoliações com envolvimento de laranja e o óleo base é de amêndoas doces. A ligação à região faz-se também nos padrões, materiais e móveis, já que ‘o luxuoso não é uma parede pintada de ouro, mas ter o que é único e nosso’. Deleite-se com o pequeno-almoço, passe no bar e saboreie os peixes e mariscos do Ria. Espreite os campos de golfe, piscinas e faça um passeio de jipe até Alte”.
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