José Cid manifestou a sua “solidariedade” para com Pedro Abrunhosa, esta semana alvo de críticas da Embaixada da Rússia, na sequência de um concerto em Águeda, a 2 de julho, durante a qual se insurgiu contra o presidente russo Vladimir Putin e a atuação do regime russo no contexto da invasão da Ucrânia.
Num vídeo intitulado “Je suis Pedro Abrunhosa”, o veterano afirma: “Aqui fica a minha solidariedade com a atitude do Pedro Abrunhosa. Tem todo o direito, com objetor de consciência que é, de acusar em palco o governo russo por aquilo que está a acontecer na Ucrânia”.
Cid lembra que tem no seu espetáculo um tema intitulado ‘De Ditadores Está o Cemitério Cheio’ “e não vou permitir que alguém me tente calar”.
“Parabéns, Pedro Abrunhosa, fizeste muito bem. Estou contigo incondicionalmente. Todos os teus colegas te respeitam”, conclui.
Recorde-se que, em Águeda, ao interpretar ‘Talvez F****’ (que nos anos 90 dirigiu, em concertos, ao então primeiro-ministro Cavaco Silva), Pedro Abrunhosa adaptou a letra para fazer referências a Putin, pedindo ao público para que se juntasse a si no coro: go f*** yourself. “É Águeda que manda, Vladimir”, acrescentou. Nas suas redes sociais, a Embaixada da Rússia afirmou que retiraria “as respetivas conclusões” das palavras do músico, que acusa de ter dito “várias coisas grosseiras e inaceitáveis sobre os cidadãos da Federação da Rússia”.
Pedro Abrunhosa pediu esta sexta-feira ao governo português um posicionamento. “Compreendemos que a Embaixada da Rússia não entenda facilmente o significado de liberdade de expressão, mas não deixa de ser inédito e muito preocupante que um cidadão português, em Portugal, seja assim intimidado por uma representação diplomática estrangeira”, pode ler-se em comunicado emitido pela Sons em Trânsito, agência que representa Abrunhosa.
No mesmo dia, o Ministério dos Negócios Estrangeiros vem repudiar o “tom e conteúdo” do comunicado da Embaixada da Rússia em Portugal, tendo sublinhado “através dos meios diplomáticos”, “a liberdade de expressão, com particular ênfase no domínio cultural e artístico, como um valor inalienável em Portugal”.
- Texto: Blitz do Expresso, jornal parceiro do POSTAL