Decorreu este sábado, dia de 11 de fevereiro, pelas 15h00 na Praça da República, em Alcoutim, a inauguração da exposição “Carlos Brito – Vida e Obra”, que contou com a presença de Carlos Brito, seus familiares, presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves e os vereadores Paulo Paulino e Rosa Palma.
“A exposição foto-biográfica retrata uma vida dedicada à defesa de ideais e convicções e de luta pela liberdade, por um país desenvolvido e socialmente justo”, salienta a autarquia alcouteneja.
Homem culto, político esclarecido, combativo e coerente, Carlos Brito faz parte da história política de Portugal das últimas décadas. Mas o seu nome está igualmente ligado à história recente de Alcoutim, a terra que considera de origem e à qual tem dedicado os últimos anos.
Conforme o próprio referiu, “as comunidades fortalecem-se conservando e valorizando a memória dos seus filhos mais ilustres e projetando o seu exemplo nas vicissitudes do presente e apontando-o para iluminar os caminhos do futuro”.
Seguidamente, o presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, Osvaldo dos Santos Gonçalves, deu início à sessão de pré-apresentação do livro “Estar Presente”, de Carlos Brito com umas breves palavras o autor e agradeceu à organização o trabalho desenvolvido.
O público presente foi ainda brindado com um mini concerto de guitarra, com declamação de poemas protagonizado por um amigo do autor.
A exposição pode ser visitada até 8 de fevereiro de 2024, na Praça da República, em Alcoutim.
Sobre Carlos Brito
Carlos Alfredo de Brito nasceu em Lourenço Marques, atual Maputo (Moçambique), a 9 de fevereiro de 1933, vindo residir para Alcoutim com 4 anos, onde frequentou o ensino primário. Em 1946 transferiu-se para Lisboa, matriculou-se na Escola Veiga Beirão e estudou contabilidade no Instituto Comercial de Lisboa.
A partir de 1950 envolveu-se na luta oposicionista contra a ditadura, sendo preso pela primeira vez pela PIDE em 1953, por integrar a direção universitária do Movimento de Unidade Democrática (MUD Juvenil). Após sair da prisão foi convidado para militante do Partido Comunista Português (PCP), passando a viver na clandestinidade como funcionário do partido.
Voltou a ser preso em 1956 (durante sete meses) e em 1959 (ao longo de 7 anos e 2 meses), sob a acusação de ser membro, funcionário e desempenhar funções de direção no PCP. Voltou à clandestinidade e estudou, durante um ano, em Moscovo, na escola do Partido Comunista da União Soviética para quadros estrangeiros.
Em 1967 integrou o comité central do PCP e passados três anos ingressou na sua comissão executiva, o principal organismo de direção do partido no interior do país. Após o 25 de abril de 1974 incorporou a comissão política do comité central do partido.
Durante 16 anos desempenhou as funções de deputado. Primeiro, na Assembleia Constituinte, onde foi vice-presidente do grupo comunista e, depois, na Assembleia da República, onde ao longo de 15 anos foi líder parlamentar do PCP. Em 1980 foi candidato à presidência da República tendo desistido, nas vésperas do ato eleitoral, a favor da candidatura do general Ramalho Eanes.
Em 1999 fixou residência em Alcoutim, onde se inseriu ativamente na vida local, contribuindo qualificadamente para o desenvolvimento e progresso do concelho. Pertenceu aos corpos sociais de algumas agremiações, fundou o Jornal do Baixo Guadiana (em 2000) e foi membro da Assembleia Municipal.
No ano 2003, devido a divergências políticas e ideológicas, quebrou a sua relação com o PCP, continuando a manter as suas ideologias, apesar de fomentar um espírito de mudança e renovação.
Iniciou-se muito jovem na atividade literária, publicando poemas e artigos em revistas de cultura e na imprensa diária e regional. Em 1992 foi nomeado diretor do jornal «Avante», cargo que ocupou durante 6 anos. A sua obra literária reflete o seu intenso e longo empenhamento político, mas só começou a publicar os seus livros, além de textos de intervenção política, quando cessou as funções de líder parlamentar, em 1991. Tem quase duas dezenas de livros publicados, entre poesia, ficção, memórias e sobre a problemática do desenvolvimento regional. Colaborou igualmente em várias obras coletivas e está representado em diversas antologias.
Ao longo do seu percurso de vida foi agraciado com diferentes condecorações, nomeadamente a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1997), grande oficial da Ordem da Liberdade (2004), pelo presidente da República, a medalha de mérito municipal, grau prata (1996) e a medalha de honra (2019), ambas pela Câmara de Alcoutim.