Bruno Inácio, que coordena a candidatura de Faro a Capital Europeia da Cultura (CEC) 2027, explicou à agência Lusa que este estudo tem um “caráter, se não inédito, raro”, por procurar medir o retorno antes do final da fase de candidaturas, e procura “saber ao máximo qual será o retorno, para cada euro investido, em cada uma das áreas” identificadas.
“A ideia foi fazer um estudo antes, tentar prever alguns impactos, para dar apoio à decisão e garantir que efetivamente estamos a tomar uma decisão correta, que nos permite ter retorno para o território”, contextualizou o coordenador da candidatura Faro2027, sublinhando que “não é conhecido outro estudo idêntico” na fase de candidaturas, mas apenas após a escolha como CEC.
Realizado pela Faculdade de Economia da Universidade do Algarve (UAlg) e por uma consultora, o estudo considera que os “impactos resultantes da realização de uma CEC são bastante heterogéneos”, mas aponta que, “em média, cidades comparáveis com Faro em termos populacionais, orçamentaram 40 milhões” para a iniciativa.
“Por cada euro alocado nas despesas de investimento da Faro2027, estima-se que o impacto direto gerado na despesa, no VAB [Valor Acrescentado Bruto], no emprego e no IVA seja, nos serviços criativos, artísticos e de espetáculo de 1,21 euros, nos serviços de alojamento de 1,285 euros, na produção dos serviços de restauração e similares de 1,45 euros”, estima o estudo, a que a Lusa teve acesso.
O documento prevê que os “fundos nacionais” sejam aqueles que “mais contribuem para financiar as despesas operacionais”, atingindo “12 milhões de euros ou 40% do total de financiamento público”, enquanto os recursos locais representam “a segunda fonte de financiamento público mais importante”, contribuindo com “um valor a rondar os oito milhões de euros” e “25% do valor orçamentado para despesas operacionais”.
“O orçamento de gastos operacionais é, em grande medida, comprometido com despesas relativas ao cumprimento do programa cultural (em média, 77,8% do total das despesas operacionais previstas, num valor a rondar os 31 milhões de euros)”, precisa ainda o estudo.
Por outro lado, estima-se também que o investimento em infraestruturas, embora “os dados disponíveis não permitam uma análise detalhada desta dimensão”, impliquem “um investimento por habitante entre os 672 e os 1.302 euros, financiado em grande medida por fundos nacionais”.
Bruno Inácio destacou que os valores referidos no estudo representam “um compromisso político para o investimento”, uma vez que “não se está a falar de dinheiro cabimentado e alocado tecnicamente” e “ainda se está longe dessa fase”.
“A importância que este estudo tem é que nos dá a capacidade, de continuarmos no processo e, se formos para a segunda fase da candidatura e formos Capital Europeia da Cultura, de ter uma base importante para ir sendo trabalhada e ajustada e nos ir acompanhando ao longo do caminho”, justificou.