O músico Pedro Abrunhosa conversou e atuou esta quarta-feira perante mais de 400 alunos e o Presidente da República em Belém, ocasião que aproveitou para saudar os professores portugueses, que reivindicam melhores condições de carreira.
“Os professores, que eu saúdo aqui, têm feito um trabalho notável para que este país se mantenha em pé e na dignidade com que tem de continuar”, afirmou Pedro Abrunhosa, durante uma sessão do programa “Músicos no Palácio de Belém”.
Estas palavras, numa altura de negociações entre Governo e sindicatos de professores, que têm feito greves e manifestações, suscitaram uma salva de palmas.
Pedro Abrunhosa falava num palco montado no antigo picadeiro real, depois adaptado a Museu dos Coches, junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, que hoje se transformou em sala de espetáculos, com filas de braços erguidos a segurar telemóveis para filmar o músico.
Entre perguntas e respostas, Abrunhosa foi cantando e tocando ao piano temas da sua autoria, como “Para os braços da minha mãe”, “Não posso mais” e “Que o amor te salve nesta noite escura”, que compôs dois dias depois da invasão da Ucrânia pela Federação Russa, em fevereiro do ano passado.
Ao longo da sessão, o músico incentivou os jovens a fazerem aquilo que os apaixona, não desistirem, e defendeu que “inspiração não existe”, contrapondo: “No processo artístico o que importa, meus amigos, é trabalhar, é trabalho”.
Sobre o ensino, considerou que “em Portugal e não só, no mundo inteiro, está feito para resultados, é resultadista, no sentido em que muitas vezes interessa pouco aprender, mas acertar”, acrescentando: “Aprender e acertar são coisas diferentes”.
Na plateia estavam estudantes, do 7.º ao 12.º anos, de escolas secundárias, profissionais e colégios de Lisboa, Oeiras, Vila Verde e Celorico de Basto. O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, assistiu a tudo sentado discretamente ao fundo da sala e só se levantou no fim.
O Presidente da República caminhou até ao palco para elogiar o seu “muito amigo” Pedro Abrunhosa, que descreveu como “um interventor” e “um rebelde” que cativa gerações de jovens há 30 anos e que “não envelhece”.
“Sempre que há mudanças, em Portugal ou no mundo, o Pedro está lá, sempre”, disse.
Marcelo Rebelo de Sousa subscreveu o incentivo do músico aos jovens para que sigam aquilo que os apaixona, ressalvando porém que “às vezes não é possível, porque não há condições económicas, sociais, pessoais, de ambiente” para isso.
“Mas façam o mais parecido com aquilo que vos apaixona e ao longo da vida sejam assim”, aconselhou.
Depois, o chefe de Estado pediu a todos que aplaudissem Pedro Abrunhosa “por continuar apaixonado há, muito, muito, muito tempo” e o encontro terminou com as habituais fotografias de grupo.
O programa “Músicos no Palácio de Belém” vai juntar até 31 de maio compositores, maestros, cantores, pianistas, guitarristas e outros instrumentistas de vários géneros musicais com alunos do 3.º ciclo do ensino básico e do ensino secundário.
Desde que assumiu a chefia do Estado, em 2016, Marcelo Rebelo de Sousa promoveu outras iniciativas com formato semelhante, que levaram ao Palácio de Belém escritores, cientistas, jornalistas, desportistas e artistas plásticos.