O Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP) desafiou esta quinta o Governo a celebrar o início das aulas em escolas como a da Trafaria, situada “em frente a uma lixeira” e com alunos que “passam frio no inverno”.
No dia que marca o arranque de mais um ano letivo, o sindicato decidiu “homenagear os professores e todos os outros profissionais de educação que, mesmo em situações muito difíceis, dão o seu melhor” para que as crianças e jovens tenham o melhor ensino, disse o coordenador nacional do STOP, André Pestana, em declarações à Lusa.
O STOP escolheu a escola sede do Agrupamento de Escolas da Trafaria, em Almada, em oposição à escola escolhida pelo Governo para a sessão solene de abertura do ano letivo: A Escola Secundária Alves Martins, em Viseu.
O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, estará hoje em Viseu acompanhado pelos seus secretários de estado, mas também pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro.
A Secundária Alves Martins “é uma escola com todas as condições para os alunos e é conhecida por aparecer sempre em destaque nos ‘rankings’ pelos seus resultados académicos”, saudou André Pestana, frisando logo de seguida que ainda existem muitas outras escolas “onde os alunos passam frio no inverno e calor no verão”.
“Nos últimos meses recebemos queixas de profissionais de educação, de norte a sul do país, sem quaisquer condições térmicas. Temos casos de alunos que passam tanto frio que têm de levar botijas de água quente, que só os aquece nas primeiras horas de aulas. Na Escola da Trafaria, por exemplo, os alunos passam frio no inverno e têm calor no verão”, criticou André Pestana.
“O desafio que fazemos aos nossos políticos é que, em vez de escolherem as escolas que já estão claramente acima da média, venham contactar com estas realidades, venham ao país real das escolas com problemas a nível térmico e acústico”, disse.
A equipa do STOP escolheu um estabelecimento de ensino que “tem uma lixeira em frente”, mas poderia ter ido para outras onde “entra água nas salas quando chove”, exemplificou.
Sem conseguir quantificar quantas escolas estão nestas situações, André Pestana disse não ter quaisquer dúvidas de que há “milhares e milhares de crianças por todo o país a ter aulas sem condições”.
Além da falta de condições físicas, o ano letivo arranca hoje com milhares de professores em falta, um cenário que o ministro da Educação admite que poderá agravar-se nos próximos dias.
Cerca de 1,3 milhões de estudantes do 1.º ao 12.º anos começam, entre hoje e a próxima segunda-feira, um ano letivo em que “milhares de alunos” voltam a não ter todos os professores.
Tal como tem acontecido nos últimos anos, o regresso às aulas volta a ser marcado pela falta de professores, em especial na área metropolitana de Lisboa e no Algarve.
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