























O Hotel Vila Galé foi palco do seminário cultural ‘Saber Popular em Torno da Mobilidade’ que reuniu em Tavira vários sociólogos, historiadores, geógrafos e paremiólogos, entre outros intervenientes, para debater um novo conceito de mobilidade.
O projecto está integrado no programa de actividades elaborado pela Comissão de Migrações (CMig) da Sociedade de Geografia de Lisboa (SGL), presidida por Maria Beatriz Rocha-Trindade, segundo a qual, a principal ideia do seminário foi mostrar “as várias vertentes de deslocações, não se ficando apenas pela ideia redutora da migração e ainda muitas vezes a ideia da emigração clandestina e da marginalidade”. Ao POSTAL, Maria Beatriz disse que o objectivo foi “dar a conhecer a diversidade da mobilidade que, numa base subjacente de unidade, ajuda a melhor ver o recorte das individualidades. É justamente através da movimentação de homens e ideias que diversas culturas chegam à nossa e se relacionam com os subgrupos em que se integram, marcando significativamente determinadas nacionalidades. Muitas vezes, até através das segundas e terceiras gerações, vão-se inserindo na nossa cultura”.
“A mobilidade humana transporta consigo a carga cultural da região de origem” refere Rui Soares

O seminário organizado em parceria com a Associação Internacional de Paremiologia / International Association of Paremiology (AIP-IAP) e o Clube UNESCO de Paremiology-Tavira (CUP-T), “trata-se de um seminário de intersecção do fenómeno da mobilidade social com o conteúdo cultural das gentes envolvidas nas migrações quer históricas quer actuais em dadas envolvências geográficas e sociais”, nas palavras de Luís Aires-Barros, presidente da SGL.
Rui Soares, presidente da AIP-IAP, considera que “a mobilidade humana transporta consigo a carga cultural da região de origem, modificada ao longo da vida por um processo de adaptação constante. O saber popular reconhece, por forma directa ou indirecta, a existência desta realidade e encontra formas capazes de o traduzir”.
A escolha por Tavira deve-se precisamente à história e às influências que a cidade sempre teve. Para Jorge Botelho, presidente da Câmara, “uma história tão profunda como a nossa não se fez certamente só com os residentes mas também pelas múltiplas influências que foi recebendo”. O autarca considera que apesar de sermos “todos iguais como pessoas, somos todos diferentes em termos de identidades culturais e, preservar a nossa identidade, é uma obrigação dos dirigentes de hoje”.
Seminário realizou-se após a Semana Europeia da Mobilidade

O seminário realizou logo após a Semana Europeia da Mobilidade (de 16 a 22 de Setembro) e, para Maria Beatriz Rocha-Trindade, “estamos a caminho de uma grande inovação que é adaptar aos nossos dias esta ideia de mobilidade”.
Entre 23 e 24 de Setembro, passaram pelo Hotel Vila Galé diversos oradores para debater temas como: ‘As Comunidades Portuguesas e a Mobilidade Como Ato Transformador’ (Paulo Pisco); ‘Mapas Culturais e uma Nova Geografia num Destino Turístico Global’ (Alexandra Gonçalves); ‘Algarve: os Desafios da (I)Mobilidade’ (Cristiano Cabrita); ‘Algarve Film Commission (AFC)’ (Jacques Mer e Eduardo Pinto); ‘A OTAN e o Mediterrâneo’ (Raúl Ferreira da Cunha); ‘Geopolitica do Mar do Algarve, no Cruzamento da Bacia Mediterrânica com o Golfo de Cádiz e o Oceano Atlântico’ (José Castro Centeno); ‘Portugal e o Mar: Crenças, Práticas, Devoções’ (Maria Beatriz Rocha-Trindade); ‘Mobilidade Proverbial’ (Rui Soares); e ‘Tavira, um Exemplo de Relevância Cultural’ (Daniel Santana) que encerrou o evento.
(Cátia Marcelino / Henrique Dias Freire)