A Câmara de Loulé, em parceria com a Associação Almargem, convida a população à (re)descoberta da Ribeira do Cadouço ou Cadoiço, como é conhecida localmente, dedicando-lhe dois dias com a organização de um evento a decorrer nos dias 4 e 5 de Junho.
No dia 4 realizar-se-á, na Biblioteca Municipal de Loulé, uma apresentação seguida de debate que irá abordar o passado, o presente e os futuros projectos na Ribeira do Cadoiço, contando com a apresentação do Projecto do Parque Agrícola de Loulé. À noite decorrerá a primeira saída de campo para observação de animais noctívagos.
O dia 5 de Junho, coincide com o Dia Mundial do Ambiente e por isso será repleto de actividades de natureza, na zona sul da Ribeira do Cadoiço. Durante o dia haverá oportunidade para um passeio com vista à observação e identificação de aves e da flora local.
Na última década, o município de Loulé tem vindo a realizar obras de requalificação na zona da Ribeira e foi neste contexto que se criou o evento “Cadoiço em Festa”, com o objectivo de informar e sensibilizar a população, da cidade de Loulé, sobre a importância do local.
O evento conta com a parceria de várias entidades como a Agência Portuguesa do Ambiente, Águas do Algarve, Centro Ambiental de Loulé e da Pena, Geo Walks & Talks e a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve.
As inscrições são gratuitas mas obrigatórias e encontram-se disponíveis no formulário online.
A Ribeira que em tempos foi um local romântico, onde os jovens faziam serenatas e piqueniques
O seu nome Cadouço, do latim “catucciu-” derivado do latim “catīnu-”, significa cavidade dum rochedo, e ainda pego ou lago que pode servir de esconderijo para peixes. Nasce a nordeste da cidade, no sopé do monte da Cabeça Gorda, formando um pequeno curso de água que entra pela ponte das Romeirinhas.
Passa sob a cidade até ao sul onde sai numa queda de água, onde também se pode encontrar a Fonte do Cadoiço. Perto desta fonte, formava-se antigamente um pequeno lago com peixes, cavado na rocha, que talvez tenha contribuído para a atribuição do seu nome, e vários pegos surgiam mais a sul.
Durante muito tempo este curso de água foi considerado um local romântico, onde os jovens faziam serenatas e piqueniques, sendo também utilizado para lavar a roupa, e fornecendo ainda a água indispensável para a rega e para moer toneladas de trigo nas azenhas. A importância da ribeira e dos seus afluentes é de tal ordem que foi um dos factores mais importantes para a localização da actual cidade de Loulé.
Foi no início do século XX que a então vila de Loulé, no seu movimento de expansão para nascente, encarou pela primeira vez a Ribeira do Cadoiço como um problema, já que ocupava precisamente o local onde se queria construir uma avenida (agora a Avenida José da Costa Mealha). Talvez tenha sido este o ponto de viragem em que os louletanos começaram gradualmente a distanciar-se da Ribeira do Cadoiço, levando ao actual desconhecimento da sua existência.
(com Ricardo Claro)