O escritor vila-realense José Estêvão Cruz anunciou este sábado, dia 29 de Outubro, na Biblioteca Municipal Vicente Campinas, em Vila Real de Santo António, a conclusão da revisão do seu novo romance intitulado “Águas Vivas de Levante”. A data de publicação “será agendada em breve”, afirmou o autor.
O ex bancário apresentou ainda um excerto da obra que sugere uma trama passada em Monte Gordo. “Corria o ano de 1711. António Gomes, pescador dos mares de Monte Gordo, como tantas outras vezes fazia, lançou a arte às ondas de pequena altura.
Cirros escamavam o céu como se um enorme peixe se estendesse por toda a abóbada, a perder de vista lá para sul, no horizonte brumoso.
As águas, tépidas naquele Outono, davam uma ajuda a tornar menos penoso o esforço do trabalho numa pequena porção do extenso areal, aos que equilibravam a rede, enquanto a arte da levada cercava, arrastada da orla da maré para o mais longe que a altura humana consentia, até a água chegar ao pescoço de quem a sujeitava, no copo.
Era a primeira das muitas vezes, a repetir dia fora. Dois outros ajudantes flectiram para terra com os cabos da rede nas mãos. Quando a rede inferior fechou na praia, alaram todos com vigor, o sol matinal por levante a iluminar-lhes a esperança nos rostos sofridos. (…) “
José Estevão Cruz nasceu em Vila Real de Santo António, em 20 de Julho de 1947. Exerceu a profissão de bancário e conta com uma vasta experiência no jornalismo. Foi director do Jornal do Algarve e cronista político regular do POSTAL, há cerca de 20 anos. Correspondente da Agência ANOP (Lusa), do Semanário o Jornal, do Diário e do Público. Nas rádios colaborou com a RDP/Rádio Algarve, Antena 5, Antena 3, em Espanha, e Rádio Guadiana. Actualmente, é vereador na Câmara de Vila Real de Santo António.
No campo literário, em 1996, publicou o seu primeiro romance, “Sol e Sal”, em 1999 o livro de poemas “Neurónios Flutuantes”, em 2013 novo livro de poemas “Brumas de Barra” e em 2014 o livro de contos “Marés Travessas”. Igualmente, escreveu uma alegoria ao 25 de Abril, para teatro infantil, “A Flor e a Arma Flor” representada em 1 de Junho de 1975, com encenação de Aurélio Madeira e publicada no Jornal do Baixo Guadiana.