A DC Comics anunciou, esta segunda-feira, que o novo Super-Homem será bissexual e terá um relacionamento homossexual. A história irá integrar o quinto livro da série “Super-Homem: Filho de Kal-El”, onde o protagonista é Jon Kent, o filho de Clark Kent. A empresa pretende tornar a personagem mais inclusiva para os leitores da comunidade LGBTI.
Segundo a empresa, o relacionamento amoroso vai acontecer entre Jon e Jay Nakamura – um jovem jornalista de cabelo rosa e óculos. O super-herói irá passar por um “esgotamento mental e físico por tentar salvar toda a gente que consegue” e é no amigo que irá encontrar conforto.
O enredo é ainda segredo, mas a DC Comics já lançou imagens em que as duas personagens partilham um beijo apaixonado. O lançamento do quinto livro da série de banda desenhada está previsto para novembro.
Além da sexualidade, Jon será um super-herói que luta contra os problemas da atualidade. Em histórias já publicadas, o filho de Clark Kent enfrentou fogos florestais causados pelas alterações climáticas, evitou tiroteios em escolas e participou em manifestações contra a deportação de refugiados.
Tom Taylor, escritor da nova série de banda desenhada, defende que o “Super-homem deve ser atual”. “Iríamos perder uma oportunidade se substituíssemos o Clark Kent por outro salvador heterossexual branco”, afirma em entrevista à BBC.
A ideia já estava a ser ponderada pela DC Comics e rapidamente se tornou real. Taylor destaca a “verdadeira mudança” que se tem visto no mundo da banda desenhada nos últimos anos e recusa a ideia que os super-heróis não devem ser políticos.
“Há sempre pessoas que utilizam a velha frase ‘não tragam a política para a banda desenhada’ – esquecendo-se que todos as histórias têm sido políticas de alguma forma”, sublinha. “Tentamos trazer as pessoas connosco, mas escrevemos para que as pessoas possam ver este Super-Homem e dizer: ‘Este super-homem é como eu. Este Super-homem vai lutar por algo que me diz respeito.’”
A decisão de tornar o filho de Clark Kent bissexual não está a ser a kryptonite da DC Comics, muito pelo contrário. Tirando alguns “trolls” nas redes sociais, a opinião tem sido maioritariamente positiva.
“Temos tido pessoas que leram a notícia hoje [segunda-feira] e desfizeram-se em lágrimas – pessoas que dizem nunca ter pensado na sua vida que iram poder ver-se representadas no Super-Homem… Literalmente, os mais poderoso dos super-heróis das bandas desenhadas”, conta Taylor.
Tanto a DC Comics como a concorrente Marvel têm apostado em criar heróis mais inclusivos. Em março deste anos, a Marvel anunciou que iria lançar o primeiro Capitão América homossexual: Aaron Fischer é um adolescente que se dedica a proteger os marginalizados pela sociedade.
O primeiro herói gay apareceu na década de 90, numa altura em que as bandas desenhadas com conteúdos LGBTI+ eram rotuladas como “só para adultos”. Em 1992, Northstar – que em português é apresentado como Estrela Polar – assumiu pela primeira vez a homossexualidade. O momento só chegou 10 anos de o herói canadiano que integra a Alfa Fight ter sido criado. No entanto, John Byrne, criador da personagem, admite que o plano inicial sempre foi que Northstar fosse gay.
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