O procedimento de classificação dos Banhos Islâmicos de Loulé como monumento nacional foi esta terça-feira aberto, segundo uma publicação em Diário da República, que a câmara considerou como “muito importante” para a proteção de um património “único” no país.
Dália Paulo, diretora municipal de Cultura da Câmara de Loulé, congratulou-se por o pedido de classificação feito pela autarquia em maio ter obtido uma resposta célere por parte da Direção-Geral do Património Cultural, depois de o diretor-geral, João Carlos dos Santos, ter aprovado o procedimento de abertura a 25 de outubro e de este ter sido hoje publicado no diário oficial do Estado português.
“O objetivo [do pedido de classificação] é conceder ainda mais valor [aos Banhos Islâmicos], pese embora possa ser um valor simbólico ou a maior parte das pessoas considere ser um valor simbólico. Mas é muito importante, porque estamos a classificar, ou a propor a classificação, como monumento nacional – que é a categoria mais elevada no âmbito da classificação do património cultura – e isso é verdadeiramente diferenciador do património”, afirmou a diretora municipal.
Dália Paulo destacou à agência Lusa a importância deste conjunto para o concelho de Loulé, a região do Algarve e até para o país, por serem, neste momento, “os únicos banhos islâmicos conhecidos em território português e aqueles que têm, ao nível da sua planta, uma das mais completas da Península Ibérica”.
“Às vezes se estendem-se um pouco mais ou um pouco menos, dependendo de como decorre o processo de auscultação pública e depois a fase de análise ao nível interno, mas o que diz a lei é um ano”, respondeu Dália Paulo, ao ser questionada sobre o tempo que a classificação pode demorar a ser aprovada.
A abertura do procedimento tem também a vantagem de trazer já uma classificação para o complexo, realçou a diretora municipal, argumentando que a “legislação é clara nesse sentido” e, “quando sai o anúncio de abertura do procedimento, o imóvel fica com o mesmo grau de proteção daqueles que já estão classificados”.
Sobre o processo de musealização dos Banhos Islâmicos de Loulé, anunciado em meados de 2019 e com um prazo de execução de dois anos e meio, Dália Paulo assegurou que “não atrasou, a obra não parou um dia, e mesmo em plena pandemia [de covid-19] continuou”.
“Nós neste momento estamos, no que à obra de arquitetura diz respeito, numa fase muito, muito adiantada e estamos já a trabalhar também para preparar os conteúdos museológicos e a história que vamos contar através daquele lugar, porque falamos sempre dos banhos islâmicos, mas aquilo é um complexo que tem também a Casa dos Barreto e conta-nos duas histórias”, afirmou.
A abertura do espaço ao público já está, por isso, a ser preparada e a Câmara e Loulé conta fazê-la “no dia mundial dos museus e sítios em 2022, que é a 18 de abril”, estimou a diretora municipal.
Dália Paulo referiu ainda que este será o “início” de um projeto “denominado Quarteirão Cultural”, que vai depois ser a “âncora do futuro aspirante Geoparque Algarvensis Loulé-Silves-Albufeira” e ter “um laboratório de paleontologia”, além de integrar “a reformulação do museu municipal” para “contar a história do território”, algo que Dália Paulo disse ser “inédito ao nível da história que se conta nos museus algarvios”.
“Vai ser um complexo cultural que vai ser um âncora do território e muito importante para a candidatura do geoparque mundial que os três municípios estão a preparar” para apresentar à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, sublinhou.
Para Dália Paulo, este será um “primeiro passo para atrair cada vez mais pessoas ao concelho de Loulé e à região do Algarve, porque estes banhos não se confinam a um limite administrativo do concelho, mas são impactantes para toda a região e até para o país pela sua importância histórica”.