Em Portugal, o património de castelos medievais é vasto e fascinante, com histórias que remontam a tempos antigos da nossa história. Um castelo profundamente intrigante, começando pelo nome, é este do qual lhe falaremos em seguida, também conhecido como Castelo de Ródão. Situado numa escarpa sobre o rio Tejo, nas proximidades das Portas de Ródão, este monumento oferece uma janela para a história rica e multifacetada da região, como avança a VERSA.
Acredita-se que a construção do Castelo do Rei Wamba, nome intrigante pelo qual é conhecido, tenha começado durante a ocupação muçulmana. Este castelo está intimamente ligado à doação da região da Açafa, na Beira Baixa, pelo rei D. Sancho I à Ordem do Templo em 1199, embora as suas origens possam ser ainda mais antigas. A tradição oral atribui a construção ao rei visigodo Wamba, enriquecendo ainda mais o seu valor histórico e cultural.
Originalmente erguido com fins militares, o castelo funcionava como uma torre de vigia complexa, cuja principal função durante a Reconquista Cristã era proteger a linha fronteiriça do Tejo contra incursões muçulmanas provenientes do sul. Nos séculos XVIII e XIX, a estrutura foi utilizada como base de artilharia para impedir a travessia do Tejo e a entrada no Alentejo, especialmente durante a Guerra dos Sete Anos e a primeira invasão francesa em 1807.
Hoje, o Castelo do Rei Wamba é um monumento classificado, fruto de várias reconstruções ao longo dos séculos, com a mais recente ordenada pelo Marquês de Alorna no início do século XIX. Em 2007, devido ao estado de conservação preocupante, o castelo foi sujeito a obras de recuperação, garantindo a sua preservação para as futuras gerações.
A também intrigante lenda associada a este castelo enriquece ainda mais a sua história. Conta-se que o rei Wamba, um monarca visigodo ou suevo, construiu o castelo onde vivia com a família. “Por força das andanças de caça e guerra ficava a rainha encarregue do governo, o que a levou, em determinada altura, a falar com o rei mouro que governava na outra margem.”, lê-se no site da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão.
“Namoravam sentados em cadeiras de pedra, situadas numa e noutra margem das Portas. O namoro foi prolongado, como prolongada seria a ausência do rei, até que a rainha, de amores perdida, resolveu abandonar o seu rei e castelo e acolher-se à capital do rei mouro. O rei Wamba conhecedor destes amores, que uniam as margens do grande rio, mas furioso pelo desconchavo, muito prudentemente urdiu o estratagema necessário ao resgate da sua rainha. De combinação com os seus guerreiros e filhos, por caminhos ínvios, de forma a não ser detetado pelos espias do rei mouro, dirigiu-se para a sua capital, em cujas proximidades se esconderam, com a prévia combinação que ao seu toque de trombeta lhe acudissem.”
“Disfarçado de peregrino, entrou no castelo do rei mouro, pedindo esmola, chegando a falar com a rainha sua mulher. Esta, ao reconhecê-lo, fingiu ser prisioneira e escondeu-o no próprio quarto, avisando o rei mouro do mesmo. O rei Wamba, feito prisioneiro, pediu à generosidade de seu inimigo que lhe concedesse tocar pela última vez a sua corna. Tocou, tanto tocou, que os companheiros, já de atalaia, lhe acudiram, derrotaram o exército e trouxeram a rainha para o castelo de Ródão”, explica a lenda associada a este castelo.
O Castelo do Rei Wamba não é apenas um testemunho da arquitetura militar medieval, mas também um símbolo de histórias e lendas que atravessam séculos, consolidando-se como um ponto de interesse histórico e cultural imperdível para quem visita a região.
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