A cidade de Faro recebe a partir desta sexta-feira a 6ª Edição do Festival Spoken Word – Calceteiros de Letras, que durante três dias vai apresentar espetáculos de palavra dita, poesia e performance, numa abordagem contemporânea, que funde a arte da palavra com dança, música, teatro e vídeo.
O público também é convidado a partilhar textos e poemas em serões de “microfone aberto”, em que o único limite é a vontade de participar.
Na sexta-feira, pelas 21:45, o festival abre com uma viagem pela poesia de alguns dos melhores poetas de sempre, com interpretação de Vítor Correia, acompanhado pela guitarra de Pedro Antunes.
Seguem-se os “Bocados Brutais”, com Fernando Évora, Isabel Silveira, José Granja e Emanuel Cortes. Um grupo (espécie de banda, como gostam de dizer) que se formou em abril de 2018. Desde então têm dado alguns espetáculos (não muitos, pois há mais poetas que amantes de poesia). Vivem todos em São Teotónio, concelho de Odemira.
Segundo os próprios, dizem poesia unplugged, embora usem microfones quando tal se torna necessário. Têm várias coleções de poemas, como o espetáculo “Pecados bocais” ou o “Nazi no Anzol”, além de cromos soltos, mas (quase) sempre com o pecado presente. São algumas dessas peças de coleção que nos trarão ao Festival Spoken Word Calceteiros de Letras.
No sábado, pelas 15:30, terá lugar o Workshop “Oficina de Palavras”, com Pedro Lamares. Uma formação de leitura em voz, trabalha sobre a ideia de repensar a oralidade do poema como comunicação. O objetivo é tirar o que está a mais, esculpir a palavra, construir a imagem e servi-la ao ouvinte.
A oficina destina-se a quem se quer entregar à poesia sem medos… nem preconceitos, para quem quer fazer “explodir” a alma, para quem quiser fazer sorrir a vida em letra de forma
A inscrição custa 15 euros e é feita através do email: [email protected].
Mais tarde, pelas 21:00, o palco é de “Os Valentes”, Maze (Dealema) & Francesco Valente.
O músico e poeta urbano Maze, através da sua capacidade de exploração alquímica da palavra, desafiou o contrabaixista Francesco Valente para a criação de um projeto ao vivo que cruza a spoken word com o experimentalismo jazístico.
Cada palavra de cada texto de Maze aspira ser uma semente que depois de depositada na fértil terra dos nossos pensamentos e de passar pelo filtro do coração, nos permite sentir a vida com a abrangência da perspectiva de outrem que passa também a ser nossa. É a palavra usada como arma letal, contra a injustiça, a ignorância, o ódio, o preconceito, usada como arma de transcendência, de superação, de liberdade, de amor.
Um espectáculo que é também uma viagem sonora que combina a spoken word e a poesia urbana.
No domingo, a partir das 15:30, terá lugar o momento “Calceteiros de Letras”, com o envolvimento de coletivos ligados ao mundo das artes, escolas associações, poetas amadores, que em conjunto preparam performances à volta do imaginário da poesia
Seguem-se performances:
April Lee Fields e João Caiano
Artista internacional de spoken word, autora e cantora xamânica April Lee Fields vai ao palco com João Caiano músico em versão Looper.
Contra um instrumental cheio de alma. April levemente transforma a calma da palavra escrita em vida, emergindo quem a ouve na antiga arte da história & música.
Catarina Costa
“Um dia normal | Ele | Ela | À Capela”
Poesia e Dança
Ana “Simon” Simão”
“Neurodiversidade feminina”
Eurídice Coelho – Piano
Projeto INCORPORA
“Horóscopo de Mulheres”
Performance de poesia e dança, inspirada no poema “Horóscopo de mulher” de Fernando Pessoa. Através da dança e da palavra os intérpretes percorrem o poema dando- lhe variados significados.
Alunos da Escola Tomás Cabreira
“Pesadelos”
Performance pelos alunos do curso de intérprete de ator/atriz da Escola Tomás Cabreira 1º e 3º anos.
Este final de tarde culmina com a entrega do prémio Calceteiros de Letras (o vencedor será divulgado no próprio dia), que distingue um artista ou entidade que ao longo dos anos tenha contribuído para a difusão da palavra e da poesia de forma criativa e original.
O prémio é criação do artista plástico João Frank, que é ainda o autor de vídeo mapping que vai ser exibido na abertura de cada uma das sessões do Festival.
O Festival Spoken Word – Calceteiros de Letras encerra com o espétaculo de Pedro Lamares “A Forma Justa”, que se inicia às 21:30.
A reserva de bilhetes é feita através do email: [email protected]. As entradas para sexta e sábado custam cinco euros e para domingo oito euros.
Durante os espetáculos, estará em exibição no Gimnásio Clube de Faro a exposição: “A Palavra está farta de Ser palavra”
O corpo de trabalho apresenta-se como uma pequena colectânea de obras em diversos suportes de media sempre com o foco de exaltar a palavra fora do seu meio burguês “que se indica como a forma correcta de apontar um objecto-ação”.
Nestes trabalhos explora-se a plasticidade da palavra como objecto e a sua evocação tridimensional no espaço.