O livro “Sardinha – O sem fim da pesca do cerco”, um documento único sobre a pesca da sardinha em Portugal da autoria de Hélder Luís, foi apresentado no Museu de Portimão, no passado sábado, numa organização da Confraria Gastronómica da Sardinha de Portimão.
O presidente da CCDR Algarve, José Apolinário, abriu a sessão lembrando a “sardinha em todas as suas dimensões, seja nutricionalmente, a sua versatilidade gastronómica e, claro, a relação com as nossas tradições culturais”.
O ex-secretário de Estado das Pescas e profundo conhecedor da pesca da sardinha, caracterizou a Política Comum de Pesca e o contexto português no sector das pescas, em especial na arte do cerco, expondo as mudanças a que Portugal se sujeitou com a sua integração na União Europeia.
A aproximação, bem-sucedida em 1997, entre pescadores e cientistas, quando houve necessidade de pôr em prática um plano de ação para o recurso sardinha, que permitiu “a recuperação dos recursos de sardinha que assegure a sustentabilidade, tendo em conta a importância socioeconómica desta pesca emblemática e tradicional para as frotas pesqueiras portuguesa”.
Hélder Luís explicou que percorreu o mar português a bordo de várias embarcações, a partir de quase todos os portos de pesca do país, acompanhando a vida no mar de muitas tripulações.
O escritor fez “uma viagem sem guião, que coloca em evidência a dimensão nacional da pesca da sardinha, a pesca das pescas do mar português, mas também uma saga humana pouco mais do que invisível, a não ser quando há notícia de naufrágios ou quando se reabrem os debates sobre a escassez do recurso”.
O autor de “Sardinha, o sem fim da pesca do cerco”, apresentou a sardinha, como “o petróleo das águas portuguesas”.
Esse peixe, outrora associado às mesas mais pobres, entretanto, elevado a símbolo nacional, presença forte tanto nas festas populares como na indústria conserveira, muito representado também nas lojas de lembranças para turistas.
Hélder Luís resumiu as mais de 300 páginas de um livro, onde cabem dados tão curiosos como o custo de uma rede do cerco (perto de 100 mil euros; e cada barco tem, no mínimo, duas), os diferentes modos de funcionamento dos portos, ao longo da costa (enquanto em alguns pesca-se de noite, noutros de dia).
O encerramento deste primeiro evento, incluído no programa oficial das comemorações do 25 de Abril no concelho de Portimão, coube à presidente da autarquia e presidente da Comissão de Recursos Naturais (NAT), do Comité das Regiões, Isilda Gomes que agradeceu à Confraria Gastronómica da Sardinha de Portimão, por mais esta iniciativa.
A autarca de Portimão reforçou a aposta no Festival da Sardinha nos próximos anos “que em 2023 vai decorrer entre os dias 1 e 5 de agosto”. Terminou sublinhando a importância da sardinha no passado, presente e futuro do concelho que preside.