O Auditório da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás tornou-se demasiado pequeno para receber a escritora algarvia uma inspiração para os estudantes brasileiros e “uma inspiração para todas as mulheres”.
“Lídia Jorge é uma força e inspiração para todas as mulheres que amam literatura”, conta à Lusa Karla Souza, uma estudante da universidade, empunhando na mão, para ser assinado, o mais recente livro da autora portuguesa, “Misericórdia”, escrito quando a mãe, internada numa instituição para idosos, no Algarve, várias vezes lhe pediu que escrevesse um livro com este título.
Foram dezenas de estudantes e docentes que esperaram por um momento ‘a sós’ com Lídia Jorge, após a criação na terça-feira de uma cátedra em homenagem à escritora portuguesa na Universidade Federal de Goiás, a primeira cátedra da rede Camões no Brasil a homenagear uma escritora.
“Eu mereço isto tudo?”, questionou-se assim, em tom de brincadeira, ao embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, no auditório da universidade, que se tornou demasiado pequeno para quantidade de gente que a queria ver, ouvir e homenagear.
“Estamos muito felizes porque podemos aqui celebrar com a Lídia Jorge, uma cátedra, mais uma cátedra no Brasil, a nona”, destacou à Lusa, a presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Ana Paula Fernandes, à margem do evento em Goiânia, capital de Goiás, estado vizinho da capital brasileira, Brasília.
Ana Paula Fernandes sublinhou ainda o facto de esta cátedra chegar num momento “também muito especial para Portugal, sendo o ano de celebração dos 50 anos do 25 de Abril”, que tem como nome uma escritora “que enaltece bastante na sua história essa dimensão da democracia dos valores humanos”.
Também à margem da palestra, o secretário do Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André, afirmou à Lusa que esta homenagem, é “um grande justiça” para com “uma das maiores figuras da cultura portuguesa, uma escritora impar no panorama literário português que é a Lídia Jorge”.
“Será difícil encontrar alguém no panorama literário português, que consiga transmitir tão bem as mudanças que ocorreram em Portugal nos últimos 50 anos”, destacou o secretário de Estado português, sublinhando ainda a abertura de mais uma cátedra no Brasil, num resultado de uma promoção conjunta da língua portuguesa, “uma língua portuguesa que não é uma língua de Portugal, é língua de todos aqueles que se exprimem em português”.
A estadia de Lídia Jorge continua esta quarta-feira no Brasil, agora na capital, Brasília, onde participará na conferência conferência “O feminismo é um humanismo” no Instituto de Letras da universidade de Brasília (UnB), numa ação conjunta da Cátedra Agostinho da Silva e da Lídia Jorge (UFG), a mais recente integrante da rede de Cátedras Camões.
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