Sondagens que seriam só de suporte a um projeto de conservação da muralha de Conímbriga acabaram por revelar algumas surpresas, como parte de um muro que se supunha existir antes da ocupação romana e enterramentos infantis, uma raridade.
As quatro escavações junto à muralha romana que delimita Conímbriga, no concelho de Condeixa-a-Nova, avançaram no início de março, cumprindo um desígnio muito específico – diagnóstico de locais onde se pretendia executar poços de drenagem numa empreitada de estabilização daquele património.
Os locais escolhidos até já tinham sido parcialmente sondados no passado, mas em Conímbriga, onde apenas 17% de toda a sua área se encontra escavada, a margem para a surpresa acaba por ser sempre grande.
“Quando fizemos a primeira visita, vi que não iria ser uma coisa tão linear como estaríamos a pensar. E a verdade é que não foi”, contou à agência Lusa João Perpétuo, arqueólogo da empresa responsável pela execução das sondagens.
Num dos locais, os arqueólogos encontraram uma parte de uma muralha da Idade do Ferro, prévia à ocupação romana de Conímbriga, confirmando aquilo que já se supunha existir, mas que nunca tinha sido encontrado, notou Virgílio Correia, arqueólogo do Museu de Conímbriga que dirigiu as escavações, juntamente com o diretor do espaço, Vítor Dias.
O diretor do Museu de Conímbriga olha para as escavações e comenta: “Isto está melhor do que a encomenda”.
Vítor Dias confessou que há 15 dias “não tinha expectativas tão altas”.
“Não tínhamos prova da muralha, mas acreditávamos que existia”, acrescentou Virgílio Correia.
Mas para o arqueólogo a “grande surpresa” centra-se nos seis enterramentos infantis encontrados, da altura da ocupação romana, “muito raros em todo o Império”.
“Haverá duas ou três dezenas” de enterramentos infantis identificados em toda a zona de influência do Império Romano, sublinhou.
Em Conímbriga, foram encontrados restos mortais de quatro bebés num dos locais de sondagens e outros dois noutro local de escavação.
“Os enterramentos infantis são sempre uma surpresa, porque a prática de enterramentos infantis, para os romanos, é uma coisa muito complexa. Do ponto de vista jurídico, uma criança não era uma pessoa e, então, há todo o tipo de práticas estranhas. Havia muitas que eram deitadas para um monte de entulho. Não estava nada à espera”, contextualizou Virgílio Correia.
As crianças deverão ter entre semanas a menos de um ano de idade e, face ao local onde foram encontradas, acredita-se que poderão ter sido enterradas quando aquela zona era uma espécie de estaleiro de obra, quando se avançava para a construção da muralha romana junto ao anfiteatro, que seria demolido.
“Relativamente aos poucos enterramentos infantis que se conhecem no mundo romano, conhecem-se em situações estranhas, como crianças enterradas nos jardins de casas de Pompeia, ou entre entulhos de material que se estragava de um centro de produção de cerâmicas no sul de França”, avançou Virgílio Correia.
No caso de Conímbriga, as crianças não estavam misturadas com entulho, mas terão sido enterradas com “poucos cuidados”.
“Nota-se que os enterramentos estavam em fossa simples — um covacho aberto na terra e a criança ali foi depositada, eventualmente embrulhada num pequeno pano, que não apareceu qualquer espólio associado ao enterramento”, acrescentou João Perpétuo.
Outra descoberta que entusiasmou a equipa é um pequeno tinteiro do tempo da ocupação romana que serviria para molhar a pena com que se escrevia.
“É uma coisa excecional, que aqui parece que se perde algures e vai dar ao entulho do anfiteatro”, constatou Virgílio Correia, antevendo que a peça possa acabar exposta no museu.
As sondagens foram feitas junto à muralha romana, na zona que faria fronteira com o anfiteatro, que foi demolido para dar lugar àquela estrutura defensiva.
Nas quatro escavações, encontram-se vestígios do século III ou IV antes de Cristo até à época medieval (séculos IX ou X depois de Cristo).
Até o carvão e sementes carbonizadas encontradas serão posteriormente estudados.
Nada se desperdiça, notou Vítor Dias, referindo que esses elementos poderão ajudar a identificar a dieta em diferentes momentos da ocupação de Conímbriga, bem como a fauna e flora do local e as suas mudanças ao longo dos tempos.
Há vinte ou trinta anos, ninguém ligaria ao carvão encontrado e hoje haverá certamente elementos que não são recolhidos pela equipa por ainda não haver tecnologias que lhes chamem a atenção para os mesmos.
A evolução das técnicas associadas ao estudo dos vestígios arqueológicos torna ainda mais importante o facto de haver uma reserva arqueológica em Conímbriga, um espaço à espera que o futuro e outros olhares possam desvendar um pouco mais a história do local, com recurso a outros equipamentos que ainda estarão por inventar, aclarou Vítor Dias.
“É como uma biblioteca em casa, com muitos livros, e alguém pergunta se já li todos. Não li, mas estão lá para consultar. É a mesma coisa com esta reserva”, frisa Virgílio Correia.
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